domingo, 24 de março de 2013

Dificil, cumprir a lei - o PNPA



As duas primeiras fotografias mostram manifestantes em protesto contra a falta de apoios a pessoas com mobilidade reduzida (PMR) .
Esses apoios, em que se inclui a eliminação das barreiras arquitetónicas limitadoras da mobilidade destas pessoas, são objeto de diretivas europeias já transpostas para a legislação nacional e, como tal, elegíveis para beneficiar de fundos europeus (desde que os respetivos projetos de execução estejam bem elaborados).

desmontagem de estaleiro antes da instalação da vedação da paragem da obra

local do elevador de superficie


As duas fotografias seguintes são motivo de descontentamento e frustração.
A obra de instalação de elevadores na estação Colégio Militar foi interrompida na sequencia de um contencioso entre o metropolitano e o empreiteiro.
À superfície foi desmontado o estaleiro.
Já estava executada a abertura para a instalação do elevador de superfície e ligação ao átrio de bilheteiras.
No site do metro e nas informações aos passageiros nas estações pode ler-se que existe um plano de adaptação de todas as estações a pessoas com mobilidade reduzida:
“… para os clientes cuja mobilidade se encontra por algum modo reduzida, está a ser desenvolvido um programa gradual de implementação de acessibilidades nas estações ainda não preparadas para esse efeito”.
Com o devido respeito, o referido plano não está a ser desenvolvido, já foi desenvolvido (à exceção dos projetos de alteração das 6 estações de menor movimento) e nunca posto em prática por oposição surda de anteriores administrações do metropolitano.
Não quero diabolizar ninguém, apesar das orientações desses administradores serem as de responder às perguntas das entidades oficiais e da imprensa sobre o plano com listas de atividades em curso, ou que deveriam estar em curso; a opinião desses administradores opôs-se à diretiva comunitária, argumentando que ficava mais barato assegurar a mobilidade em pequenos autocarros e motoristas vocacionados para o apoio às pessoas PMR (de facto, a lista de todas as intervenções necessárias para o cumprimento do plano em 14 estações e nas 112 unidades triplas estava orçamentada em 40 milhões de euros; excluída a orçamentação, em rubrica separada,  de 6 estações da linha verde de que Alvalade e Roma, parcialmente, já dispõem entretanto de elevadores);  mas esquecendo que tomar essa decisão em nome dos interessados é limitar o direito dessas pessoas a escolherem o seu modo de transporte.

Sinto uma grande frustração por ter estado ligado a esse plano de 2004 a 2009 (o chamado Plano Nacional para a Promoção das Acessibilidades) e nunca ter conseguido formalizar o protocolo, com o INR - instituto nacional de reabilitação  (anteriormente SNRIPD – secretariado nacional para a reabilitação e integração de pessoas com deficiência) , do compromisso de realização desse plano, apesar da colaboração com instituições como a ACAPO e a APD,  e de ter deixado, com os meus colaboradores, os projetos prontos para concurso em várias estações.
Assisti, impotente, ao passar dos anos com sucessivas prorrogações dos prazos de conclusão das obras de adaptação das estações ao PNPA. Primeiro, conforme a transposição da diretiva europeia, até 2009.
Atualmente fala-se em 2020 e eu duvido. Infelizmente, receio que as minhas reservas se confirmem, porque não se vêem as equipas de projeto a trabalhar nisso, e os fundos comunitários exigem projetos bem elaborados. Estações de correspondência como Campo Grande, Jardim Zoológico, Colégio Militar, Entrecampos e Praça de Espanha sofrem da deficiência gravíssima de não estarem adaptadas às PMR, quanto aos acessos, aos percursos de correspondência e quanto às instalações sanitárias.
É impressionante como é fácil levantar obstáculos, ou simplesmente deixar que pela inércia inoperante se impeça a realização de uma obrigação legal, invocando dificuldades financeiras que poderiam ser levantadas com fundos comunitários. 

 





As duas ultimas fotografias são um sinal de esperança, ténue, mas ainda assim real. Está instalada no acesso da Rua do Crucifixo, da estação Baixa-Chiado, embora ainda não ensaiada, uma plataforma elevatória para utilização por pessoas com mobilidade reduzida.
Projetou-se a sua instalação por ser mais económica do que o projeto inicial de dois elevadores para a superfície na vertical do prédio comprado pelo metropolitano para o efeito em 1997, no numero 34 da Rua Ivens (estimativa na altura: 5 milhões de euros).
A desvantagem deste sistema é que exige a presença de pessoal da estação para a sua movimentação.
Ultimamente tem-se verificado uma melhoria na operacionalidade dos elevadores desta estação, de ligação do átrio de bilheteiras aos cais.
Ignoro se está prevista a conclusão da obra de instalação de WC adaptados a pessoas com mobilidade reduzida, cuja obrigação tambem faz parte da diretiva comunitária.

Dificil, cumprir a lei.
Espera-se que a ACAPO, a APD e todos os grupos ou pessoas defensores do direito de mobilidade insistam com o metropolitano para manter a operacionalidade da plataforma elevatória e convide os seus associados a requerer a sua utilização para que seja demonstrada a sua utilidade.
E que continuem a sua luta pelas acessibilidades nas estações do metropolitano, para que se tornem visíveis sinais de progresso sem comprometer os prazos acordados com o INR.
A existência daquelas instituições e das pessoas que em grupo ou individualmente, através da internet, da televisão pública, de intervenções da provedoria de Justiça se interessam pela mobilidade das PMR, é assim um motivo de esperança, pese embora a inércia que esconde e impede o progresso da execução do plano.

Dificil, cumprir a lei; ver:
- site da parceria da RTP2 com o INR http://www.rtp.pt/programa/tv/p23317     e  http://magazineconsigo.blogspot.pt/
- relatório da provedoria de Justiça de 2012 em que o metropolitano deu à provedoria prazos otimistas pelo irrealismo: 

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