sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Mineiro artesanal de ouro, em África



Sem pretender invocar a estética neo-realista, comento a fotografia de um mineiro artesanal de ouro, na Nigéria, com a devida vénia ao DN.

Não parecem estar garantidas as condições de segurança neste túnel, ou poço.
A produtividade e a remuneração do trabalho do mineiro deve ser muito reduzida, mas a cotação atual do ouro justificá-lo-á.
Ocorre-me que todas as explicações sobre as desigualdades na distribuição da riqueza das nações, desde Adam Smith aos grandes economistas da atualidade, estão aqui concentradas, embora escondidas.
E também por isso, acontece como na peça “Está la fora um inspetor”: quando a empregada vem anunciar que está um inspetor da policia a querer entrar, cada um dos 5 convidados pensa que é a ele que o policia vem interrogar, porque sabe que há um motivo para ser interrogado.
Se o inspetor olhasse para esta fotografia, teria vontade de interrogar quem acha que a solução é baixar o rendimento dos trabalhadores? (ainda mais? Quer seja um funcionário da Lufthansa, que os funcionários da Lufthansa tambem fazem greve, um serralheiro duma empresa portuguesa ameaçada de fechar, ou um mineiro artesanal de África?) e quem acha isso pensaria que era com ele que o inspetor quereria ter uma conversa?
Os operários que fabricaram o relógio do mineiro terão as mesmas condições de trabalho? Sim? Quer dizer que a baixa dos custos de produção já chegou a esse ponto?


É uma utopia, a declaração universal dos direitos humanos e a convergência para o mínimo do coeficiente de desigualdade de Gini?

Ou, como na peça, espera-se que passe e não se sabe se passa?





Sem comentários:

Enviar um comentário