sexta-feira, 1 de outubro de 2021

As sondagens vinham dizendo que os eleitores de Lisboa e Porto estavam descontentes com a habitação e os transportes

 Defendendo a sua dama perante os resultados de Lisboa (o favorito perdeu) e Porto (vencedor sem maioria absoluta), responsáveis de empresas de sondagens chamaram a atenção para que elas vinham dizendo que os eleitores de Lisboa e Porto estavam descontentes com a habitação e os transportes (desvalorizando assim a incorreção na constituição das amostras).

Confirmo que a política de transportes em Lisboa enfermava de graves vícios, nomeadamente por privilegiar, no combate ao predomínio dos automóveis, as ciclovias em detrimento do transporte metropolitano. 

Convirá agora determo-nos nas propostas para os transportes do vencedor das eleições em Lisboa:

https://expresso.pt/eleicoes/autarquicas-2021/2021-09-27-Baixar-impostos-e-o-preco-da-EMEL-acabar-com-parte-da-linha-de-Cascais-investir-na-cultura-e-startups-o-que-Moedas-quer-para-Lisboa-8c43f023


1 - a linha circular do metro

Dada a natureza ilegal da construção da linha circular (ao arrepio do art.282 da lei 2/2020) uma solução poderia ser a sua suspensão e a adaptação do trabalho já executado a um prolongamento da linha amarela para Alcantara Mar para correspondencia com a linha de Cascais. Eventualmente recorrendo a um concurso publico internacional para gabinetes de planeamento elaborarem o plano de mobilidade da AML previsto no mesmo artigo da lei 2/2020.

Dadas as dificuldades do acima exposto, e conforme afirmou na sua campanha eleitoral, o projeto da linha circular deverá ser adaptado a uma linha em laço se não se desistir da ligação Rato-Cais do Sodré Nesse caso deverá prescindir-se dos novos viadutos do Campo Grande, criando assim uma linha Odivelas-Campo Grande- Rato-Cais do Sodré-Rossio-Alameda-Campo Grande-Telheiras.

No entanto, há algumas confusões. Os defensores da politica do governo insistem em que pode haver partilha da linha circular com a linha Odivelas-Rato. Sim, pode, mas à custa do aumento do intervalo entre comboios nas duas linhas, isto é, degradando o serviço, para além de introduzir riscos devido ao cruzamento de comboios das duas linhas (como técnico, não subscrevo, embora isso se pratique noutros metros).

Veremos se vai haver evolução, até por se tratar de uma obra ilegal por ter desrespeitado a lei 2/2020.


2 - Linha de Cascais entre Algés e Cais do Sodré

Como referido, quando se fala em questões de transportes, geram-se confusões. A mensagem que passou foi que o eleito queria acabar com a linha de Cascais entre Algés e Cais do Sodré, mas talvez a ideia fosse acabar com o trajeto da linha à superfície, enterrando-a em túnel, para "abrir a cidade ao rio" e "esbater as barreiras que impedem os lisboetas de aproveitar o rio". Esta é uma ideia já antiga, defendida por um antigo diretor do CCB que não gostava de ver passar os comboios. Também um antigo presidente da câmara de Lisboa pensou acabar mesmo com a linha de Cascais em Alcântara, aparecendo depois outro a querer ligá-la em Alcântara à linha de cintura (trajeto Alcantara Mar-Alcantara Terra-Campolide-Sete Rios). Embora a linha de cintura tenha troços quadruplicados, a frequencia de comboios de uma linha suburbana é incompatível com a partilha com os serviços interurbanos, regionais, suburbanos e de mercadorias atuais  e as necessidades de manutenção ( ver    https://fcsseratostenes.blogspot.com/2020/08/se-quiserem-ligar-linha-de-cascais.html     ).

Muitos lisboetas veem com bons olhos o "enterramento" da linha de Cascais entre Algés e o Cais do Sodré, mas para esses 8 km eu estimo entre 300 a 400 milhões de euros. Será portanto uma aplicação não prioritária de um grande investimento. Parecerá que por esse preço melhor seria pagar a maior parte da extensão do metropolitano a Algés, Linda a Velha  e Jamor. Da mesma ordem de grandeza seria a remodelação completa da linha de Cascais, com substituição de toda a frota e sua integraçáo na rede de metro.

Propõe-se, para melhorar o acesso da população ao rio,  o recurso à técnica dos passadiços, criando na prática um plano superior ao da superfície e da linha de Cascais. O projeto da sede da EDP na avenida 24 de julho previa um passadiço largo sobre a linha de comboio, tal como o projeto do parque urbano da Praça de Espanha. Um exemplo de urbanismo com passadiços pode ser visto em Hong Kong. Ver https://fcsseratostenes.blogspot.com/2019/01/passadeira-de-peoes-no-cais-do-sodre-e.html

Sobre este assunto destaco a urgencia (até por causa do PRR) em realizar um plano de mobilidade da AML, conforme mandado pelo art.282 da lei 2/2020, eventualmente por concurso publico internacional a gabinetes de planeamento. Um problema central a resolver neste plano deverá ser o do nó de Alcantara e a reformulação do plano de urbanização de Alcântara de modo a conter a furia imobiliária e a aproveitando o terminal de contentores, compatibilizá-lo com um interface de transportes incluindo um dos prolongamentos do metro (não é satisfatório o prolongamento da linha vermelha atualmente anunciado pela administração do metro nem o projeto LIOS, ambos incluidos no PRR porque a estação prevista de Alcantara Terra fica a 800 m da estação Alcantara Mar da linha de Cascais).

(esboços de plano de mobilidade:                                                   https://fcsseratostenes.blogspot.com/2019/05/esboco-de-plano-de-expansao-do.html      ,     https://fcsseratostenes.blogspot.com/2020/10/mais-um-protocolo-das-camaras-de-loures.html    ,   https://fcsseratostenes.blogspot.com/2020/05/sugestoes-para-expansao-do.html    e     https://fcsseratostenes.blogspot.com/2021/07/arranque-do-metro-ligeiro-pelo-senhor.html      )


3 - Lisboa "capital da economia do mar"

O presidente eleito prometeu a construção de infraestruturas para Lisboa ser uma referncia em termos portuários. Sobre este assunto desde 1990 que foi proposta a construção do porto de águas profundas entre a Cova do Vapor e o Bugio, obviamente com financiamento dos operadores interessados. Sucessivos governos inviabilizaram o projeto e propuseram projetos falhados como o terminal do Barreiro e a libertação do terminal de santa Apolónia para o imobiliário. Se não acreditam na engenharia portuguesa que propôs o porto do Bugio (vantagem adicional de reter as areias da Costa da Caparica e de reduzir o assoreamento da foz do Tejo), mais uma vez s
e propõe um concurso público internacional, naturalmente estudando exemplos como o de Roterdão.
(ver https://fcsseratostenes.blogspot.com/2019/05/nos-os-portugueses.html        )


4 - a política de apoio ao ciclismo

Até agora, a política da CML relativamente ao ciclismo tem enfermado numa confiança cega de que as ciclovias são uma alternativa ao transporte coletivo e para isso tem isentado os ciclistas e utilizadores de meios com motor auxiliar do cumprimento das regras do Código da estrada e ocultado os números de acidentados . Não são, uma alternativa, são um complemento. O avanço tecnológico permite encarar outros meios complementares ao transporte coletivo, como sejam, para além das frotas partilhadas, as vias reservadas para PRT (personal rapid transit) ou pods (cápsulas autónomas a pedido). Ver 

https://www.razaoautomovel.com/etiqueta/the-urban-collectif    ,  https://fcsseratostenes.blogspot.com/2020/03/modos-complementares-em-telheiras.html    e    https://fcsseratostenes.blogspot.com/2021/05/mensagem-enviada-ao-presidente-da.html







2 comentários:

  1. Subscrevo na totalidade estes comentários.
    Quanto ao enterramento da linha de Cascais, talvez seja de considerar apenas o troço Belém-Alcântara, evitando problemas com o caneiro de Alcântara e com o necessário desvio do tráfego rodoviário urbano desde Alcântara até ao Cais do Sodré.
    LCS

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  2. Já tinha feito um longo comentário de apoio a este texto, quando por razão desconhecida , tudo se apagou.
    Não tenho tempo para reescrever todas as ideias, mas considero ser uma óptima leitura , reler o Programa Eleitoral do PSD para as legislativas de 2011, que foi coordenado pelo Dr. Eduardo Catroga.
    Em particular ler à Pág. 161 - Eixo 8. Nova Política de Investimento Público, em :

    https://www.psd.pt/sites/default/files/2020-09/programa-eleitoral-2011.pdf

    Mário Ribeiro

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