sexta-feira, 6 de outubro de 2023

Incidente contra a segurança no navio elétrico "Cegonha branca" da Transtejo

 Um notícia do Público de 4out2023 e outra do Tal e Qual divulgaram um incidente no novo navio elétrico daTranstejo que poderia ter causado um grave incêndio. As informações não são esclarecedoras, mas um curto circuito terá provocado a avaria da centralina (unidade de gestão dos sistemas elétricos) e o segurança terá desligado o circuito de ventilação das baterias de tração tendo o sistema de alarme funcionado e alertado outro trabalhador para a religação da ventilação. 

Insistindo que as informações disponíveis não são esclarecedoras, as baterias de tração estão alojadas nos dois cascos do catamarã e constituem dois sistemas independentes e redundantes (julgo que o sistema de alarme deverá estar dependente duma bateria separada). Dado que provavelmente se trata de baterias de iões de lítio do tipo MNC (lítio-manganésio-cobalto-níquel), os compartimentos das baterias devem estar permanentemente refrigerados através dum sistema, também redundante, de ventilação. Isto porque o risco de incêndio deste tipo de baterias, também utilizado nos automóveis elétricos, se deve às condições de elevadas temperaturas no verão no ambiente do Tejo. O lítio funde a 180ºC, os óxidos de manganésio e níquel são combustíveis  e a fusão do lítio provoca curto circuitos internos da bateria e explosão (https://fcsseratostenes.blogspot.com/2019/05/falando-de-numeros-o-18650-e-o-21700-e.html).

Se as baterias dos navios da Transtejo são do tipo MNC a segurança reside, para além do seu fabrico cuidado (o fabricante é a Corvus energy que já equipou mais de 750 navios) no funcionamento permanente ou permanentemente pronto a entrar em serviço, dos sistemas de ventilação. Do ponto de vista tecnológico, outro tipo de baterias de lítio, o  LFP, de fosfato de ferro, é mais seguro por ser mais imune ao incêndio, mas tem o inconveniente de ter uma densidade mássica de cerca de 0,1 kWh/kg, cerca de metade da densidade das baterias MNC. Na ausencia de informação , ignoro qual o tipo de baterias previsto no caderno de encargos e estimo que a autonomia  dos navios nele prevista seja de 20 km, o que para o tipo MNC daria 10 toneladas e para o tipo LFP 20 toneladas (com menor velocidade média).

Tudo isto deveria ser explicado pela Transtejo e divulgado por ser assunto de interesse público e com pormenores técnicos esclarecedores, e não como foi divulgado em comunicado tranquilizador conforme referido abaixo na notícia da "Rostos".

Adicionalmente, deveria o ministério do Ambiente promover uma comissão técnica para esclarecimento das condições de segurança e sua divulgação pública, sendo  que a garantia das baterias é do fornecedor dos navios por ser também o fornecedor das baterias (a situação seria mais grave se se tivesse seguido a indicação do TdC de encontrar um forneccdor de baterias diferente do fabricante dos navios). 




reportagem do incidente da desligação da ventilação das baterias do "Cegonha branca":                  https://talequal.pt/barco-da-transtejo-pegou-mesmo-fogo/

https://www.publico.pt/2023/10/04/politica/noticia/pcp-questiona-governo-servico-fluvial-transtejo-gestao-empresa-2065656https://www.publico.pt/2023/10/04/politica/noticia/pcp-questiona-governo-servico-fluvial-transtejo-gestao-empresa-2065656

informação da Transtejo, certificação do "Cegonha branca":                                https://www.rostos.pt/inicio2.asp?cronica=4002238&mostra=2

comentário à intervenção do TdC, riscos de incêndio das baterias de lítio:
https://lisboaparapessoas.pt/2023/04/13/navios-electricos-transtejo-baterias/

https://fcsseratostenes.blogspot.com/2023/03/os-navios-eletricos-da-transtejosoflusa.html

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