Declaração de interesses: é uma das minhas frustrações profissionais, nunca ter conseguido planificar a concretização do Plano Nacional para a Promoção da Acessibilidade no metropolitano de Lisboa, nunca ter conseguido da parte da alta direção da empresa a formalização e o apoio a uma equipa pluridisciplinar com meios e prazos bem definidos.
No fim deste texto encontram-se ligações para alguns comentários neste blogue ao longo dos anos, mas analiso seguidamente a situação das principais estações em que é chocante o incumprimento da lei (DL 125/2017) , a desadaptação à acessibilidade das pessoas com mobilidade reduzida e inexistência de instalações sanitárias próprias, e a invisibilidade das equipas de diagnóstico e de projeto de soluções (sem os quais não poderá haver financiamento comunitário) .
Era a vontade de corrigir estas omissões que se desejaria ver nos orgãos decisórios, em vez de sistematicamente se defenderem com os custos da manutenção, com a evocação das realizações conseguidas, como a estação Cidade Universitária, ou com a disponibilização no site do metro do estado dos elevadores.
Para cumprimento da lei deveria constituir-se uma equipa pluridisciplinar com capacidade orgânica de programar o seu trabalho e com recursos internos e externos para o fazer, colaborando com as associações do setor e elaborando o plano integrado e os projetos da adaptação das estações à acessibilidade a serem presentes às candidaturas de fundos europeus.
Na procura de soluções nas estações de metropolitano e de caminho de ferro seria desejável ter-se a preocupação de, quando possível, construir rampas de acesso para cadeiras de rodas em substituição ou complemento de elevadores, considerando a baixa fiabilidade destes.
Estação Entrecampos
Embora já tenha sido reposto o funcionamento do elevador superfície-átrio de bilheteiras após a avsaria decorrente das inundações de janeiro 2023, considerando a baixa fiabilidade dos elevadores seria desejável a sua complementaridade por rampas superfície-átrio de bilheteiras assinaladas na figura:
4 - idem, no lado nascente (facultativo; constituiria uma travessia subterrànea da Av.República) 5 - elevadores da IP a rampa com o nº3 está no local origem da inundação da casa das máquinas e propõe-se agora para substituir o elevador superfície-átrio zona não paga |
Estação Jardim Zoológico
Encontrando-se esta estação num interface com o sistema rodoviário com um elevador de acesso à rua e com a estação ferroviária de Sete Rios com elevadores de acesso ao nível da rua e ao nível das lojas do metro, não parece haver justificação para a inexistência de ligação ao metro por meios mecânicos ou através de rampas.
Apresentam-se duas soluções, uma com recurso a elevadores, e outra, exigindo obras de custos mais elevados, com recurso a rampas.
Hipótese 1 - 2 elevadores cais-átrio zona paga e acesso a partir da superfície por rampa
zona nascente dos cais da estação Sete Rios da IP para a hipótese de ligação por rampas em dois lanços à superfície mediante túneis de atravessamento das vias
Estação Campo Grande
Lamentando-se a pouca informação sobre o plano de instalação de elevadores na estação Campo Grande, ao que parece na fase de contratação de um gabinete exterior ao metro para elaborar o respetivo projeto, independentemente da obra dos novos viadutos, apresentam-se duas hipóteses, uma com elevadores e outra com recurso a rampas. (correção posterior: entretanto adjudicada a obra de adaptação da estação Campo Grande à instalação de elevadores, juntamente com a substituição de escadas rolantes, ver https://fcsseratostenes.blogspot.com/2023/08/escadas-mecanicas-e-elevadores-do-metro.html )
Hipótese 1 - um elevador da superfície para o átrio de bilheteiras (zona não paga) e 3 elevadores da zona paga do átrio para cada um dos cais
viabilidade da instalação do elevador átrio de bilheteiras zona paga-cais lateral |
viabilidade da instalação do elevador átrio de bilheteiras zona paga-cais lateral |
Hipótese 2 - substituição de todos os elevadores por rampas
O investimento nas rampas e nas remodelações do interior da sala técnica é compensado pela economia na aquisição e manutenção dos elevadores e pela valorização da disponibilidade dos acessos |
Estação Baixa Chiado
Para além dos atrasos na reposição do funcionamento das escadas mecânicas de acesso ao largo do Chiado, é altamente criticável ter-se deixado a ligação à rua do Crucifixo a uma plataforma elevatória de utilização nada atrativa. Foi há alguns anos decidido pela alta direção da empresa vender o imóvel da rua Ivens previsto no projeto original para um poço de elevadores de ligação da superfície ao nível do átrio de bilheteiras, na zona já paga . A venda efetuou-se para apartamentos de alojamento local e não foi aprovada nenhuma alternativa.
Reapresento aqui as alternativas sugeridas em 2014 e que poderiam beneficiar de fundos comunitários desde que o projeto fosse elaborado e integrado na candidatura aos fundos (no momento presente, poderia ser o PRR):
esplanada na rua Capelo |
Estação Praça de Espanha
Lamenta-se neste caso a perda de oportunidade de evitar o elevador de superfície com substituição por rampas (mais uma vez se recorda a necessidade de instalação de câmaras de videovigilância e a maior penalização por assalto). Entretanto aguarda-se a conclusão da instalação dos elevadores, a qual parecia estar integrada nas obras de transformação da praça
Estação Alto dos Moinhos
Trata-se de uma prioridade dada a proximidade de um hospital. Em princípio, o elevador de superfície poderá ser dispensado mediante a destruição parcial da escada do lado sul nascente para criação de uma rampa que também servisse a entrada do hospital (ver figuras).
Restantes estações não equipadas
As restantes estações por equipar Martim Moniz, Intendente, Anjos, Campo Pequeno, Picoas, Laranjeiras, Praça de Espanha, Parque, Avenida) não têm um grau de prioridade equivalente ao das anteriores estações, mas seria desejável, para cumprimento da lei 125/2017, aliás transposição de uma diretiva europeia, que a também desejável equipa pluridisciplinar no metro dedicada à promoção da acessibilidade das pessoas com mobilidade reduzida fosse produzindo o plano de instalação de elevadores, rampas e instalações sanitárias da lei.
Anteriores comentários neste blogue
- soluções com elevadores ou com rampas nas estações Entrecampos (entretanto equipada com elevadores), Jardim Zoológico, Campo Grande (consta ter sido adjudicado a uma entidades exterior ao metro o projeto de instalação de elevadores fora do contrato dos novos viadutos); outras estações prioritárias Alto dos Moinhos e Baixa Chiado:
http://fcsseratostenes.blogspot.com/2020/06/considerando-que-os-mapas-de-despesa-do.html
- possíveis soluções para adaptação da estação Baixa Chiado:
- o incumprimento da lei
- sugestão para a Praça de Espanha (em 2020):
- excerto do livro “Nós, os velhos do metropolitano” https://issuu.com/sitiodolivro/docs/nos_os_velhos_do_metropolitano_prev
3 de dezembro, dia internacional das pessoas com deficiência, terça-feira, 3 de dezembro de 2013
DEFICIENTE É AONDE NEM TODOS PODEM IR, PORQUE TODOS DIFERENTES,
TODOS IGUAIS foto Alvaro Isidoro/Global Imagens no DN |
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Como antigo funcionário do metropolitano de Lisboa, lamento não ter conseguido
vencer a resistência de sucessivos conselhos de administração que se opuseram
de forma mais ou menos velada ao investimento na superação das barreiras
arquitetónicas, com o argumento "caridoso" de que as pessoas
com deficiência corriam maiores riscos em caso de acidente.
Falhei também na minha luta contra as burocracias e descoordenações internas
que impediram a conclusão dos projetos de alteração das estações, o simples
lançamento de concursos para esse efeito ou a submissão de candidaturas a
fundos QREN (o que permitiria contestar a velha cassete de que "não há
dinheiro").
A interrupção das obras de adaptação das estações Colégio Militar e Baixa para
garantir a acessibilidade e instalações sanitárias para pessoas com deficiência
é o melhor exemplo da falta de financiamento através de fundos europeus.
Penso por isso que, em situação de emergência, deveriam ser reelaborados os
projetos das principais estações que ainda não dispõem de elevadores ou
outros meios de acesso à superfície, as de correspondência, Campo Grande,
Entrecampos, Jardim Zoológico , Colégio Militar, Baixa-Chiado, elaborado o
projeto de um sistema de informação aos interessados sobre o estado de
funcionamento dos meios de acesso e submissão das respetivas candidaturas a
fundos QREN (agora Quadro Europeu 2014-2020).
Fazer isso é o mínimo se lermos a carta compromisso com o cliente afixada em
todas estações e no portal na net do metro : "... está a ser desenvolvido
um programa gradual de implementação de acessibilidades nas estações ainda não
preparadas para o efeito"
Com a rede Tram-Train/LRT/Tram a acessibilidade para todos é integralmente aproveitada e eficiente, além de ter mais cobertura territorial e permitir usufruir duma ergonomia ecológica do espaço público. É claro que com os mais de 30 mil milhões de euros investidos na rede Metro nos últimos 30 anos, já era tempo de compreender as vantagens duma rede LRT, bastando comparar com o que se passa em Stuttgart, uma cidade de 590 mil hab, de colinas e inserida numa Área Metropolitana de 2,6 milhões de habitantes. Também, poder-se-á comparar com o LRT do Porto embora, esta rede esteja últimamente a incorrer no erro de desnivelar e aumentar custos que eram desnecessários pois, como se sabe, com este custo/Km do Metro, constrói-se entre 10Km a 15Km de LRT.
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