terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Que querem da minha Alma Mater?

Não se deve deixar a parte emocional sobrepor-se à parte racional.
Não gostei que tivessem afrontado a minha Alma Mater.
E é a minha própria parte racional que me diz que nalguns casos devemos fazer o que não se deve.
E então deixo a parte emocional sobrepor-se à parte racional.
Também porque foi uma gota de água para esgotar a paciencia com que recebo as medidas do atual governo a notícia sobre a hipótese do Instituto Superior Técnico, por motivo do orçamento de estado para 2012, ter de desistir de alguns projetos de investigação para que já recebeu verbas comunitárias.
Se entendi bem, será um caso semelhante ao da paragem da obra adjudicada do TGV.
Os economistas decisores preferem perder os fundos comunitários a ter de contribuir com a parte nacional.
Não obstante o próprio  presidente da comissão europeia ter obtido uma maior comparticipação dos fundos comunitários para os projetos QREN (condição básica pra acesso aos fundos QREN: que os projtos estejam bem feitos; neste momento, deveria estar a assisati-se a um esforço acelerado por todo o país na elaboração de projetos, mas nem isso).
Os economistas decisores não fazem a mais pequena ideia das implicações técnicas, utilizando a palavra em ambiente de engenharia.
Só entendem quadros com verbas.
Não percebem que as viagens aéreas e rodoviárias para Madrid emitem muito mais gases com efeito de estufa do que o TGV.
E como não percebem, ou não querem perceber, ou ainda acreditam nas fadas do petróleo barato e nos duendes que dizem que o CO2 não faz mal nenhum (claro que nem todo o CO2 é de origem antropogénica, mas que não convem nada agravar a situação, não convem) e que o Ártico não está a derreter (claro que não está a derreter tanto como os alarmistas irresponsavelmente disseram, mas que está ,está), decidem cortar nos investimentos de melhorias dos sistemas de transporte.
E decidem cortar nos programas de investigação da Alma Mater, em vez de ajudarem a operacionalizá-los.
O novo diretor do IST já informou que vão fazer cortes onde for possível, da vigilancia à limpeza (eu escrevi possível, não escrevi preciso porque ainda sei  a diferença entre os dois adjetivos, coisa que os autores dos cortes no orçamento, por exemplo, da saúde, no respeitante a transplantes pediátricos, às isenções de taxas moderadoras para os dadores de sangue e  aos custos mais elevados dos transportes para os hospitais centrais relativamente aos locais, ignoram).
E ficaria muito agradecido se não repetissem a mentira de que não há dinheiro, depois do escandalo dos 750 milhões de euros para o BPN antes da venda por 40 milhões, e da garantia de 3.500 milhões, ou de como um banco integrado numa holding (Sociedade Lusa de Negócios) não reflete a sua falencia nessa holding.
Podem os senhores economistas decisores estar muito contentes com o amparo moral que recebem dos seus homólogos da fação dominante na UE, servidores cegos dos cortes orçamentais e das privatizações, independentemente dos casos concretos, mas em questões técnicas, de engenharia, são ignorantes e incompetentes e, mais grave ainda, serão mal aconselhados por técnicos de engenharia que teriam a obrigação moral de aconselhar de outro modo.


PS - Um artigo do Publico veio pormenorizar: trata-se do decreto que proibe o comprometimento de verbas quando não exista disponibilidade orçamental imediata.
Eu continuo  a ser um ignorante  em contabilidade, apesar de pensar que os pricípios básicos, os condicionantes  e os determinantes da economia me foram ensinados na cadeira de economia da Alma Mater pelo engenheiro Daniel Barbosa.
Outra coisa é a elevada competencia contabilistica dos decisores do governo português e dos orgãos determinantes da UE, do FMI e do BCE. Mas um decreto assim, de que não desdenharia a escola de finanças públicas da universidade de Coimbra da década de 20 do século passado, parece-me a mais sincera confissão do regime de "marcha à vista".
A marcha à vista é utilizada nas ferrovias quando os sistemas de controle avariaram, e em náutica quando o navegante não dispõe de cartas confiáveis ou de instrumentos de navegação.
No primeiro caso, a velocidade tem de ser muito reduzida, isto é, o desemprego aumenta e o crescimento não vem; no segundo caso, o pobre navegante arrisca-se a bater numa rocha submersa (nem todos os navegantes dominam a técnica que Cristovão Colomb usava: guiava-se pela cor da água para avaliar a profundidade e a proximidade de terra, mas mesmo essas competencias não evitaram o encalhe fatal da Santa Maria num banco de areia).
Em qualquer caso, a marcha à vista é o oposto do que ensina a ciência em termos de predição tal como a Alma Mater ensina (ver Norbert Wiener) e trata-se de funcionamento irregular dos sistemas, situação prevista na constituição da Republica Portuguesa.

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