1 - Artigo
sobre o aeroporto de Beja como apoio ao AHD , a fase zero
O recente episódio em junho de 2022 das filas de espera nas chegadas poderá não ser um fator de desencadeamento (expressão utilizada no contrato de concessão à ANA/Vinci de dezembro de 2012), uma vez que problemas de gestão poderão não ser evitados num aeroporto novo, mas aparentemente a retoma turística e as perspetivas de crescimento do turismo sugerem que se deverá acelerar a solução do aeroporto novo ou de um complementar, sem que a avaliação estratégica ambiental perturbe o desenrolar do processo.
Parece,
nesse sentido, que o XXIII governo quer terminar "tant bien que mal",
com ou sem acordo da Assembleia da Republica, como exigirá o art.165º.z (competência
exclusiva da AR para o ordenamento do território) a discussão sobre a
necessidade de um novo aeroporto, de raíz ou como complementar do aeroporto Humberto
Delgado (AHD). Ver despacho
do MIH e revogação
pelo 1ºministro. O despacho revogado
falava nas possíveis localizações e datas de entrada em serviço (Montijo 2026,
CTA Alcochete 2035). Observo que parece
afastado o aumento de capacidade do AHD dos atuais 38 para 48 movimentos por
hora (taxiway Norte/Nascente e sistema de controle Topsky) .
Sobre a
problemática do novo aeroporto poderá o leitor documentar-se com proveito
consultando o site do Parlamento e assistindo aos vídeos com as audições na
Comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação (CEOPPH):
https://canal.parlamento.pt/?cid=5989&title=audicao-da-plataforma-civica-aeroporto-ba6-montijo-nao
https://canal.parlamento.pt/?cid=5990&title=audicao-da-ordem-dos-engenheiros
https://canal.parlamento.pt/?cid=5988&title=audicao-do-laboratorio-nacional-de-engenharia-civil
https://canal.parlamento.pt/?cid=5991&title=audicao-da-ordem-dos-economistas
Neste artigo
limitar-me-ei, a propósito da moção aprovada por unanimidade na Assembleia
Municipal de Beja, a imaginar uma fase zero como complemento, ou melhor, apoio
esporádico ao AHD em caso de dificuldades nas chegadas a Lisboa, enquanto não
se executarem as obras do novo aeroporto.
Supondo que
nas 10 horas mais carregadas se pretende aterrar em Lisboa 15 aviões por hora
que desembarquem 3000 passageiros por hora, admitamos que desviamos 10% do
tráfego para o aeroporto de Beja, isto é, 300 passageiros por hora durante 10
horas.
Atualmente,
nesta imaginada fase zero, a viagem por comboio de Beja a Lisboa-Entrecampos
demora cerca de 2h05, com transbordo em Casa Branca porque a linha desta para
Beja não está eletrificada, o que obriga os passageiros a mudar para o
Intercidades Évora-Lisboa. Teríamos ainda de contar com 25 minutos para a
viagem de autocarro entre o aeroporto de Beja e a estação de Beja (cerca de 10
km), o que dá para a viagem aeroporto de Beja- Lisboa Entrecampos 2h30.
Não é famoso,
mas as companhias "low cost" saberiam compensar os seus passageiros
com descontos atrativos e a ANA/Vinci saberia aplicar taxas também atrativas
(considerar o potencial turístico do Alqueva e da zona envolvente).
Considerando
composições para 300 passageiros, com 4 carruagens, teríamos 1 composição por
hora durante as 10 horas referidas. Admitindo uma ida e volta em 6 horas (para
este cálculo em vez dos dois comboios e do transbordo pode considerar-se um
comboio único) e um intervalo de partidas de 1 hora necessitaríamos de 6
composições funcionando 10 horas. E aqui reside o principal problema da fase
zero, não sabemos se a CP poderá disponibilizar esse material circulante nem as
respetivas tripulações.
Uma alternativa seria o autocarro, 45
minutos até às portagens de Grândola da A2 mais 1h30m até Lisboa, ou 2h15m.
Teriam de ser 300/50=6 autocarros por hora ou 36 autocarros no total durante 10
horas. O prolongamento da autoestrada para Beja, executada até 11 km das
portagens de Grândola, faltando 37 km até ao aeroporto antes de Beja (100 milhões de euros?) reduziria
para 2h05m e 33 autocarros, mas não deveremos esquecer as respetivas emissões e
o congestionamento rodoviário A alternativa para Faro seria 1h até à A2 mais
1h40m até Faro.
Em resumo, se
a CP e as rodoviárias dispuserem de material circulante e da respetiva
tripulação, poderão absorver-se excessos de afluência no AHD da ordem dos 10%
através do aeroporto de Beja.
Se entretanto
as obras do novo aeroporto ou do aeroporto complementar também se atrasarem,
até porque terão de ser complementadas com as acessibilidades ferroviárias e
rodoviárias, poderá pensar-se numa fase 1 de apoio pelo aeroporto de Beja:
construção de um troço de 12 km de linha nova em via única entre a estação de
Beja e o aeroporto de Beja e entre este e um ponto mais a norte da linha
existente para Casa Branca: estimativa 60 milhões de euros, tempo de construção
1 ano, o que permitiria reduzir a ligação a Lisboa a 2h10m .
Mantendo-se a
falta de novo aeroporto ou complementar, a fase 2 consistiria da
construção de 60 km de linha nova em via dupla eletrificada de
Beja-Aeroporto-Casa Branca: estimativa 500 milhões de euros, tempo de
construção 2 anos e redução para 1h40m (a ligação atual de 110 km entre Casa
Branca e Entrecampos, pela linha eletrificada de Évora, faz-se em 1h10m).
Mantendo-se a
falta, a fase 3 consistiria na construção de 70 km de linha nova em via dupla
eletrificada de Casa Branca a Pinhal Novo: estimativa 600 milhões de euros,
tempo de construção 2 anos e redução para 1h10m .
Tudo isto são
estimativas que serão contrariadas pelas dificuldades financeiras, apesar das
verbas comunitárias do PRR e dos planos de apoio à descarbonização, e das
dificuldades de planeamento e da falta de hábitos de análise dos problemas e de
trabalho em equipa.
Mas ficam, as
estimativas.
2 - Moção em
22 de junho de 2022 da Assembleia Municipal de Beja
3 - hipóteses de localização de novo aeroporto:
https://1drv.ms/w/s!Al9_rthOlbwewA7EEhsKmEdcqYXX?e=JkYxyh
4 - O que o
contrato de concessão de 14dez2012 determinava sobre o novo aeroporto
http://fcsseratostenes.blogspot.com/2022/06/carta-um-diretor-de-jornal-proposito-da.html
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