domingo, 1 de janeiro de 2023

Da economia de escala ao controle da flutuação da oferta

 Recentemente, um amigo comunicou-me a sua surpresa por, de viagem por Salamanca, verificar que o custo de vida nessa cidade era inferior ao de Lisboa. Constatada pelos especialistas uma diferença  em paridade do poder de compra pouco favorável aos portugueses, dado que o salário médio em Espanha é superior ao de Portugal, a mim, cuja  ignorância de economia é razoavelmente grande, fez-me recordar a pergunta da senhora administradora do metro que me perguntou porque era mais barata a obra de instalação de via no metro de Madrid do que no metro de Lisboa. Ao que eu lhe observei que, sendo o empreiteiro o  mesmo, e não tendo nós absorvido nenhuma comissão aquando da adjudicação, a razão era simplesmente a economia de escala. E mais lhe dei o exemplo que naquele momento havia no metro de Madrid em laboração três tuneladoras (TBM - tunnel boring machines) na obra dos seus prolongamentos, enquanto nós apenas tinhamos uma e infelizmente por pouco tempo mais (não nos admiremos da subida dos custos da obra atual do metro de Lisboa da linha circular e do prolongamento a Alcântara ser superior à da inflação, especialmente quando não é utilizada nenhuma TBM, de caraterísticas mais adequadas à geologia dos terrenos do que o método utilizado NATM - new austriac tunneling method - e de menor pegada ecológica) .

Aliás, a diferença de custos de produção de bens alimentares entre Espanha e Portugal é patente também nos nossos supermercados quando vemos a origem dos produtos. O que me faz recordar as aulas de Daniel Barbosa, ex ministro de Salazar , no IST dos anos sessenta. O preço das maçãs subia imenso por escassez, fora de época (havia menos importação, naqueles tempos, com desprezo por David Ricardo) e então Daniel Barbosa, sempre respeitando que o preço fixa-se pela oferta e não pela procura ou por tabela, perguntou à CP se tinha vagões frigoríficos para "aguentar" as maçãs durante  o ciclo descendente como os condensadores na corrente alternada, ao que um simpático chefe de estação a quem a hierarquia (já havia executivos ignorantes naqueles tempos) fizera chegar a pergunta respondeu que sim, que tinha uns vagões muito frescos que era onde passava as suas sestas no verão.

Ou como diriam os nossos irmãos brasileiros, Evoé.

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