sábado, 18 de junho de 2022

Dos "hub" marítimos aos autocarros elétricos

 https://www.dn.pt/local/lisboa-oeiras-e-cascais-querem-plano-comum-para-as-zonas-costeira-e-ribeirinha-14946508.html

A notícia tem de bom o aparente entendimento entre três municípios da área metropolitana de Lisboa em questões de ordenamento do território.

Seria muito bom que estes e outros assuntos fossem discutidos no âmbito da AML e que tivessem a participação dos cidadãos, através da realização periódica de sessões abertas ao público (com divisão da assistencia em grupos de debate e apresentação de conclusões) . Nada que não esteja previsto no artigo 65 da constituição da República portuguesa.

Sobre os "hub" marítimos, observo que temos as intenções de construir em Pedrouços do lado do município  de Lisboa e do lado do de Oeiras, neste caso eventualmente ligado de forma pouco esclarecida ou aceite pelos cidadãos, à urbanização da foz do Jamor. Curiosamente, a GALP decidiu projetar tambem um "hub" do género nos terrenos da antiga refinaria de Matosinhos. Não tenho conhecimentos para avaliar estas intenções e a pertinencia dos projetos, apenas como cidadão observo que estas decisões são tomadas sem a participação constitucionalmente prevista dos cidadãos e que, pelo menos no caso de Matosinhos, configura uma decisão por entidade do grupo dos oligopólios, numa altura em que ela, através do  seu principal acionista, adquire uma participação pública na herdade de Rio Frio limitando mais um pouco o perímetro para decisão do novo aeroporto. Não são ouvidos os acionistas enquanto contribuintes nestas decisões. Ainda como cidadão, se se fala no mar, devo perguntar como está o processo da plataforma continental para alargamento da ZEE, embora sem esperança de obter resposta, pese o voluntarismo do senhor ministro do mar.

Sobre o tema da mobilidade referido na reunião dos 3 presidentes de município , registo que se mantem a ilusão dos autocarros elétricos na A5 (ilusão porque já basta a supressão das ligações ferroviárias de Coimbra a Serpins e da Coimbra A a Coimbra B) em detrimento da melhoria das linhas férreas de Sintra e de Cascais, e a ilusão do LRT Jamor-Alcântara (ilusão porque não é possível uma ligação ferroviária de superfície sem viadutos em ruas estreitas o que limita a velocidade comercial e implica a contabilização do tempo perdido pelos passageiros em comparação com o modo subterrâneo ou em viaduto), observo:

- considerando a situação atual, melhor seria desenvolver uma rede de ligação entre a linha do oeste, a linha de Sintra e a linha de Cascais (não me refiro à ligação desta à linha de cintura, topologicamente um problema típico de uma rede de metropolitano e não suburbana, amenos que se sextuplicasse a linha Campolide-Braço de Prata, ação tambem típica de uma rede de metro) com interfaces multimodais. O inconveniente duma linha de metrobus continua a ser, uma vez que as leis da Física conexas não foram mudadas, o maior consumo energético por passageiro km quando comparado com uma solução ferroviária em igualdade de desenvolvimento tecnológico. Acresce o problema operacional da chegada dos autocarros a Lisboa exigindo infraestruturas (terminais) onde há falta de espaço, obrigando a transbordo na zona de Campo de Ourique Norte/Amoreiras.

- sobre a ligação Jamor-Alcântara, tal como previsto no EIA do prolongamento da linha vermelha do metro para Alcântara, a solução correta seria o prolongamento desta para o Jamor, diluindo o investimento por vários anos e evitando os custos da ligação da linha de Cascais à de cintura em Alcantara e o enterramento da linha de Cascais Algés-Cais do Sodré.

Em síntese, sem desmerecer na iniciativa dos 3 presidentes de municipio, conviria um análise mais alargada, tanto ao nível das autarquias da AML como dos seus cidadãos e fundamentada do ponto de vista técnico.

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