quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Um caso de instalações sanitárias na estação de metro do Campo Grande

Numa tarde dum dia pacífico de Janeiro de 2011, na entrada da estação de metro do Campo Grande.
Estação de correspondencia com os autocarros suburbanos.
Com uma pequena e simpática área comercial ao nível da rua.
Podemos comprar cristais Swarovsky, comer uma sopa, comprar flores para alguem especial, imprimir uma imagem numa camisola ou comprar uma papaia. Podemos ir à agencia bancária discutir crédito ou a falta dele, ou negociar um arranjo de roupa.
Estou a tirar fotografias junto duma das lojas e aponto às instalações sanitárias.



É de esperar que sejam muito concorridas, dado o fluxo de passageiros que por aqui passam a caminho do comboio, do autocarro, da casa ou do emprego,  ou então de simples cidadãos ou cidadãs que ocupam o seu tempo de ócio de reforma a participar no movimento humano.
E no caso destes cidadãos ou cidadãs, considerando a natural evolução dos organismos, por maioria de razão que seriam muito usadas.
Escrevi seriam porque, aproximando-me do pictograma universal das IS, vejo que há mais abaixo dois avisos colados no vidro da porta.


 Diz, em primeiro lugar, qual o horário de limpeza das IS. Mas depois diz que está avariado.

 Aprofundemos a investigação e espreitemos para dentro. Vejo a porta das IS dos Homens e bem escarrapachado novo letreiro "Avariado".

Concluo que não há nada a fazer.
Estão inacessíveis aos comuns dos mortais.
É uma pena, a avaliar pelo volume de ácidos nítricos e seus vapores em suspensão nos topos da estação, sob umas escadas de serviço, podia ser rentável a produção de compostos azotados a partir dos líquidos orgânicos  reciclados nas IS da estação.
Os custos poderiam ser repartidos por todas as empresas de camionagem servidas pela estação, pelo metropolitano e pela Câmara Municipal de Lisboa.
A produção de compostos azotados atenuaria a fatura.
Até se podia recordar Vespasiano ("o dinheiro não tem cheiro"), o primeiro imperador romano a taxar as latrinas, e aplicar uma taxa moderadora.
Mas como dizem os especialistas, é dificil integrar os transportes de Lisboa numa ação conjunta.

 Perdem-se no tempo, porque não é nova esta situação, as reclamações que os cidadãos e cidadãs já enviaram ao metro a pedir a reparação das IS.
Os projetos de reparação e beneficiação perderam-se por sua vez na burocracia.
À boa maneira portuguesa, cada responsável por cada serviço foi levantando o seu obstáculo a que o problema se resovesse, embora apresentando o obstáculo como a melhor sugestão.
Primeiro esperou-se que fosse aprovada a obra de instalação de elevadores para os passageiros com dificuldades de mobilidade para juntar as duas obras.
Depois alguém disse que o melhor seria esperar pela obra das quatro torres que vai começar em breve e entaipar a estação.
Quando a obra das quatro torres, ainda sem o projeto aprovado,  se atrasou porque sobreveio a crise dos investidores, a sugestão foi a de juntar a obra das IS à reparação do telhado. Ah! também foi preciso dar resposta à nova lei da segurança em edificios publicos, elaborando um pequeno projeto de remodelação da área comercial, de modo a facilitar a evacuação de emergencia.
Mas tambem isso não avançou porque as dificuldades burocráticas da nova lei de contratação pública colocaram mais uns obstáculos que levaram mais uns meses a ultrapassar (será que o Tribunal de Contas, tão presto a criticar as obras feitas, terá noção das obras não feitas pela falta de jeito do código de contratação pública, apesar das boas intenções e da boa ideia inicial para a simplificação e rapidez que nunca se conseguiu cumprir?).
E quando a obra das quatro torres finalmente viu o seu projeto aprovado depois de adaptado à realidade atual de contenção, alguem achou melhor mudar o projeto da obra de instalação dos elevadores, introduzindo mais um diferimento.

Eis por que estão colados aqueles avisos no vidro da porta intransponível, esperando uma intervenção divina, uma intervenção de semi-deuses, ou simplesmente que se comece a aplicar no nosso país os critérios de tomada de decisão e de organização do trabalho em equipa conforme descrito no livro que eu apregoo, "Sabedoria das Mutidões" , ed.Lua de Papel, de James Surowiecky.
E no fundo, quem passa já se habituou ao cheiro nítrico dos topos da estação.
E quando é inadiável, a questão resolve-se subindo a escadaria do complexo Alvaláxia, que foi o que eu fiz.

  

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