quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Grupo GPS, um caso de cronycapitalism



Já se tem falado, neste blogue, de cronycapitalism.
Ou a promiscuidade entre o poder económico-financeiro e o poder político.
Uma espécie de nepotismo oligárquico, a que se chamou na linguagem parodiante, a sociedade dos conhecimentos.
Ver

Graças à TVI e à sua repórter Ana Leal.
Ou de como até é possível uma televisão privada fazer serviço público.

O direito dos cidadãos à informação sobre o destino dos dinheiros públicos está na Constituição da Republica Portuguesa e este tipo de informação pode ser considerado serviço público.
A reportagem parece credível e confirmar o que o presidente Paulo Morais  da Transparencia Portugal vem afirmando há muito, que no Parlamento há um conjunto de escritórios que tratam de negócios e das suas ligações ao poder politico.
Não admira, neste contexto, que o primeiro ministro atual tenha uma história de pesquisador de financiamentos públicos para as suas empresas e tenha até criado uma OMG para o efeito.
É a sua ideologia, destruir os serviços públicos que possam transferir o rendimento (rendimento no sentido do PIB)  para empresas privadas.
Salvo melhor opinião, assim devem ser entendidas as referencias às margens de manobra mais largas na Educação do que na Saúde na recente entrevista, a canalização de dinheiros públicos para subsidiar a iniciativa privada através das concessões aos colégios privados.
Depois é só dizer que uma turma privada por 85.000 euros por ano fica mais barata do que numa escola pública (se ficar, o preço é o fator mais importante? Os fatores independência entre cargos políticos e cargos nas empresas, e igualdade de acesso à informação não pesam mais? foram contabilizados todos os custos, incluindo os custos de combustível por aumento das distancias percorridas pelos alunos?).
A presente reportagem informa que o financiamento do grupo GPS (26 colégios privados, 50 empresas várias)  atingiu 25 milhões de euros. Do grupo fazem parte dois colégios das Caldas da Rainha cuja autorização de construção está envolta  em condições nebulosas (aprovação do financiamento 5 dias antes do termo do governo de Santana Lopes, depois de diligentemente e capciosamente se pôr a circular que as escolas públicas das Caldas da Rainha estavam super-lotadas) e empregou ex membros de governo dos dois principais partidos. Não é a entrega de 25 milhões de euros que choca, é a promiscuidade entre os ex-governantes e o poder económico, a transição imediata, sem o período de nojo recomendado pela Transparência entre o governo e as empresas.
Como diz um amigo meu assumidamente de direita, é com casos destes que melhor se ataca e descredibiliza a direita liberal e defensora dos direitos humanos.




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