segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Dalila e Sansão no S.Carlos - Continuação, ou o problema da centralização

Dalila, sedutora, continua a tirar a força a Sansão. Certamente de acordo com as orientações do Sumo Sacerdote.
Em Março do ano passado protestei contra a demissão do anterior diretor do S.Carlos  pela senhora ministra da Cultura  (http://fcsseratostenes.blogspot.com/2010/03/dalila-no-scarlos.html).
Em Setembro tentei mostrar que a própria programação do S.Carlos para 2010-2011 era devida em parte ao anterior diretor e não parecia má   (http://fcsseratostenes.blogspot.com/2010/09/fotografia-vinha-no-oje-de-dia-16-de.html  ;  http://fcsseratostenes.blogspot.com/2010/09/senhora-muito-inspirada.html).
Tentei também contrariar o apoio que a senhora ministra encontra no meio musical português, apesar de ser reconhecido que o anterior diretor contratou cantores portgueses e que estes sempre tiveram dificuldade em arranjar contratos no S.Carlos. Lamentei ainda que o novo diretor do Opart (fusão do S.Carlos e da Companhia Nacional de Bailado) não revelasse que assuntos graves tinha para discutir com a senhora ministra. O secretismo mata-nos. Além de ser uma grosseira violação dos direitos do artigo 48º da Constituição da Republica Portuguesa. Mas admiti que a senhora ministra pudesse ter razão.
Hoje, dois dias depois da demissão do senhor diretor do Opart, que continua a dizer que só revela as razões da demissão, para alem da falta de condições, à senhora ministra, acho sinceramente que a senhora ministra não teve razão, e está a piorar o problema da Cultura.
Há aqui um problema de gestão.
O S.Carlos não é um clube de futebol para se demitir o diretor como se fosse um treinador.
E um teatro de ópera não deve estar fundido com uma companha de  bailado. Porquê? Porque a natureza estruturou-se assim. O rendimento otimo de uma unidade física segue mais ou menos uma curva de Gauss. Os rendimentos são decrescentes a partir da zona de rendimento ótimo. O desenvolvimento dos microprocessadores a partir dos anos 70 do século XX permitiu a inteligencia distribuida em qualquer sistema de processamento.
Quer seja um teatro de ópera quer seja uma empresa.
O segredo está em distribuir a inteligencia (pôr a ciência na equação, como costuma dizer o professor Carvalho Rodrigues), sem que nenhuma inteligência se considere melhor do que o conjunto das outras.
Era isso que o senhor diretor da Opart, agora demitido, devia saber quando aceitou o cargo.
Era isso que os estruturadores das empresas de capitais públicos deviam aplicar quando estruturam as emprsas. As estruturas clássicas em pirâmide e fluxo rígido da informação e dos comandos geram ineficiência e inibição. Foi também isso que Ricardo Pais explicou, que a gestão do S.João do Porto não deve estar misturada com a gestão do D.Maria de Lisboa. Que as economias que se podem fazer com a fusão tambem se podem fazer com os teatros separados.
A gestão da  manutenção do  material circulante não deve estar misturada com a gestão da manutenção das infraestruturas fixas, como se insiste, porque apesar do congelamento das expansões, há uma infinidade de trabalho de melhorias para fazer.
Mas parece dificil, o panorama da Cultura em Portugal continua sob fortes ameaças, apesar do estudo de Augusto Mateus.
É uma pena. Não conseguirmos erguer um debate ativo, eficiente e participado, sobre estas questões.

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