sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

As princesas e os principes

Têm passado na televisão dois anuncios curiosos.
1 - num deles, é publicitada uma telenovela espanhola. Conta a história de Filipe e Letizia. Na cena que passa, Filipe pergunta a Letizia se quer casar com ele. E ela, num castelhano gutural: "Pórqué?". E Filipe: "Pórqué háguu párte de alguu mui antiguuo y nécésito dé ti para éso";
2 - no outro, prepara-se o público para a futura reportagem do casamento de um herdeiro da coroa inglesa. Diz o locutor: "Saiba como Kate, a menina da classe média, soube ser digna de um principe"

Por Cresus, é muito bom um Bourbon ter percebido que se deve afastar da consanguinidade, o que só confirma o aforismo de que é impossível um grupo de pessoas andar sempre enganado.
É muito bom também que as meninas da classe média inglesa sejam felizes.
Mas um país republicano tem de aturar isto?
Não devia a Comissão europeia corrigir esta assimetria nos direitos dos cidadãos à igualdade perante a lei, que é condenar cidadãs como Letizia e Kate a exercerem cargos públicos sem candidatura e sem votação públicas?

Vale a pena contar a história do rei Cresus, o último de Atenas. Morreu, e os atenienses, em lugar de gritar morreu o rei, viva o rei, decretaram, muito democraticamente, que Cresus tinha sido o melhor dos reis, e que ninguem podia ser um rei tão bom, e que por isso mesmo acabava-se logo ali com a monarquia.
E foi isto há 25 séculos atrás.
Não pode um grupo de pessoas andar sempre enganado, mas pode durar muitos séculos, e as pessoas podem achar muita graça às histórias das princesas e dos principes.

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