domingo, 1 de outubro de 2023

A rede suburbana antiga de Coimbra

 O texto do meu colega, que teve uma experiência muito rica na sua vida profissional como ferroviário e estudioso da ferrovia, ao evocar os tempos na antiga rede suburbana de Coimbra deixou-me com nostalgia.
https://www.publico.pt/2023/09/29/opiniao/opiniao/cartas-director-2064935

A geração anterior da minha família era de Coimbra e da Figueira, mas já ninguém da família lá vive nem nada me liga fisicamente às cidades. Apenas o lamento de decisões de acerto muito duvidoso. Coimbra ainda nos anos 60 do século XIX foi das primeiras cidades com rede de abastecimento de gás, a sua rede de distribuição de água era notável inaugurada em 1889 com uma estação de bombagem junto do Mondego, a tração elétrica foi aplicada aos tramways (1911 com fim em 1980) e aos troleicarros (1947 com fim em 1995). Digamos que o fim do século XX assistiu ao triunfo da ignorancia nos transportes urbanos de Coimbra. E agora, depois do triunfo dos autocarros e das autoestradas, temos a desmontagem dos carris para Lousã/Serpins e a inutilização da ligação ferroviária estação A - estação B. Aparentemente, os decisores e os seus assessores não terão estado com atenção na aula de Fisico-Quimicas do 9º ano, quando se explicou que o atrito e a resistencia ao movimento são menores na roda de ferro-carril do que no pneu-asfalto, o que requer menos energia. Ou ter-se-ão esquecido.

A estação Coimbra A parece que foi condenada; a B usada como pretexto para uma remodelação urbanistica assinada por mais um grande arquiteto, parece que o mesmo da encomiástica intervenção em Campanhã. 

Podia perguntar-se primeiro por onde dava mais jeito passar a linha de alta velocidade, e em função da resposta dizer-se onde é preciso intervir. Mas não, primeiro diz-se, a linha tem de ir a Coimbra B e a Campanhã, mesmo que para isso tenha de se torcer o traçado como se fazia no século XIX para as velocidades da época, e depois contrata-se um grande arquiteto, obviamente sem concurso publico internacional,  vangloriando-se o decisor dizendo que assim os passageiros são levados ao centro da cidade (como se os passageiros morassem no centro da cidade e como se não pudesse haver linhas de metro para isso).

Como escreve o meu colega, é pena, a linha devia seguir diretamente para norte, atravessando o Mondego de forma semelhante ao que faz a autoestrada,  e em Gaia deveria seguir diretamente para o aeroporto, mas não quiseram.

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