sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Uma questão de transportes, a água parlamentar

Ignoro, talvez por incapacidade própria de interpretação das notícias, se a responsabilidade das contas que levaram o conselho de administração da Assembleia da Republica a decidir entre água engarrafada e água da torneira é do seu presidente, Eng.Couto dos Santos.
Consta que o senhor terá dito que há assuntos mais importantes para discutir.
Certamente que haverá, mas a forma como fez ou mandou fazer as contas indiciam um problema grave em Portugal, que é o de não fazer as contas a todos os gastos de transportes.
Dum lado contabilizaram os custos de pessoal para estar durante as reuniões das comissões pronto a encher os jarros com água da torneira. Do outro contabilizaram os gastos com as garrafas de água vulgares. E optaram pela água engarrafada.
Se foi assim, compreende-se o desabafo dodiretor do IST quando o eng.Couto dos Santos foi ministro da Educação: "Ah, sim, formou-se com 11".

Não será esta uma questão de lana caprina, é uma questão de transportes. Não foram contabilizados os custos do transporte da água engarrafada correspondentes ao combustível fóssil importado, à manutenção das rodovias e à emissão de gases com efeito de estufa (a comparar com o transporte em condutas da água da torneira ).

Quando se comparam custos do passageiro.km em transporte individual ou rodoviário com o transporte ferroviário, omitem-se normalmente os custos de manutenção das estradas e o diferencial desfavorável para o transporte rodoviário do consumo específico de energia e das emissões de CO2.

E depois tomam-se decisões em conformidade com essa omissão e continuamos a desperdiçar dinheiro por ineficiência energética nos trnsportes.
Difícil, explicar isto aos senhores governantes que decidem sobre transportes.

Difícil, também, explicar que qualquer deputado pode trazer uma garrafinha de água do café-bar e depois de a esvaziar, enchê-la na torneira da casa de banho mais perto da sua comissão parlamentar. Era o que eu fazia, guardadas as devidas distâncias  do prestígio das funções, quando trabalhava numa daquelas empresas públicas de transportes "responsáveis" por aquelas enormes dívidas públicas. Isso, e pagar do meu bolso uns refrigerantes e umas bolachinhas para os convidados quando havia uma reunião mais importante.


PS - Manda a verdade dizer que a decisão do senhor eng.Couto dos Santos não é partilhada pelo seu colega de partido ex-secretário do Ambiente, Jorge Moreira da Silva, que a criticou vivamente, como pessoa informada em questões ambientais

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