Terrorismo - modo de impor a vontade pelo uso sistemático de violência ou coisa que amedronta (dicionário Houaiss)
Está assim a comunidade sujeita às consequências da prática por alguns, à margem dos mecanismos da democracia, de atos de terrorismo.
Desde atentados, à bomba ou a tiro, com morte de inocentes, à utilização da emenda constitucional dos USA para comprar armas e usá-las contra as pessoas que estão numa clínica onde se pratica a interrupção voluntária da gravidez, ao uso do automóvel através duma condução perigosa que estatisticamente provoca mortes.
Independentemente das medidas de prevenção e de contenção do terrorismo, convinha perceber as razões psicológicas deste comportamento, que do ponto de vista individual é patológico, mas que do ponto de vista sociológico pode ser sintoma de disfunção da própria sociedade, ou, hipótese a colocar, ser simplesmente um movimento irracional, como os movimentos das moléculas de ar num recipiente fechado.
Do ponto de vista indiviual e psicológico, tal como Haruki Murakami demonstrou no seu livro Underground, quem comete atentados sofre de frustrações, mesmo que tenha vindo de uma carreira profissional aparentemente de sucesso, ou apenas sofre de insegurança, baixa auto-estima e incapacidade de auto-controle.
Do ponto de vista sociológico é natural que uma parte da sociedade, não atingindo os mínimos de vida digna e pacífica, tenha comportamentos irracionais. Falhando a razão, é também natural que o papel das religiões seja importante. Como disse Voltaire, se alguém consegue convencer outro de uma coisa absurda, facilmente o convencerá a fazer coisas terríveis. Além de que as forças e os interesses económicos, numa globalização entregue a si própria (um sistema entregue a si próprio tende para um estado de entropia máxima), exploram facilmente as discrepâncias entre grupos sociais ou nacionais.
Parecerá que, como medidas preventivas, teremos de forma imperativa a educação das crianças e jovens e as políticas de emprego para os adultos.
Conviria também explicar aos fanáticos de qualquer religião que tem de se saber interpretar os textos a que chamam sagrados, que até não foram escritos pelos profetas mais seguidos, mas por continuadores que foram parte interessada naquilo que escreveram e por conseguinte são de credibilidade sob reservas.
Não seria mau também revisitar criticamente a história.
Por exemplo desde a guerra da Crimeia (que faziam exércitos ingleses e franceses em 1854 na Crimeia, morrendo de mosquitos, de obuses e dos primeiros canos estriados de espingardas?), e estudar e divulgar os textos de Eça de Queiroz sobre o bombardeamento de Alexandria pela esquadra inglesa, e olhar melhor para o papel de Lawrence da Arábia no armadilhar da região para o futuro, e estudar na história da aviação os bombardeamentos no Afeganistão pelos primeiros bombardeiros biplano... pode ser um caminho eficaz para o diálogo ocidente-oriente...
Educação e emprego obrigatórios subordinados a critérios laicos serão uma limitação da liberdade, aumentar a importancia das escolas face ás tradições familiares, e tornar imperativa uma ocupação produtiva.
Mas aparentemente é isso que, como escreveu Freud, distingue a civilização da barbárie, de quem vive em grupo organizado ou de quem vive num deserto sujeito à lei do mais forte.
Dir-se-ia que os limites da liberdade são impostos pelas outras duas vertentes do lema da revolução francesa: igualdade e fraternidade.
Não pode haver fraternidade quando alguns andam com armas, quer sejam compradas em lojas legais nos USA ou no mercado negro no médio oriente, ou quando se anda de carro nas ruas de Lisboa a atropelar mortalmente, por velocidade excessiva, cidadãos nas passadeiras de peões.
Não parece que os mercados tenham capacidade para compreender o terrorismo e implementar as medidas preventivas.
E infelizmente parece que a maior parte dos governos também não.
Pelo menos fazem-se esquecidos relativamente ao texto da declaração universal dos direitos humanos (direito ao emprego, á inclusão...).
Direitos esses indissociáveis dos deveres simétricos, claro, claro, lá está, a obrigatoriedade...
Sem comentários:
Enviar um comentário