segunda-feira, 29 de maio de 2017

Consulta pública sobre o terminal de contentores do Barreiro

O Ministério do Ambiente tem em consulta pública o terminal de contentores do Barreiro, um porto para navios de 8000 TEU e 14m de calado numa zona de assoreamento de sondas 0 na zona de manobra e com um estreito canal com sondas de 6 e 7 m a alargar e aprofundar.

http://www.participa.pt/consulta.jsp?loadP=1890

Comentários que enviei no âmbito da consulta:

1 - A justificação apresentada parece insuficiente por ausencia de comparação do impacto económico e da perda de competitividade externa com as alternativas:
- porto de águas profundas na Cova do Vapor/Golada (não confundir com Trafaria, cuja contestação foi utilizada para inviabilizar o porto de águas profundas na foz do Tejo; aliás. será inevitável intervir na zona para fecho da Golada  contra o desassoreamento da Caparica e o assoreamento da barra do Tejo, e para instalação de um terminal de líquidos)
- ampliação com estacaria do terminal de S.Apolónia, receando-se que o objetivo da sua transferencia para o Barreiro seja o imobiliário S.Apolónia- Matinha
- melhoria da barra e desenvolvimento do porto de Setubal
2 - é exagerada a previsão para o navio de projeto: a sonda disponível (ver carta náutica em anexo
https://1drv.ms/i/s!Al9_rthOlbwehXHPPlehfdltEDvb     ) no canal de aproximação é de 6 a 7m e na zona de manobra é 0 (comprimento do navio 350m), o que para um calado desejável de 14 m (!) obriga a dragagens profundas ; existe colisão com a rota do barco do Montijo que terá de se deslocar para onde existem hoje baixios (obrigando a dragagens não pagas pelo concessionário do terminal)
3 - segundo estudo do LNEC, os valores indicados para as dragagens anuais são otimistas, o que justifica a recomendação de se realizarem já experiencias de determinação de taxas de assoreamento tanto quanto possível próximas das condições reais; igualmente se receia que os custos estimados para as dragagens sejam otimistas (2€/m3, quando poderá ser 5€/m3); a localização do terminal do Barreiro é desfavorável do ponto de vista do assoreamento dada a sua exposição aos ventos dominantes N e SW, pelo que se consideram otimistas os valores apresentados, tanto mais que os custos de dragagens deverão ser assumidos pelo concessionário; recomenda-se a sobreposição da carta náutica ao projeto do porto para avaliar bem aas necessidades de dragagens
4 - enquanto terminal de contentores de volume significativo para navios de 8000 TEU o terminal do Barreiro não parece, pelo exposto, ser uma boa solução; no entanto, a sua valência como porto fluvial, de ligação a portos fluviais a montante, como receção de transhipment e como terminal ferroviário com ligação a Setubal e Poceirão é importante, sendo desejável para navios de menor calado, mantendo-se os terminais de Alcantara e Santa Apolónia e preparando-se o fecho da Golada e um futuro porto de águas profundas na Cova do Vapor-Bugio.
5 – Insiste-se  e reforça-se a recomendação de realização de ensaios para determinação experimental da taxa de assoreamento


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