sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

O preço da gasolina

Custa habituarmo-nos à ideia de que não vai ser possível continuar a desperdiçar energia em acelerações dispensáveis, nos nossos carrinhos tão potentes, como até agora.
As contas seguintes são apenas hipóteses, dado não ter os elementos precisos disponíveis.

Seja o preço da gasolina dependente 50% da cotação do petróleo, 20% dos custos de transporte do crude, refinação e distribuição, 10% da cotação do euro em dólares, 10% dos impostos e 10% do lucro das gasolineiras.
P=P0 (0,5 pet/peto + 0,2 custos/custoso + 0,1 euro/euroo + 0,1 imp/impo + 0,1 luc/luco )

Hipótese 1 - a cotação do petróleo duplicou (aumentou 100%) mantendo-se os outros fatores constantes:
                          o preço da gasolina aumentou  0,5 x 100% = 50%
Hipótee 2 - os impostos duplicaram, mantendo-se os outros fatores constantes:
                          o preço da gasolina aumentou 0,1 x 100% = 10%
Hipótese 3 - a cotação do petróleo aumentou 10% mantendo-se os outros fatores constantes:
                          o preço da gasolina aumentou 0,5 x 10% = 5%
Hipótese 4 - os impostos aumentaram 10 % mantendo-se os outros fatores constantes:
                          o preço da gasolina aumentou 0,1 x 10% = 1%

É pena não ser bem divulgada a fórmula de cálculo e explicados os fatores de composição do preço. Era capaz de ser mais útil do que aqueles paineis com a indicação dos preços cripto-cartelizados. Até podia ser que os cidadãos concordassem com o aumento de impostos sobre os produtos petrolíferos para financiamento do metro (linha suburbana) do Mondego.
Este tipo de contas era muito bem explicado pelo professor Daniel Barbosa, quando demonstrava a fixação do preço da manteiga holandesa vendida em Inglaterra quando a libra se desvalorizava.
Mas pode tambem aplicar-se no cálculo das economias obtidas com cortes.
Por exemplo, se o peso dos salários num serviço é de 20% e há fatores de influencia mais elevada, então o esforço do corte deve ser aplicado nos fatores mais influentes para obter  maiores economias.
É como na economia dos consumos elétricos.
Tem de se ver primeiro a estrutura de consumos, para atacar nos fatores mais elevados.
É tudo uma questão de distribuição de fatores, por exemplo de rendimentos.
E aqui entra novamente o indicador de desigualdade de rendimentos ou coeficiente de Gini.
É por isso que me faz confusão ver economistas tão cotados como o senhor Trichet recomendarem com tanta enfase aos portugueses que reduzam os salários e flexibilizem os despedimentos.
Pensava que as contas já tinham demonstrado que o fator mais pesado nos desperdícios não era o trabalho, mas que se há-de fazer.
Provavelmente o filme Inside Job tem razão.
Os senhores economistas andam a ensinar coisas que sabem que não são verdade.
Ou então têm uma fé religiosa nas coisas que ensinam sem as submeterem à razão.
É uma hipótese.
Se fôr verdadeira, a hipótese, não é bonito para os professores de economia, pelo menos para alguns.


PS - Segundo informação de 7 de Março de 2011 a propósito da subida da taxa sobre os biocombustíveis de incorporação obrigatória no combustível (diretiva europeia), a contribuição desta para o preço final será da ordem de 5%. A contribuição dos impostos será superior à indicada na hipótese acima, e a da cotação do euro face ao dolar inferior.

Sem comentários:

Enviar um comentário