sábado, 30 de novembro de 2013

Torturem os números que eles confessam, ou a propaganda que o governo faz com a estatística



Torturem os números que eles confessam, livro de Pedro Girão Nogueira Ramos.
Ou de como a mentira dos senhores governantes é apresentada como verdade estatística.
O artigo no jornal de economia, a propósito da divulgação da estatística do Eurostat, de diminuição da taxa de desemprego de 17,6% para 15,7%,  mostra em fotografia sorridente o senhor ministro da Economia com a legenda “economia portuguesa está a melhorar e a gerar postos de trabalho”.
É parte da verdade, pelo menos com base nos dados recolhidos, com a reserva de que a margem de erro dessa estatística pode ser superior à melhoria registada. 
E também que a melhoria registada se refere ao trimestre anterior, porque relativamente ao período homólogo do ano anterior, piorou (menor número de pessoas empregadas).
Consultado o INE, verificam-se os seguintes dados (em milhões):

                                                          3ºT/2012                 3ºT/2013     

nºde desempregados  (1)                       0,871                       0,839

nº de empregados  (2)                           4,657                      4,554

população ativa   (3)=(1)+(2)                5,528                      5,393

taxa de desemprego  (4)=(1)/(3)         0,1576                     0,1556

emigração (suposta igual à dimi-
       nuição da população ativa  e
       total)      (5)=(3)2012 – (3)2013           -                         0,135 

população total   (6)                             10,487                  10,352

taxa de emprego  (7)=(2)/(6)              0,4441                  0,4399



Em resumo: desde o mesmo período do ano passado, o número de desempregados diminuiu 32.000 (principalmente à custa da emigração), e o número de empregados diminuiu 103.000 (por fecho de empresas e por emigração, mas admitamos que foi só por emigração).
Isto é, o número de empregados diminuiu 3 vezes mais do que o numero de desempregados.
Então a taxa de desemprego diminuiu num ano 0,20% (passou de 15,76%, e não 17,6% como referiu o Eurostat, para 15,56%) e a taxa de emprego baixou 0,14%   (passou de 44,41% para 43,99%).
Se construirmos o indicador  (desempregados + emigrantes)/(população ativa+emigrantes) , obteremos uma taxa de desemprego de 17,57%

É claro que todos estes valores dependem da fiabilidade da recolha dos dados respetivos, sabendo-se como é remota a probabilidade de traduzirem a realidade completa, e estão certamente no intervalo de erro, pelo que é uma mentira a auto-satisfação dos senhores governantes, ou simples manifestação de ignorância ou negligencia matemática, ou aparentemente, má-fé.

O que estes números indiciam é o que se vê no dia a dia, precariedade dos empregos, fecho de empresas como os estaleiros de Viana do Castelo e uma população em idade útil desaproveitada e ofendida quando é responsabilizada pelo seu próprio insucesso ou pelas consequências da ausência de politicas de pleno  emprego, como manda o art.58 da Constituição o governo desenvolver.

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

As coisas mudam...

As coisas mudam, vão mudando...quem diria, que ao fim de 18 meses de operação, a Easy Jet receba um pré aviso de greve par ao Natal e Ano Novo.
Terão de se habituar, os cidadãos e cidadãs que tanto criticam os trabalhadores das empresas publicas de transportes, à ideia de que os das empresas privadas tambem fazem greve.
A razão é simples:  a Easy Jet tem abusado, tal como a troika e os senhores governantes, na desvalorização do fator trabalho.
É uma forma de incentivar a luta de classes, e é uma forma errada de gerir, salvo melhor opinião.
A componente do fator capital nos custos de produção, graças às tecnologias que proporcionam aumentos de produtividade cresce. O custo do fator trabalho diminui. Não parece portanto lógico estar a diminui-lo artificialmente comprimindo os salários e dificultando a vida dos trabalhadores através de horários desfavoráveis.
Por outras palavras, se os senhores gestores querem melhorar as contas, invistam na racionalização do que tem maior peso nos custos, nos ativos do capital intensivo.
Eu penso que talvez seja isto também que o senhor presidente da CCP queria dizer quando comentou as afirmações do senhor vice presidente da comissão europeia que se manifestou muito feliz com o que viu em Portugal e que reduzir salários nesta fase é ótimo porque aumenta a "competitividade". Disse João Vieira Lopes: os economistas da troika desconhecem como funciona a economia portuguesa.
E assim sintetisou a grande questão: a troika desconhece como funciona a economia portuguesa, os senhores ministros também, nas respetivas áreas (exceção para os senhores ministros da saúde e da energia e ambiente). Assim não admira que os resultados sejam maus.
E quando vêm muito contentes dizer que o "empreendorismo" (extraordinário como o senhor ministro da Economia diz esta palavra) está a dar resultados, ou que as exportações são irrevogavelmente o máximo e o desemprego está a baixar (por mais que lhes expliquem que os critérios com que o Eurostat mede o desemprego tem uma margem de erro superior às melhorias que eles vêem, que o desemprego juvenil continua a subir, que a taxa teórica de desemprego pode estar a baixar mas a taxa de destruição de empresas e  de empregos continua a aumentar, que o peso das exportações no PIB continua demasiado pequeno, que a dependencia das importações continua insustentável, e que a principal componente das exportações são os combustíveis refinadas só possivel por decisões do anterior governo).
Não vale a pena, os pobres desconhecem mesmo, e o desconhecimento das coisas é maneira mais eficaz de destruir a economia, que parece ser o objetivo do atual governo (para depois dela destruida poder voltar a crescer, como diz o senhor primeiro ministro, por outras  palavras, mas é o que diz). Ou de como o maior grau de competencia para atingir um objetivo pode ser o desconhecimento e a ignorancia.
Como se pode ver no caso exemplar dos estaleiros de Viana do Castelo, contribuintes liquidos para o aumento da taxa de desemprego e para a diminuição da atividade produtiva do país. Ver o ar de auto satisfação do senhor ministro da defesa repetindo que tomou as melhores decisões ajusta-se perfeitamente à afirmação anterior, desconhecimento de como funcionam as coisa (neste caso, como se constroem navios como se põem ao serviço do país e como se justificam os 181 milhões de euros de "ajudas" porque nada proibe um Estado da UE de ter uma industria própria de defesa nacional). Aí temos pois um caso de competencia assegurada pelo desconhecimento. Se houvesse conhecimento, poderia acusar-se o senhor ministro de irresponsabilidade, por insistir que tomou boas decisões enquanto se ri. ou de má fé, o que não pode fazer-se porque o direito romano não autoriza fazer juizos de intenções. Além de que o senhorministro tem outra atenuante, que é a da fé cega que tem nos dogmas das privatizações. E sabe-se da psicologia que a fé pode ser uma barreira intransponível ao conhecimento.
Salvo melhor opinião, claro.
Mas como comecei por dizer, as coisas vão mudando, as empresas de transportes privadas já vão tendo as suas ameaças de greve (à atenção do senhor secretário de Estado das privatizações e concessões dos transportes).

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Sugestão à senhora ministra das Finanças para reforço do orçamento de Estado para 2014

Senhora ministra

Custa-me andar por aí a dizer-se que não há alternativas aos cortes que tão contabilisticamente inscreveu no OE 2014.
De acordo com a estatística que o DN publicou em 28 de Novembro de 2013, ficaram de parte,ou melhor dizendo, V.Exa superiormente rejeitou 466 propostas das 473 que a “oposição” propôs na Assembleia da República.
Vá que ainda houve magnanimidade e generosidade para aceitar 7 medidas.
É impossível, por mais disparatadas que as medidas fossem, que tantas o fossem.
É dos princípios estatísticos.
É impossível errar tanto, a distribuição de Gauss e a de Poisson, por mais que utilize o argumento de que não há dinheiro, não deixam (sei que a senhora valoriza este argumento, que a senhora gosta de Estatística).
Bom, esse argumento da falta de dinheiro e o da falta de alternativas fraquejam um pouco quando se vê a taxa de enriquecimento dos 25 mais ricos.
Não há alternativas?
Taxar o jogo online não é alternativa aos cortes das pensões?
Eram 20 milhões, não era?
Alguém proibiu?
Ou mandou adiar, simplesmente?
Adiar os pagamentos anuais das PPP também era alternativa, mas V.Exa não concorda (869 milhões este ano, não é? isto para não dizer que as contas foram feitas com base num custo de construção duplo do real; coisas desagradáveis que o comparador público concluiu, o que reduziria a dívida de 2013 para 600 milhões, preço para amigo, se os senhores financeiros soubessem o valor real das coisas).
Idem para a proposta de taxar todas as transações do multibanco sem repercussão nos clientes (imagino que o dr Vítor Bento ficaria muito zangado consigo se concordasse).
De modo que tomei a liberdade de lhe fazer uma sugestão pacífica, em que todos ganham, really win-win (se repetirmos muitas vezes, acreditaremos que é mesmo win-win).
Mas não se ria, é a sério.

Seja a valorização das ações dos 25 mais ricos em 2013 segundo a Exame: 2.300 milhões de euros (não há dinheiro…) e tomemos a bolsa de Lisboa às 08:00 do primeiro dia do futuro de um país com futuro, em que é suspensa a cotação de todas as ações desses 25 mais ricos.
08:01 – é dada ordem de compra pela Parvalorem de todos estes ativos; a Parvalorem  deposita o seu justo valor nas contas à ordem dos respetivos ex-detentores das ações.
08:02 – é depositado, por transferencia das contas dos vendedores, como cobrança de imposto de transações, na conta da Autoridade tributária e aduaneira, 5% do valor total da valorização, isto é, 115 milhões de euros.
08:03 – é dada e executada ordem de recompra de todas as ações pelos anteriores proprietários, os referidos 25 mais ricos, pela cotação das 08:00; a Parvalorem recupera o seu dinheiro (coisa pouco vista, mas não totalmente impossível do ponto de vista físico).
08:04 – os 25 mais ricos retomam a  posse das ações que detinham às 08:00, mantendo assim a sua fortuna em ativos de bolsa; o Estado e os contribuintes ficaram menos pobres ou ficarão menos endividados no valor de 115 milhões de euros.
Alinha, senhora ministra? e para o ano também, considerando que a crise vai continuar, propiciando assim a valorização dos ativos dos 25 mais ricos?
Poderá dizer que foi uma compra hostil, forçada. Então está bem, em vez de 5% reduza-se o imposto para 1%, o que dá 23 milhões de euros. Afinal o mesmo que o imposto perdido do jogo online, que de facto a bolsa é um jogo. Mas se ficar chocada com o pagamento do imposto em dinheiro, porque não pagá-lo com as próprias ações valorizadas, para depois a Parvalorem vender como suas? Assim já os 25 mais ricos não tinham de pagar nada. Além de manterem a sua fortuna/património de um ano para o outro, contrariamente à maioria das pessoas, com uma componente de património não comparável com a dos 25 mais ricos, as quais viram os seus rendimentos diminuir de um ano par o outro.

Lembrei-me desta sugestão também porque circula a informação que as ações do Royal Mail foram vendidas pelo estado inglês, no mês passado, pelo preço unitário de 3,94 euros, e agora estão a ser vendidas entre os “investidores” a 6,70 euros.
Isto tem um nome, que é favorecimento de investidores, convidando-os ao “short selling”.
É ainda verdade que a JPMorgan está a assessorar os CTT para que estes desvios de mercado não aconteçam na gloriosa privatização que se avizinha. Detem um lote de ações prontas a serem vendidas se a procura inicial subir muito o valor das ações, ou comprará se não houver procura e elas estiverem abaixo do valor que os “sábios” definiram, manipulando assim o mercado (atenção, tal como diz o “prospeto”, não deixe que a informação chegue a investidores dos USA, Japão ou Canadá, que eles não gostam deste conceito de manipulação). Aliás, por falar em JPMorgan, esta honesta firma é a mesma que foi condenada nos USA a pagar uns milhares de milhões de euros de multasitas por causa da crise de 2008. Imagine-se o valor das multasitas se no Tesouro americano não estivessem ex-funcionários do Goldman Sachs nem nas nossas instituições financeiras públicas ex-funcionários do JPMorgan.
E por associação de ideias, estou a lembrar-me também da estorinha da companheira de voo de Millor Fernandes, muito escandalizada com um convite que ele lhe fez no início da viagem, tão escandalizada que ele lhe perguntou: Porque se escandaliza? Só estou a discutir o preço.

PS em 29 de novembro - Sobre o mesmo tema, José Manuel Pureza referiu que as crises proporcionam o aumento das desigualdades tambem reforçando os monopólios dos mais ricos, que em Portugal nunca houve capitalismo popular e citou o padre António Vieira:
"Não só vos comeis uns aos outros, senão que os grandes comem os pequenos. Se fora pelo contrário, era menos mal. Se os pequenos comeram os grandes, bastara um grande para muitos pequenos; mas como os grandes comem os pequenos, não bastam cem pequenos, nem mil, para um só grande... A diferença que há entre o pão e os outros comeres é que para a carne há dias de carne, e para o peixe dias de peixe, e para as frutas diferentes messes do ano; porém, o pão é comer de todos os dias, que sempre e continuadamente se come: e isto é o que padecem os pequenos. São o pão quotidiano dos grandes; e assim como o pão se come com tudo, assim com tudo e em tudo são comidos os miseráveis pequenos".
PS em 2 de dezembro - declaro que não enviei carta nenhuma deste teor ao senhor ministro das finanças da Grécia, que veio dizer que estava a pensar em taxar os ativos financeiros de particulares e empresas superiores a 300.000 euros. Penso que é coisa que nunca passará pela cabeça da senhora ministra portuguesa,  mas é um assunto interessante a seguir. É possivel que na Grécia os senhores governantes já tenham abandonado a expressão "não há dinheiro", e embora não tenham resolvido as grandes perguntas "donde vem o dinheiro?" e "para onde vai o dinheiro?", coisas que qualquer principiante do método científico consideraria prioritárias de saber, estejam analisando seriamente a questão "onde há dinheiro?".  

   

Mais uma vez chamo a atenção dos senhores governantes - o desastre de São José de Rio Preto




Mais uma vez chamo  a atenção dos senhores governantes que na sua auto-satisfação preparam a concessão de linhas ferroviárias, embora seja muito ténue a esperança de ser ouvido.

Como diz Medina Carreira, “não vale a pena perder tempo”, neste caso com muitos inquéritos e investigações ao acidente-descarrilamento de um comboio de mercadorias em São José do Rio Preto.
Há anos (2004) que o ministério público intimou o concessionário ALL a renovar a via férrea. Como não o fez, o concessionário foi multado em cerca de 350.000 euros, mas o acidente sobreveio com a morte de 8 moradores.
A foto de 2004 mostra o estado do leito de via.
Tudo indica que o aterro em que o balastro assentava abateu depois da passagem da locomotiva e dos primeiros vagões. Formando-se um bico (considerando um plano vertical longitudinal no sentido longitudinal da via), um dos vagões intermédios é bloqueado e os seguintes fazem o efeito de harmónio perpendicularmente à via, destruindo as habitações.
Este é um exemplo dos riscos de concessionar uma via férrea sem existir poder de regulação e fiscalização por parte da autoridade de transportes.
A história já regista casos inadmissíveis como a experiencia inglesa pós Thatcher, os acidentes na Bélgica, na Áustria e na Saxónia-Anhalt.
Os acidentes acontecem no serviço público, e cortar na manutenção e nos recursos humanos aumenta a probabilidade deles ocorrerem, mas a experiencia mostra que este é mais um setor “irregulável” sempre que as empresas concessionárias são fortes.
Os acidentes acontecem por convergência de causas (neste caso, por falta de manutenção, por excesso de tonelagem ou de passagem de muitos comboios sem manutenção da via, por falta de formação dos maquinistas para reportar deficiências, por arrastametno dos inertes do leito de via por excesso de chuvas, etc) e o seu risco é avaliado conjugando a probabilidade da sua ocorrência (baseada no histórico) com a gravidade das suas consequências.
A probabilidade do concessionário “poupar” na manutenção, como se vê no vídeo da notícia da ligação, e a probabilidade do órgão oficial regulador “falhar” na sua regulação, são ambas grandes, pelo que o risco é inadmissível consoderando a gravidade das consequências.

Por isso se alertam os senhores governantes, para que a sua consciência não venha a atormentá-los, eventualmente, por mortes de inocentes.

Estaleiros de Viana do Castelo em 27 de novembro de 2013

É chocante, no dia em que se soube que o governo açoriano, encomendou dois navios para transporte inter-ilhas, certamente mais velozes do que o Atlantida (mas que provavelmente navegarão a velocidades inferiores ao contratado por restrições energéticas), ver a auto-satisfação do senhor ministro da defesa ao anunciar que a Martifer, empresa concessionária dos estaleiros de Viana do Castelo, poderá criar 400 novos empregos, depois do Estado pagar 30 milhões de euros aos 600 trabalhadores do estaleiro que vai despedir. Muito orgulhoso por "garantir" direitos, quando não garante o direito ao trabalho expresso na Constituição da Republica Portuguesa.
O governo açoriano paga anualmente um frete de 6,1 milhões de euros por 2 navios (é verdade que mais rápidos, mas um deles já antigo e sem a manobrabilidade do Atlantida) e recusou-se a comprar o Atlantida por 48 milhões de euros.
Nada existe na legislação portuguesa que permita classificar isto como um crime,  mas para a minha consciencia é-o, por configurar ações premeditadas e por omissões por negligencia conduzindo à progressiva degradação dos estaleiros.
Mais uma vez refiro que os 180 milhões de euros injetados por anteriores governos podem ser compatíveis com a legislação europeia se considerarmos que foram utilizados na área de defesa do país, que o projeto do Atlantida foi imposto aos estaleiros que tiveram de o adaptar às condições dos Açores aumentando o peso e reduzindo a velocidade para os mesmos motores, e que foram criadas condições de dificil ultrapassagem para cumprimento do contrato dos dois asfalteiros para  Venezuela.
PS em 28 de novembro - Embora mantendo que o senhor ministro da Defesa não domina o negócio marítimo e deixou por inépcia degradarem-se os estaleiros de Viana do Castelo, tenho de reconhecer que é suficientemente hábil para convencer os cidadãos das suas razões. Ouvi pessoas simples, protestando contra as dificuldades atuais que afetam a maioria, mas concordando com o fecho dos estaleiros por não darem lucro. Claro que se se estrangular uma empresa ela nunca dará lucro. Não tenho pena das pessoas como o senhor ministro que estragam uma empresa e afetam a vida dos seus 600 trabalhadores (tomando o exemplo de um com 50 anos, recebe agora a indemnização de 50.000 euros; até à reforma são 192 meses, isto é, 260 euros por mês - o que não seria grave se o governo cumprisse o preceito constitucional: desenvolver politicas ativas de emprego) e do que poderão sofrer se a sua consciência um dia recusar as desculpas dos dogmas neo-liberais e da realidade virtual jurídica do senhor ministro. Tenho pena sim, até porque estou geracionalmente mais perto, dos pais dos senhores governantes que assim, nas palavras de Paul de Grauwe, "magoam o seu povo" e ainda se riem, ou nas palavras de Pacheco Pereira, "salgam o país", inviabilizando o progresso.
PS em 4 de dezembro - enquanto a Martifer vai fazendo promessas verbais, enquanto o senhor ministro da defesa se congratula com o seu colega da administração interna pela inauguração do sistema de vigilancia costeira sem interligação ainda a Espanha, com lacunas de cobertura graves, e sem eu (defeito meu, certamente) perceber o papel da Marinha , enquanto o mesmo senhor ministro se escandaliza porque alguém perguntou se o seu escritório de advogados tinha tido negócios com a Martifer, enquanto o mesmo senhor ministro continua com sorrisos seráficos a dizer que fez o melhor negócio, vem a saber-se que os custos de operação dos estaleiros foram de 101 milhões de euros, o que tem o risco de condenação de Bruxelas (recordo que os 181 milhões de euros que levaram o senhor ministro a propor a privatização falhada podiam justificar-se com gastos da defesa nacional) porque coincidiram com o boicote das encomendas de 3 milhões de euros de chapa e motores para os asfalteiros conduzindo à inação dos trabalhadores (apesar da carteira de encomendas dos patrulhões, tambem isentados pelas diretivas europeias da lei da concorrencia por se tratar de assunto estratégico de defesa nacional). Inação essa que pode tambem classificar-se como gestão danosa por despesa sem contrapartida. E admiram-se de ser proposto um inquérito? Esperemos que não venha a ter de se pagar uma multa por incumprimento do contrato dos asfalteiros (paga-se o que for preciso para privatizar o que for possível; parece que a próxima são os seguros da CGD, coisa que qualquer profissional bancário sabe que é um disparate, separar uma seguradora de um banco, uma vez que os contratos de seguros de bom fim são essenciais para qualquer politica de exportação; mas que fazer, se eles não sabem o que fazem).

Algirdas Semeta, comissário europeu para as taxações aduaneiras

Escondida num cantinho do jornal, uma notícia que deveria ter saído na primeira linha e ativado um controle de verificação da evolução do caso para daqui a um mês ou dois: o comissário europeu para as taxações aduaneiras, Algirdas Semeta, apresentou medidas de alteração do regime fiscal para evitar a fuga aos impostos através de empresas mãe sediadas num país com filiais noutros países. Transferindo lucros de uma para outras através de empréstimos, é atualmente possível escapar aos impostos, como aliás já tinha sido denunciado na Assembleia da República a propósito da Jerónimo Martins e da EDP e das suas sedes ou filiais na Holanda. É muito interessante ver que é da própria UE que vêm as soluções que o fraco governo se mostra incapaz de aplicar aos fortes grupos económicos.
E que dirão agora daquele argumento que não se devem beliscar os grandes grupos porque eles podem emigrar?
Assunto a seguir.
PS em 28 d enovembro - consta que foram pedidas explicações à Holanda , Irlanda e Luxemburgo sobre as "facilidades" fiscais que concedem às multi-nacionais, mas só se falou da Apple, da Starbucks... 


terça-feira, 26 de novembro de 2013

Problemas de Energia em Portugal - Olhos nos olhos, programa da TVI em 25 de novembro de 2013

O convidado do programa era o engenheiro Henrique Gomes, o secretário de Estado da Energia demitido pelo atual governo, que assim manifestou a sua incompetencia em assuntos técnicos.
Mas Henrique Gomes fugiu à explicação da sua demissão, comentada na imprensa como tendo sido celebrada com champanhe pela direção da EDP.
Preferiu concentrar-se na problemática da energia, chamando a atenção para que as instituições reguladoras não têm força e que os célebres CMECs (contratos de custos de manutenção dos equilíbrios contratuais - eufenismo para retirar os riscos da exploração dos operadores) deveriam ser renegociados porque nada há nas diretivas europeias que o proiba.
E com isso explicou a sua demissão, mostrando complementarmente os gráficos com a subida de receitas da EDP e dos outros operadores à custa dos consumidores e, no futuro, graças ao defice tarifário, dos contribuintes.
Discordo de Henrique Gomes quando manifesta esperança para Portugal nos preços baixos do petróleo e gás de xisto que recolocou os USA como produtores autosuficientes e exportadores independentes do médio Oriente. Penso que os transportes têm de se adaptar à tração elétrica (ou por hidrogénio obtido por eletrólise a partir das eólicas) e aumentar a capacidade de armazenamento da rede elétrica.
Mas o seu testemunho é precioso para mostrar a inexistencia de estratégia do atual governo e o protecionismo escandaloso que pratica relativamente aos interesses dos grandes produtores.
Como Medina Carreira comentou, se o mercado não funciona, justifica-se a renacionalização da REN e da EDP (o que, quanto a mim e nas condições reais existentes, não existem diretivas eurpeias que o impeçam).
Não pode honestamente o atual governo dizer que os contratos CMEC (e os memorandos com a troika) são intocáveis quando repete à saciedade os seus anseios de revisão da Constituição e quando altera unilateralmente os contratos sobre reformas e pensões.
Em linguagem mais divulgada, é assim possível, com base no parecer de Henrique Gomes,
 renegociar as tais "rendas" da Energia.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Ainda os complementos de reforma e o art.73 da lei OE 2104



Manifestação de 26 de novembro contra os cortes de pensões no OE 2014; terrível o significado dos taipais corridos, nas lojas de um lado e doutro da rua 

apoio de um morador à passagem da manifestação de 26 de novembro


Meu caro amigo jornalista


Faço parte de um grupo de reformados que sofrerão, no seguimento da aprovação do art.73 da lei do orçamento para 2014,  cortes nas suas pensões superiores aos valores médios da maioria dos pensionistas.
Combinámos entre nós tentar a maior divulgação das condições em que os cortes serão feitos, pelo que me lembrei de si para o caso de ver utilidade em escrever sobre o tema.
Devo confessar que receio que nos considere como aos pilotos e marinheiros de que falou numa das suas crónicas, e que sobrecarregavam as naus com sedas e artigos de luxo subtraídas às contas dos impostos para o rei, e que da sobrecarga resultou o naufrágio nos mares do Índico.
Isto é, como os privilegiados das corporações das empresas públicas como o metropolitano de Lisboa, auferindo ordenados e regalias  muito superiores aos dos comuns mortais.
É possível que fossem privilégios e que eles tenham contribuído para o descalabro geral, numa “bebedeira”, como diz João César das Neves de facilitismo no acesso ao dinheiro e de abuso depoder de "corporações".
Embora, aprofundando um pouco mais as razões históricas, eu encontre motivos mais plausíveis para os naufrágios no Indico por fadiga dos cascos das naus e galeões, na inovação da querena italiana e da ganancia na rapidez da construção ou da reparação dos navios. Inclinar as naus para calafetar os fundos sem ter de as imobilizar nos estaleiros, a seco, aumentava os lucros dos armadores, mas as tábuas do casco ficavam mal calafetadas. Sobrevindo tempestades no Índico, dificilmente as naus resistiam.
Sem querer desculpar a ganancia dos pilotos e dos marinheiros contrabandistas de sedas.
Assim também os reformados do metropolitano de Lisboa contrataram com a entidade empregadora, ao serem admitidos no período de 1973 a 2005, que na altura da reforma a empresa lhes ficaria a pagar um complemento de reforma de modo que a soma da pensão calculada pela segurança social com esse complemento igualasse 80% dos últimos ordenados.
Regalia? Privilégio relativamente às outras “corporações”?
Talvez, sendo certo que em ambiente normal as regalias de uns “puxam” pelas dos outros. Que a haver nivelamento deverá ser por cima e não por baixo que se nivela. Acabámos com os ricos em Portugal - dizia a anedota de Otelo na Suécia – mas nós acabámos com os pobres, aqui na Suécia, respondeu o sueco. Como poderia eu adivinhar que a anedota se iria tornar realidade, não a de Otelo na Suécia, mas a dos simpáticos rapazes do MRPP que conseguiram finalmente em Portugal uma revolução cultural castigando os médicos, professores, engenheiros, juízes, que recebem complementos de reforma para que não descontaram nas suas carreiras contributivas e que receberam ordenados muito superiores aos dos explorados.
O meu caso não será o mais significativo, mas recordo que em fevereiro de 1974 entrei para o metropolitano de Lisboa com um ordenado de 11 contos, recusando um emprego na EFACEC que me pareceu de menor interesse técnico, mas remunerado com 14 contos, que rapidamente subiram para 17 contos, enquanto eu esperei um ano para ser aumentado para 12,5 contos.
A “promessa” contratual de mais tarde haver complemento de reforma era uma maneira de convencer jovens técnicos a aceitar os menores salários. Quer se tratasse de engenheiros, quer de eletricistas e serralheiros, que no “mercado”, mesmo depois do 25 de abril, facilmente encontravam melhores ordenados.
Até 1980, os nosso colegas da CP, por exemplo, tinham melhores ordenados, tal como os das empresas privadas. A partir do fim dos anos 80, com os fundos europeus e o desbloqueio de verbas para as expansões da rede de metro, os ordenados subiram, efetivamente, mas sem ultrapassarem os colegas da “privada”.
Até que a crise sobrevem e nos vemos com níveis de salários e condições de reforma melhores do que a maioria dos concidadãos.
As administrações do metropolitano, desde o fim dos anos 90 enveredam por uma politica de redução dos quadros de pessoal (apesar do aumento da rede) sem cuidarem dos aumentos de encargos para a segurança social.
De repente, vejo-me sem quadros intermédios (mestres e contramestres) porque foram convidados pelas administrações a pedir a reforma antecipada, compensada pelos complementos de reforma (no fundo, o complemento de reforma equivalia à indemnização por rescisão de contrato e subsequente espera pela reforma). Técnicos dedicados com menos de 60 anos, com carreiras contributivas de mais de 40 anos porque começaram cedo a trabalhar, desapareciam (notar que a idade legal de reforma era de 62 anos).
Tanto as direções de recursos humanos como as administrações se revelaram insensíveis aos nossos protestos.A “consigne” era reduzir quadros e os complementos de reforma eram um meio para isso.
 Agora, queixam-se as administrações e o inefável senhor secretário de Estado de que se gastam por ano 13,6 milhões de euros em complementos de reforma para os 1450 pensionistas que recebem em média, cada um, 670 euros mensais de complemento de reforma.
Dirá, e é verdade, que a maioria dos pensionistas nem isso recebe de pensão de segurança social e que esses 670 euros de complemento são uma injustiça.
Assim como foi uma injustiça social eu ter tido ordenados 5 e 6 vezes superiores a outros empregados do metropolitano, ou 10 vezes superior ao da menina que me servia o café no Colombo.
Eis porque se levantou a onda de “justiceirismo” à moda da revolução cultural maoista dos anos sessenta e do MRPP dos anos setenta, e vamos cortar a direito as reformas para que não se contribuiu e se necessário (as da SAPEC, da CGD, do BP, também?), vamos pôr os engenheiros e os professores reformados a servir cafés no Colombo para pagarem os IMIs das mansões em que vivem.
Ironicamente, a propósito de MRPP e da presidencia da Comissão Europeia atualmente desempenhada por um antigo militante desse partido, existe uma diretiva da UE, discretamente já transposta para a legislação portuguesa,  que garante o pagamento dos complementos de reforma depois da insolvencia das respetivas empresas.
Mas é melhor dar-lhe exemplos:
Um colega meu, engenheiro mais velho, recebe de reforma da segurança social mais complemento de reforma 2000 euros; como o complemento é de 1000 euros, vai passar de 2000 para 1000 euros por mês. Redução de 50% (valores ilíquidos).
Outro colega recebe 2000 euros sendo 700 de complemento; são 35% de redução.
Um colega eletricista recebe  1600 euros sendo 650 de complemento; são 40% de redução. Neste caso, quero destacar que a carreira contributiva foi de 46 anos ! Começou a trabalhar aos 14 anos; é exploração infantil e é vedar-lhe o acesso à instrução secundária. Pagava-se bem a um eletricista de sinalização, no metro? Talvez, mas se um eletricista se enganar numa ligação elétrica pode ocorrer uma catástrofe…
Mas não quero justificar as “regalias” com as dificuldades de construir e manter infraestruturas ou de explorar e conduzir comboios em condições de segurança (se um maquinista de 35 anos “chumbar” num exame médico de rotina, o que fará a entidade privada que tomará a concessão do metro? despedi-lo-á por inútil, para não agravar os resultados operacionais?) .
Quero apenas chamar a atenção para que, no período de imposição de sacrifícios em que vivemos, raramente os cortes de rendimentos atingem valores tão gravosos como os valores que referi, sendo que há colegas que têm uma redução de 60% (pior caso:  total1418 euros, sendo 839 euros de complemento, ou 60% de corte).
Melhor do que a minha argumentação, poderá ver no anexo o texto enviado aos grupos parlamentares e ao provedor de Justiça, na esperança  de que o artigo 73 não seja aprovado.

Os partidos da maioria já estão fazendo o seu marketing, dizendo que o que o artigo diz é que os complementos de reforma serão suspensos e não cortados enquanto os resultados operacionais forem negativos (a maioria dos metropolitanos por esse mundo fora têm resultados negativos; não os têm quando estão dispensados de pagar os custos do financiamento das obras, quando não são obrigados a suportar custos sociais de transporte abaixo do preço de custo, quando lhes são destinadas as mais valias urbanísticas decorrentes da sua existência, ou quando a economia é suficientemente rica para as empresas com mais de 9 empregados pagarem o “versement” que pagam de Paris a Marselha).

E pela minha parte, aqui lhe deixo estes elementos, para os utilizar como achar melhor, ou simplesmente não os utilizar se não vir oportunidade para isso.

Com os melhores cumprimentos









domingo, 24 de novembro de 2013

Para si, a privatização dos CTT


Exmo Senhor Francisco de Lacerda,
dignissimo presidente do conselho de administração dos CTT


Assunto: Privatização dos CTT

V.Exa não me conhece.
Sou um dos destinatários que receberam a sua carta subordinada ao tema em epígrafe.
A carta, envolta num sobrescrito com o símbolo dos CTT e um endereço "Para si", é um convite que V.Exa faz de forma delicada e simpática, formulando o desejo de que eu "esteja cada vez mais presente na vida de uma grande empresa".
Tal delicadeza e simpatia merecem, só por si, que a carta seja respondida.
Faço-o porém com tristeza , por não poder aceitar o convite.
É-me impossível subscrever ações depois de a minha família ter sido prejudicada pela insignificancia das indemnizações correspondentes ao "crash" da bolsa no seguimento da crise petrolífera de 1973.
Também o que colegas meus perderam depois da euforia da reabertura da bolsa, levados, levados sim, pelo pensamento do capitalismo popular de Thatcher, ao subscrever ações de que tiveram de se desfazer, me impede de aceitar o convite.
Podia ser por uma razão ideológica, o não poder subscrever ações, mas não é, é um simples ato de gestão, ao observar os insucessos que citei, ou as declarações de economistas com cargos dirigentes na politica nacional, alertando para os riscos bolsistas ou confessando privilegiar produtos financeiros mais seguros, como certificados de aforro ou obrigações do Tesouro.
Melhor dizendo, segundo a sabedoria popular, que é um ato de boa gestão, não querer mexer em equipa ganhadora, como a carta de V.Exa expressamente refere que é, ao enumerar os bons resultados alcançados.
É também um ato de prudencia, ou talvez do que V.Exa poderá chamar de desconfiança popular de um empreendimento do capitalismo popular, se pensarmos que atenção poderão dar os grandes investidores que irão poder tomar as decisões sobre a estratégia da empresa, aos pequenos acionistas.
E não só de desconfiança popular, se pensarmos que nem sequer se sabe se os CTT poderão formar um banco postal.
Não gostaria de retribuir a simpatia do convite de V.Exa com um trocadilho desagradável, mas peço-lhe que me releve o considerar o apelo à participação nesta privatização como "populismo capitalista".
E que considere nessa relevação  o choque que profundamente feriu a minha sensibilidade ao ler, no prospeto cuja leitura em www.ctt.pt a carta de V.Exa também expressamente refere não dispensar, que a subscrição só deverá ser feita por pessoas "relevantes".
Dirá V.Exa que é o inócuo jargão financeiro.
E eu direi que "relevante", e isso o devemos à revolução francesa, é a igualdade na expressão "uma voz, um voto", independentemente do número de ações subscritas.
E isso, perdoará, nada tem de ideológico, só tem de indissociavelmente ligado ao processo de evolução do pensamento humano, de desenvolvimento das técnicas de gestão das comunidades organizadas em estruturas a que poderemos chamar, às comunidades, "nação", e à organização das estruturas, "estado".
Ninguém quer impedir quem quer que seja de se dedicar ao negócio de transporte de encomendas ou de  mensagens digitais.
Mas isso não quer dizer que a "nação organizada" não possa ter as suas estruturas de correio e tenha de prescindir dos dividendos que a sua boa gestão consegue, até porque atualmente já existem lojas concessionadas... (se agora partirmos de um ponto de vista ideológico, aceitar-se-ia a privatização dos CTT como legítima se ela fosse decidida sem pressões externas, quaisquer que elas fossem, por 2/3 dos deputados da Assembleia da República ou de referendo popular convocado para o efeito - assim como está a ser feita esta privatização, não o será em meu nome, contribuinte que sou, e como tal ainda pequeno acionista dos CTT).

Por tudo isto, que muito me entristece, não posso aceitar o seu amável convite.
Mas retribuo-o, convidando-o a rever, certamente com prazer a partilhar, o filme de Kevin Costner, o Carteiro, como tratamento metafórico do tema da coesão nacional, e o filme Il Postino, ou o Carteiro de Pablo Neruda, de Michael Radford e Massimo Troisi, como tentativa de compreensão da alma humana e dos seus anseios.

Os meus melhores cumprimentos e votos de sucesso profissional

F.Santos e Silva
BI 1453978


PS em 25 de novembro 
1 - enviei aos CTT o email nos termos acima; recebi um simpático email resposta das relações públicas dos CTT informando que a minha mensagem estava a ser analisada para ser dada uma resposta satisfatória ao cliente. Aguardemos.
2 - Fui informado que uma das funções da JP Morgan, contratada para a assessoria da privatização, é a de manipular os preços das ações nos primeiros dias da oferta pública em bolsa: se os preços estiverem abaixo do intervalo previsto, a JPMorgan compra ações; se estiverem acima, vende. Não posso garantir, por não ser a minha área, mas penso que há países em que esta manipulação bolsista é punida por lei; é verdade que em Portugal não há leis que o proibam, mas é curioso pensar que os atuais governantes se arrogam a defesa do "mercado" a funcionar livremente
3 - Ainda no capítulo do vácuo de legislação sobre este assunto, de assinalar que no "prospeto" de consulta em www.ctt.pt se encontra um compromisso de não divulgação a moradores nos USA, Japão ou Canadá dos pormenores da subscrição, talvez porque existam as tais leis restritivas da manipulação bolsista. E esta, hein? como diria Fernando Peça.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

O cinema na república das bananas

O senhor secretário de Estado da Cultura parece uma pessoa séria.
Mas ingénua, pela entoação que dá à voz quando diz que não desiste do pagamento da taxa para o cinema pelos operadores de televisão por subscrição e que as dívidas já estão em execução fiscal.
Esta é uma republica das bananas quando o forte governo obriga os fracos pensionistas a pagar contribuições extraordinárias e se faz fraco a deixar passar o tempo sem que os operadores fortes do seu negócio de televisão se dignem pagar 11 milhões de euros de dívida.
Uma vergonha de sobranceria.
Sinceramente, lamento pelo senhor secretário de Estado, de que espero um dia destes diga o que pensa do ponto de vista cultural do governo de que faz parte.
Não é que tenha muita fé em muito do cinema português, mas alguma coisa se aproveita e os operadores devem pagar.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

BMWi3, o BMW totalmente elétrico

Não é um post publicitário,embora pareça.
O BMWi3 é uma obra de engenharia a aplaudir como tal, depois de um desenvolvimento de 2,3 mil milhões de euros, procurando a marca acompanhar a preocupação por formas de transporte menos dependentes do petróleo (nunca se sabe como estas coisas dos "mercados" podem evoluir), mas há aspetos negtivos a destacar.
A campanha de lançamento coincide com um período de grave crise financeira, internacional e especialmente nacional.
Embora a BMW tenha estudado formas de aluguer dos veículos elétricos, a sua estratégia de marketing parece mais virada para o "prestígio" que o comprador adquire com um BMW.
Por outras palavras, predomina o interesse individual sobre o coletivo.
Quero com isto dizer que a estratégia em Portugal de redução da dependencia do petróleo deveria passar pelo esforço de transferencia de deslocações diárias, medidas em passageiros.km, do transporte individual para o transporte ferroviário por razões de eficiencia energética e, portanto, de redução da dependencia das importações de petróleo. Para essa transferencia se realizar será inutil , parece-me, tentar convencer as pessoas a deixar o carro em casa ou a adquirir um veiculo elétrico que não permite ir de Lisboa a Beja sem parar para recarregar as baterias.
Considerando que grande parte das deslocações diárias não pode ser assegurada apenas pelo modo ferroviário, o ideal seria um dos percursos parciais ser assegurado pelo transporte individual, o principal pelo ferroviário e o outro percurso parcial por modo suave (bicicleta) ou carro elétrico de frota de aluguer partilhado.
Julgo que por isso o desenvolvimento dos automóveis elétricos deveria seguir essa estratégia (aliás como já acontece em França e na Alemanha com as frotas de aluguer partilhado), fabricando predominantemente para frotas de aluguer ou de serviços e não para clientes individuais.
Não me parece que a publicidade do BMWi3 se integre nesta estratégia, preferindo iludir a eventual clientela com uma autonomia de 190 km que é fisicamente impossivel de atingir em regime normal.
Considerando as caracteristicas do carro, M=1425 kg de massa (incluindo 230 Kg de baterias de 22 kWh - de que poderão utilizar-se 16 kWh), calculei um consumo de 170 Wh/km, para um percurso plano de 1000m, uma aceleração de 2m/s2 (0-100km/h em 13,5s), uma ocupação de 1,3 passageiros, um rendimento de recuperação de energia de o,3 entre 60 e 20km/h, e uma resistencia ao movimento em N dada por R=M(10+0,6v)+0,06v2        .
Considerando rampas e declives e o limite de 16 kWh de descarga das baterias, estimo um consumo de 190Wh/km, o que dará uma autonomia de 85km ,o que indicia que os valores indicados pela publicidade de 160 km só serão atingidos em marcha lenta, em plano e em arranques suaves, o que seá desgostante se se pensar que a potencia do motor é de 170 cavalos (caso para dizer que nâo havia necessidade de tanta potencia).
O problema dos automóveis elétricos reside nas baterias, que não conseguem armazenar energia em valores comparáveis aos dos derivados de petróleo (1 litro ~ 10 kWh). Quando muito, desenvolvendo ao máximo a tecnologia de novas baterias, atingir-se-á 1 kg ~ 300 Wh (de que só poderão utilizar-se por descarga 250 Wh). Isto acontece por razões da mecânica quantica e da estrutura atómica expressas na tabela periódica dos elementos. No caso do BMWi3 a densidade energética é de 1kg ~ 100Wh.  O melhor rendimento do motor elétrico relativamente ao motor térmico não consegue anular esta diferença. Quanto maior a capacidade das baterias maior o sobrepeso e mais longo  o tempo de recarga.
Tudo isto para dizer que o automóvel elétrico tem uma área de aplicação muito bem definida (frotas de serviço, aluguer partilhável para utilização entre parques de estacionamento de recolha e acesso, ou para aluguer individualizado de longa duração para utilizações urbanas, autocarros e mini-autocarros de serviço urbano com eventual recarga de baterias em paragens como o sistema Primove da Bombardier, autocarros para aeroportos como parece ser um sucesso de exportação da CaetanoBus).
Outro caso é o dos automóveis de tração elétrica mas alimentados por hidrogénio a partir de células de combustível (fuel cells - produção de eletricidade a partir de hidrogénio e ar). Exigem postos de abastecimento ao longo da estrada os quais podem ser alimentados pela rede elétrica de fontes renováveis para produção de hidrogénio por eletrólise (vantagem comparativa relativamente à tração por derivados de petróleo graças à economia nas importações, apesar do pequeno rendimento da produção do hidrogénio por eletrólise).
Em países como Portugal, rico em energia eólica, solar e hídrica, e paupérrimo em carvão, petróleo e gás natural, parece evidente que deve ser esta a estratégia a seguir.








terça-feira, 19 de novembro de 2013

Não há números magicos?!

Do currículo do senhor primeiro ministro fazem parte o desempenho de funções como professor de matemática e a direção da Tecnoforma, empresa de formação.
Um dos graves problemas de Portugal, felizmente com notáveis exceções, é a deficiente ligação das escolas, nomeadamente universidades e institutos de ensino profissional, às empresas e à produção industrial.
Empresas de formação dissiparam dinheiros dos fundos europeus duplamente, através da sobreposição à função das escolas e através do desvio das verbas comunitárias que teriam sido melhor empregues em infraestruturas devido ao seu efeito mutiplicador no PIB (recorda-se que o valor aplicado em infraestruturas foi 12%, sem prejuizo evidentemente da discussão sobre se deveriam ter sido essas infraestruturas a beneficiar dos fundos).
A deficiente ligação entre escolas e industria (repito, com exceções) e o desperdício das ações das empresas de formação revelam apenas a ignorancia das condições reias de funcionamento das empresas e das suas frentes de trabalho por uns e a falta de preparação técnica por outros.
Infelizmente, e esse é outroproblema grave, em Portugal pouco se privilegia a recolha e o tratamento de dados fiáveis, dando-se preferencia a "perceções" e a estatísticas de dados incompletos.
Outro problema grave é a deficiente assimilação de conceitos que deveriam estar na base das análises que discutem em público (lá etá, prefere-se discutir "perceções").
Isto a propósito do senhor primeiro ministro, comentando a talvez fuga de informação do senhor ministro Machete, sobre o limite das taxas de juro aceitáveis (talvez a soma de 2% de inflação, mais 2% de taxa de crescimento e mais 0,5% de margem financeira), ter dito que "Não há números mágicos".
Um ex-professor de matemática disse isto?
No dia seguinte, o cartonista do DN desenhou Pitágoras a mandar um email ao senhor primeiro ministro protestando veementemente.
Que é o que se faz neste post.
Mágico é aquilo que dificilmente encontra uma explicação racional. E foram exatamente os pitagóricos que descobriram os numeros irracionais, ao provar que rais quadrada de 2 não pode ser representada por uma fração de numeros inteiros. Isso foi muito grave para os pitagóricos, que queriam formar sistemas de governação por cientistas e afinal havia números irracionais, números mágicos que escapavam às relações rigidas que "governariam" as harmonias universais. Números mágicos o "pi", relação entre perímetro e diâmetro da circunferencia. O número "e", limite para que tende a série das frações fatoriais, igual a 2,71828... e cuja potencia de expoente x tem como taxa de variação (a derivada) o seu próprio valor (como os juros contínuos das dívidas, crescem proporcionalmente ao seu valor, razão pela qual qualquer ex-professor de matemática devia saber, tratando-se de variação exponencial, reduzir juros é uma coisa muito importante), e que entram na espiral maravilhosa logarítmica e na definição do número de ouro dasproporções de harmonia ideal.
Não admira assim que, sendo o país governado por um ex-professor de matemática que não assimilou o conceito de número irracional (ou mágico, como define o dicionário Houaiss), as politicas do atual governo continuem a espiral recessiva, que não tem nada de mágico, apenas de natural em função das medidas tomadas.
Ao menos podia o senhor primeiro ministro pedir ao senhor economista João César das Neves uma análise exegeta sobre os juros conforme o Exodus, 22:25  -  "Se emprestares dinheiro a alguém do meu povo, não deves considerar-te credor nem lhe cobrarás juros".





Privatização dos CTT, populismo capitalista ou capitalismo popular?

Tão contentes que andam os senhores governantes.
Já antevêem juntar 750 milhões de euros pela privatização de grande parte dos CTT.
Reduzem a dívida, que continua a aumentar enquanto se mantiverem os juros e a armadilha da pobreza do crescimento, e fazem a vontade aos senhores da troika.
Nem os senhores governantes nem os da troika sabem o valor dos CTT como fator de coesão nacional.
Não sabem, nem viram o filme de Kevin Costner, mas consideram-se legitimados pelo voto a fazer o que vão fazer.
Eu acho que deveriam ser precisos 2/3 de votos no parlamento para o poderem fazer, mas enfim, são eles que detêm o poder.
Ainda por cima vão vender uma coisa que dá lucro, que contrasenso, ficar sem os dividendos.
Nós portugueses, ainda somos apegados às coisas públicas (e contudo, os mais prejudicados não protestam, como dizem o  senhor professor João César das Neves e o senhor politico Portas).
Até por uma questão de prudência.
Não é que os heróis ingleses que são o modelo dos nossos governantes, privatizaram parcialmente o Royal Mail e agora andam a desconfiar do Goldman Sachs que os embarretaram manipulando o preço das ações?
Entusiasmados primeiro com o populismo capitalista da Thatcher (espera, não era capitalismo popular que ela dizia?) de distribuir ações pelos trabalhadores, agora andam desconfiados.
Como se não soubessem que a ganancia é a interpretação que os grandes grupos fazem do conceito de lucro e como se não soubessem uma evidencia, que é a de que os grandes grupos são “irreguláveis”, por definição (senão não eram grandes).
Vai havendo algum sucesso na contenção, umas multasitas a off-shores, ao UBS suiço, ao banco inglês que manipulou a Libor, mas no geral os grandes grupos puxam mesmo os cordelinhos.
Por definição de grandes grupos.
Mas já imaginaram a reação mortífera deles se, por hipótese remota, o SPD alemão se coligasse com o Linke e os Verdes, num conjunto que teria a maioria no parlamento alemão?
De que coisas terríveis eles se lembrariam.
Parafraseando João César das Neves, devia ser o pior que se poderia fazer aos mais pobres (ironizo, claro, que ainda acredito na Humanidade e na Declaração Universal).
Mas podem estar descansados. Tal coligação tem uma probabilidade reduzidíssima de ocorrer.
Embora pudesse ser um primeiro passo para uma democracia mais alargada e participativa, ultrapassando a fase da democracia por delegação e representativa e entrando na fase da participação (que diabo, embora este seja um argumento marxista por assentar na análise dos meios tecnológicos ao serviço do processo histórico, a verdade é que a internet permite recursos viabilizadores da democracia participativa  inexistentes há poucos anos).
E porque não pode acontecer uma coisa destas? nem  acontecer uma votação clara em partidos de esquerda nas próximas eleições para o parlamento europeu? Isso também poderia ser um primeiro passo para a democracia participativa que até os partidos de direita  poderiam aceitar (quanto mais não fosse para controle mútuo entre partidos).
Por outras palavras: porque existindo uma cada vez maior desigualdade, um empobrecimento dos mais pobres pela desvalorização do fator trabalho e uma concentração da riqueza em cada vez menos, os mais prejudicados não votam pelos seus interesses?
Eis uma pergunta que eu já ouvia ao capitão da minha companhia em Mafra, em 1971, quando eu reclamava pela falta de atenção aos companheiros que mais dificuldades tinham nos crosses de 10km: “Nosso cadete, eles que se queixem, queixe-se só das suas coisas”.
Era a defesa de um sistema anti-social contra a solidariedade que ameaçava o último império colonial.
Assim também o sistema económico e financeiro defendido pelos senhores governantes e pelos senhores da troika tentam rechaçar a solidariedade dos que, não sendo pobres, reclamam por eles, ou não sendo reformados pela segurança social, reclamam pelos pensionistas da caixa geral de aposentações.
Mas voltando à questão: porque não são os mais ofendidos aqueles que protestam?
porque se absteem eles nas eleições? porque entre miguelistas e constitucionalistas optavam pelos miguelistas?
Hipótese: os homens e as mulheres não são só racionalidade. A tomada das suas decisões, ou a omissão de tomada de decisões não tem apenas uma base racional. Os homens e as mulheres são elementos de conjuntos físicos como qualquer conjunto na natureza. Os conjuntos tendem naturalmente para estados de maior equilíbrio através do aumento da entropia, medida pelo grau de desordem e de movimentos desordenados que teem como resultante, paradoxalmente, esse maior equilíbrio.
Por isso, as sociedades tendem a reproduzir sucessivamente os estados anteriores, a desconfiar de roturas disruptivas, como dizem agora os teóricos da economia política quando querem combater as mudanças incrementais ou as garantias laborais a que chamam “rígidas” e anti-competitivas.
Antigamente chamava-se à disrupção social a política da terra queimada. Agora chama-se destruição criativa. Mas são apenas figuras de estilo, falsas proclamações de reformas do estado social para o salvar (“calai-vos que pode o povo querer um mundo novo a sério”) porque o objetivo dos senhores governantes e dos senhores da troika é manter o sistema financeiro em equilíbrio (até chamaram contratos de reequilíbrio financeiro às compensações que recebe quando as PPP correm mal).
Por isso os mais oprimidos e prejudicados se entregam aos empregos mal pagos quando o têm, ou tentam alternativas de auto-subsistencia quando não encontram emprego, e não participam na democracia. Vistos à distancia, os seus movimentos são descoordenados como os movimentos  moleculares tendendo para a conservação.
Assim se explica que os prosélitos das religiões encontrem aderentes entre os que sofrem mais (“a religião é o lenitivo dos pobres” – Karl Marx) e que os sobreviventes de catástrofes naturais se refugiem na religião de uma entidade divina que segundo    a  mesma religião é responsável pela catástrofe.
Para mudar, só aumentando a racionalidade, através por exemplo da educação,a qual porém, exige melhores condições de vida.
Por isso as mudanças podem não ser significativas durante um período de observação curto.
Mas, tenderão para um limite conforme o processo histórico mostra: uma das principais fontes de rendimento de Voltaire eram os dividendos das ações de companhias negreiras. No século XVIII a escravatura era aceite por todos os pensadores.
Hoje só os defensores da redução do fator trabalho à última expressão a defenderão, e não expressamente.
E, talvez como Lincoln tenha compreendido, a escravatura tinha de ser abolida para não prejudicar o desenvolvimento industrial e para não ameaçar a competitividade da produção assente na maquinaria.
O pensamento evolui, de facto.
É provável que os dogmas dos senhores governantes e dos senhores da troika de hoje sejam considerados daqui a um século como hoje consideramos a escravatura…
 
PS em 19de novembro - segundo o DN, os lucros dos CTT em 2013 foram de 45 milhões de euros. O produto da venda por 750 milhões, posto a render a uma taxa superior à da Euribor em 3% daria à volta de 23 milhões de euros por ano. Não me parece que seja negócio. Se fosse meu não vendia (e contudo, sou acionista, como contribuinte, sendo que duvido muito que 2/3 dos outros acionistas queiram vender).  
Correção: Serão privatizados 70% do capital dos CTT, sendo 56% destinados a grandes investidores, 10,5% a pequenos investidores (ai o capitalismo popular, ou populismo capitalista, que já deu provas do que é na realidade) e 3,5% a trabalhadores .  De salientar a assessoria da Caixa BI (com vasta experiencia na negociação de PPP, nomeadamente sob a direção do atual senhor secretário de Estado dos Transportes e Comunicações) e do JP Morgan (de público protagonismo na crise financeira internacional), num alarde de BAU ("business as usual"). Eu pouco importo, mas o que está a ser feito não é em meu nome.
PS em 20 de novembro - Vão-se sabndo mais pormenores da privatizaçao em curso. Afinal os 30% que o Estado vai ficar a deter podem ser privatizados ao fim de 9 meses (será a estratégia do "petit a petit" para não chocar muito estar-se a vender uma coisa que dá lucro). Afinal não se sabe se os CTT podem criar um banco postal (isto é, está-se a vender uma coisa sem se saber o que ela pode fazer em toda a sua extensão). Afinal é apresentada como uma vantagem para os trabalhadores passarem para  esfera privada para que no próximo ano possam recuperar o que lhes foi cortado nos salários como funcionários de uma empresa públca (recordam-se dos senhores ministros muito escandalizados   a dizer que os trabalhadores privados eram prejudicados relativamente aos do setor público? agora parece que são beneficiados). Como escreveu hoje Batista Bastos no DN : "Não me interessa nomear todos aqueles que demonstram propensão para o patricídio. Interessa-me, sim, afirmar que são cúmplices de uma das maiores desventuras da nossa história como coletividade e como nação". Ah, é verdade, o JPMorgan foi condenado nos USA ao pagamento de uma multa de 10 mil milhões de euros. Acho pouco, para o mal que fez à Humanidade, mas o juíz terá as suas razões que eu desconheço, possivelmente o não ter jurisdição nas áreas internacionais omo as economias de pequenos países,  em que o comportamento anti-deontológico do JPMorgan possa ter provocado graves danos.
 
 
 
 




sábado, 16 de novembro de 2013

La fille du regiment

Penso que é precipitada a ideia de que La fille du regiment é uma ópera ligeira e sem pretensões.
A ópera pode ser subversiva como a canção de intervenção e de protesto.
O primeiro ministro da Hungria foi vaiado quando se dirigia ao teatro de ópera.
Talvez por isso, e pela sua grande insensibilidade ao que seja arte, não se veem nem o senhor presidente da República nem o senhor primeiro ministro no camarote principal do São Carlos.
E não será por vergonha por estarmos tão longe do 1% do PIB no orçamento da cultura.
Não sentem mesmo a ópera.
Toleram quem trabalha nesta área.
Aplausos para o teatro de São Carlos eu conseguiu apresentar duas óperas neste final de ano.
E permita-se-me a interpretação da Fille du regiment: uma sociedade anquilosada sob a estrutura do domínio feudal e sem instituições participativas (a nobreza austríaca na ocupação do Tirol) é contrariada pelos ideais da revolução francesa (libertando a filha da marquesa para que possa casar com o jovem lavrador tirolês dos seus afetos – que ironia do destino ser um ditador como Napoleão a espalhar ideiass de fraternidade, igualdade e liberdade). Não admira que o encenador tenha apresentado a heroína como se fosse a estátua da Liberdade.
Liberdade que, nos termos dos ideais da revolução francesa, não parece estar de saúde no país dirigido pelas estruturas anquilosadas do senhor primeiro ministro e do senhor presidente da Republica.
Aplausos especialmente para os intérpretes, de que se destaca o soprano Cristiana Olveira, sem desemerecer no bom nível dos restantes.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Bineka tungal ika

"Bineka tungal ika" significa, em javanês, "unidade na diversidade" e é a divisa da Indonésia.
Agora que o triste episódio do conflito com a Indonésia por causa de Timor já passou, conviria Portugal aproximar-se da Indonésia, até porque há muito de comum na história dos dois países. E também da Holanda, em episódios que nada a honram, como os genocídios no século XVII nas ilhas da noz moscada e do cravinho (o "vice-rei" holandes achou que os naturais das ilhas não podiam cultivar essas especiarias porque fariam baixar o seu preço).
Mas o que interessa agora é a unidade na diversidade (em termos religiosos: islâmicos, católicos, protestantes, budistas, hindus, confusionistas), a capacidade de reconhecer a todos os direitos da Declaração Universal, sem que iluminados ou detentores de revelações, sejam fundamentalistas religiosos ou técnicos da troika, imponham o que quer que seja contra o sentir das populações.
Escrevo isto apenas por isso, para sublinhar bem a importancia da divisa, "Bineka tungal ika".

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Paul de Grauwe

http://fcsseratostenes.blogspot.pt/2013/10/confesso-que-gosto-de-os-ler.html

Neste post citei o senhor professor de economia de Harvard, Ricardo Reis, chamando palermas a quem se atrevia, não sendo economista, a exprimir opiniões discordantes dos sábios da escola de Chicago ou dos sáfios da troika.
Hoje vou citar o professor da London School of Economics, Paul de Grauwe, coincidindo em muito com as opiniões dos tais palermas.

- "Portugal tem tanta austeridade que a dívida tornou-se insustentável"
- "Não acho que Portugal consiga sair do problema sem uma reestruturação da dívida"
- "É quase masoquismo o governo magoar o  seu povo e depois mostrar-se orgulhoso disso"
- "O presidente da República fecha os olhos à realidade"
- "Estão a transferir receita para os estrangeiros, que sentido tem isso?"
- "Um novo programa de austeridade vai empurrar Portugal para a insolvencia"

Numa altura em que já se discute abertamente como é possivel os excedentes alemães serem iguais aos defices dos paises do sul (na verdade, é uma questão simples de Física, regulada pela lei de Fermat-We
ber: em qualquer sistema, o componente de maior eficiencia é realimentado positivamente ficando cada vez mais eficiente relativamente aos outros), torna-se mais simples a necessidade de uma verdadeira união bancária e fiscal subordinada aos orgãos eleitos e não aos decisores dos bancos centrais.

Parcerias público-privadas

Mais uma vez aplaudo a edição pela Fundação Francisco Manuel dos Santos de livrinhos elucidativos sobre a nossa realidade.
Podem comprar-se nos supermercados do Pingo Doce.
Este é particularmente interessante: "Parcerias público-privadas" de Joaquim Miranda Sarmento, ed.Fundação Francisco Manuel dos Santos.

Nas primeiras páginas (pág.15) explica que a razão para a adoção das PPP foi o menor custo de aquisição e produção pela entidade privada de que resultaria uma maior eficiencia nos gastos dos dinheiros públicos.
Isto é, que por a entidade privada ser mais eficiente do que a entidade pública, os ganhos de eficiencia fariam que o seu custo global seria inferior ao da contratação tradixional pela entidade pública.

Esta expetativa baseava-se na teoria das faculdades que diziam que os incentivos à economia e a melhor getão do risco (pág.22) na construção, na manutenção e na exploração pela entidade privada seriam suficientes para lhe assegurar o lucro a um custo inferior.

Infelizmente, a realidade liga muito pouco às teorias das faculdades cujos professores nunca projetaram um empreendimento nem conduziram uma empreitada, embora tenham acesso a cargos ministeriais. A experiencia demonstrou, através da introdução do conceito do CSP - Comparador do setor público (pág.33) que a contratação tradicional faria a obra por menor preço (por cerca de metade, conforme dedução do eng.Pompeu dos Santos a propósito da ponte Vasco da Gama).
Teremos tido aqui provavelmente um caso de desconfiança dos economistas que geriram as PPP relativamente aos engenheiros que poderiam tê-los orientado.
Nem o argumento de que não havia dinheiro para o financiamento vale, uma vez que os fundos comunitários não foram totalmente utilizados em infraestruturas (apenas 12% dos fundos comunitários foram aplicados em infraestruturas).

Que fazer, quando o plano de pagamentos até 2040 das 36 PPP atinge 20.000 milhões de euros (para pagamento da construção, manutenção e custos de financiamento) estando 1.100 milhões no orçamento de 2014 (págs.52 e 53)?

A proposta do senhor do BESI foi adiar parte do pagamento (hipótese liminarmente chumbada pela senhora do ministério das Finanças).
Este blogue proporia uma solução do tipo corte do nó górdio por Alexandre, o que escandalizaria os senhores financeiros porque os pagamentos não são feitos aos concessionários mas aos bancos, neste caso o Banco Europeu de Investimentos, principalmente. Eu diria que, com base na experiencia dos engenheiros em obras identicas, só deveria pagar-se metade da dívida, sendo transferida a outra metade para os concessionários (que invocariam que nos contratos não estava serem sujeitos a tal risco no entanto, qualquer contrato admite que pode haver casos de "force majeure" que inviabilizam o cumprimento normal do contrato ou que adiaraiam o seu cumprimento para muito mais tarde).

O autor do livrinho propõe porem uma solução conciliadora e que se baseia na constatação de que afinal a gestão privada não é definitivamente mais eficiente: o Estado compraria as concessões, contraindo um empréstimo de 3.500 milhões de euros a taxa de juro inferior a 3% (seria do interesse do BEI uma taxa assim menos alta), ficando o Estado com a obrigação de ir pagando desde já os custos de manutenção e operação, e os concessionários, recebendo os 3.500 milhões de euros, com a obrigação de pagar a dívida ao BEI. Custos anuais nesta hipótese até 2040: 500 milhões de euros, em vez dos 800 milhões de euros programados (pág.66).

Digam lá se não há sempre uma solução quando se está dentro dos mecanismos dos negócios.
Pessoalmente prefiro a solução do nó górdio.
Mas se a maioria votar na solução do livrinho, também concordo.
Nada fazer, ou fazer pouco em negociações sigilosas, dizendo que não há alternativa, como o governo incompetente repete, é que não concordo mesmo.
 

Tragédia nas Filipinas

É pequena a dimensão dos nossos problemas quando se pensa na tragédia das Filipinas.
Mais uma catástrofe natural que revela fragilidades de um país na prevenção.
Dificilmente se poderia resistir, nas Filipinas, por falta de infraestruturas.
Como no caso do Haiti e, paradoxalmente por se tratar de um país desenvolvido, no caso do Katrina (houve diques que rebentaram por deficiencia de manutenção).
No caso do Japão, a proximidade do epicentro que gerou o maremoto impossibilitou que os sistemas de alarme fossem eficazes.
Tambem terá falhado, nas Filipinas um sistema de alerta de aproximação do tufão.
Existe uma organização  maritima  internacional que recomenda a todos os paises uma ligação rápida e direta entre os serviços meteorológicos, nacionais e internacionais, e as policias marítimas.
Duvido que exista nas Filipinas.
Receio que em Portugal, paí sujeito a sismos e maremotos, as diretivas ministeriais retirem eficácia à Marinha.
Não basta, na nossa impotencia, lamentar os mortos e tentar ajudar os sobreviventes e apoiar a reconstrução.
É essencial fazer prevenção.


segunda-feira, 11 de novembro de 2013

A manifestação pelos complementos de reforma


Chegada ao Terreiro do Paço; nesta perspetiva é visível a quebra  da linha das varandas; o assentamento do torreão poente é anterior à construção e reparação do tunel do metropolitano, com reforço dos terrenos com estacas de betão armado; no entanto, deverá contiuar a monitorizar-se a instrumentação instalada, desconhecendo-se se ela é feita

em frente do ministério das Finanças

Cartaz distribuido durante a manifestação
Dei por mim a lembrar-me de Galileu, ou melhor, da minha professora de filosofia a contar como Galileu, em prisão domiciliária por ter desafiado a teologia geocentrica dominante, se maravilhava como podia sentir prazer apesar de preso enquanto meditava nas duas novas ciências do tratado que haveria de publicar como fundamento da física experimental.
Assim também me senti no meio dos colegas que encontrei na reunião de reformados com as suas pensões complementares de reforma em risco de serem suprimidas pela lei do orçamento para 2014.
Estamos presos na armadilha de um governo incapaz de compreender o funcionamento das coisas e incapaz de sentir o que as pessoas sentem.
Mas o reencontro com antigos colegas é também um fator de contentamento.
De forma análoga ao que sentia Galileu, alegro-me ao ver o grupo quase completo a quem demos aulas para que fizessem o seu exame do antigo 1º ciclo e progredissem nas carreiras.
Ou o mestre das oficinas de material circulante com quem percorremos noites atrás de noites em ensaios para colocar o sistema de marcha automática em funcionamento na linha vermelha.
Ou o mestre serralheiro que no seu ultimo dia de trabalho, empurrado para a reforma antecipada, foi reparar a avaria de um motor de agulha, um parafuso deixado mal apertado pela empresa fornecedora, que paralisou a exploração no próprio dia da inauguração do prolongamento para Odivelas, depois dos senhores mnistros se terem retirado, muito contentes e ignorantes, como sempre.
Talvez algum governo peça desculpa mais tarde aos reformados a quem querem cortar os complementos de reforma, como a Igreja católica pediu três séculos depois da condenação de Galileu.
Mas de momento, os conselheiros de imagem do governo exploram as diferenças entre as pensões dos reformados do metropolitano e as da maioria da população.
Por isso a senhora que se senta ao meu lado num dos bancos da praça de Camões, enquanto se forma a manifestação de protesto do setor dos transportes contra a lei orçamento de 2014, protesta : “sou viúva e a minha pensão de sobrevivência vai ser cortada e é muito mais pequena do que os complementos que os senhores recebem, e ainda por cima fazem greve”.
Não vou contrariar a senhora, não gosto de arreliar ninguém, não lhe vou dizer que a asfixia que o governo pratica contra grupos a que chama “privilegiados”  acaba sempre por se repercutir em todos os outros escalões da sociedade, como se fosse o efeito de um multiplicador económico através dos mecanismos da procura interna. Por cada euro que se corta no rendimento de uns, mais do que isso acaba por se refletir no rendimento de outros.
Arreliada anda a senhora com o aumento da renda da casa e da eletricidade, que não vai poder repercutir ao hóspede a quem alugou um quarto.
Tão pouco lhe vou dizer que o nivelamento social se deve fazer por cima, não por baixo, e que a desigualdade de distribuição da riqueza tem mais a origem nas fontes do poder financeiro e económico do que nos reformados do metropolitano, como se prova com a cada vez maior concentração de riqueza em cada vez menos.
Mas o problema é real.
Como ganhar o apoio da população para as lutas dos trabalhadores do metro? como conseguir que os incómodos e desconforto que as greves provocam na população sejam menores do que  a solidariedade de todos contra um governo que os magoa e que não tem politicas de emprego e de investimento?
Volto-me para o meu amigo delegado sindical mas ele só me diz que já está marcado um programa de luta contra o governo através de greves em todos os setores.
Contraproponho “Está bem, não há dúvida que o atual governo é um obstáculo ao bem estar da população, mas vamos fazer greves que não prejudiquem a ida para o trabalho de quem ainda tem trabalho. Os comboios não deviam parar entre as 6:30 e as 10: 00 e entre as 17:00 e as 20:30 . As greves deviam ser de zelo, limitando as perturbações na circulação a pequenos atrasos nas estações para recordar normas de segurança, como nos aviões, partilhar com os passageiros a impotência para melhorar coisas como o acesso de pessoas com mobilidade reduzida, explicar por que as contas são negativas por incluirem o serviço da divida dos investimentos das expansões, por as indemnizações compensatórias serem insuficientes, por a repartição das receitas dos passes ser errada, por os governos não quererem dotar o metro de financiamento como o “versement” em França ou as mais valias imobiliárias em Hong Kong, explicar porque é um desperdício tanta deslocação em transporte individual e porque se justificam as multas por mau estacionamento e as portagens de acesso ao centro das cidades.
O prazer do reencontro é contrabalançado por notícias desagradáveis, de quem já faleceu, ou de quem não pode sair dos lares onde aguarda o fim.
“Você está mais gordo, tem de ter cuidado com a alimentação”.
Arrependo-me de ter dito isto. O moço, moço da minha idade, eletricista do material circulante responde : “É´dos tratamentos, estive a morrer com uma sepsis. Fiz uma biopsia num hospital privado por causa da prostata e sobreveio a infeção”
Oiço doutro lado a história do colega que morreu numa sessão de fisioterapia durante o período pós operatório da colocação de uma prótese na anca, noutro hospital privado muito cotado na opinião pública.
Se estes casos tivessem ocorrido num hospital público os consultores de imagem do governo tê-los-iam aproveitado para desmerecer no serviço nacional de saúde.
É´ doentia esta perseguição a tudo o que seja público.
Não é o ser público ou privado que define a qualidade de um serviço. Há espaço para todos, mas não para a mentira, para a ganancia e para a ignorância.
Doenças são conversas típicas de reformados.
A manifestação já arrancou.
“Transportes e comunicações, ao serviço das populações”, “Assim não vai dar, sempre os mesmos a pagar”, “Este governo hostil, quer destruir abril”.
Uma repórter de uma estação de TV aproxima-se do meu colega, atraída talvez pela sua boina basca:
- Posso fazer-lhe umas perguntas?
- Claro, mas não vai censurar o que eu disser?
- Não, não, só vamos ter de ajustar as respostas ao tempo disponível, por razões editoriais.
- Pois é, o editor faz cortes ao que o entrevistado diz, deixa   coisas importantes nos “brutos”, tal como o governo faz cortes cegos. Corta o que poderia contribuir para o PIB,  paralisa empresas como o metropolitano cortando-lhe o acesso aos fundos comunitários durante anos.
- Não acha que é injusto um grupo profissional como os reformados do metropolitano receberem complementos de reforma para os quais não contribuíram?
- Olhe menina, isso é verdade, uma parte da verdade, mas pedia-lhe que ouvisse o resto da verdade. O caso do metropolitano é mais grave do que na Carris e noutras empresas de transporte porque foi assim que foram negociadas as saídas antecipadas para poupar nos encargos de pessoal. Enquanto noutras empresas se negociaram indemnizações para saída antecipada, no metropolitano elas foram diferidas sob a forma de complementos de reforma. Devo dizer-lhe que na minha direção eu fiquei contrariadíssimo quando a administração negociou com as chefias intermédias, mestres e coordenadores técnicos, gente com muita experiencia, as suas saídas. Deixou-me sem enquadramento experiente para as tarefas de manutenção e de fiscalização das empreitadas. Também compreende-se, o objetivo era enfraquecer o metro para dar oportunidades ás empresas privadas para prestar serviços de manutenção.  
- São quase 14 milhões de euros por ano só de complementos de reforma.
- Pois são, mas também são cerca de 1400 reformados. Em média cada um recebe 670 euros por mês, e em média também, estimativa minha, cada um recebe uma pensão global bruta, pensão da segurança social mais complemento, de 2000 euros por mês.
Dir-me-á que é superior à da maioria dos reformados portugueses, mas repare que por comboios a andar e mantê-los em serviço em condições de segurança exige profissionais qualificados. E repare também que, para além dos cortes nas pensões da segurança social, para as quais descontaram, se a lei orçamento for aprovada assim
vamos ter um corte médio de 50% no rendimento.
Não parece que ninguém tenha um corte tão elevado.
Interrompo o meu colega para dizer à repórter:
- Quando entrei para o metro, antes do 25 de abril, vim ganhar 10 contos por mês. O meu colega que foi selecionado comigo pela EFACEC e quis lá ficar rapidamente atingiu 17 contos por mês. Na altura comprava-se um Toyota por 84 contos. Só nos anos 80, quando houve financiamento internacional para as expansões, começámos a ganhar tanto como os nossos colegas da CP.  A promessa do complemento de reforma era uma maneira de compensar o menor vencimento.
- Pode ser que o governo em vez de cortar todo o complemente de reforma só corte uma percentagem.
- Sabe – continuei - um dos objetivos do governo, para além de emular a revolução cultural na China do Mao Tse Tung, que pôs os professores e os engenheiros a varrer as ruas, é o de reduzir os encargos com pessoal das empresas públicas, e suprimindo os complementos de reforma torna o metro mais apetecível. É´ pena o senhor secretário dos transportes revelar ignorância sobre a qualidade dos indicadores do metro quando comparados com os das outras redes. Mas isso não interessa quando se pretende a todo o custo privatizar ou concessionar. Não lhe reconheço nem a ele nem aos senhores da troika experiencia e conhecimentos de transportes para decidirem que é mais eficiente a gestão privada. Isto é também uma forma de ofender quem dedicou a sua vida profissional ao metro.

A senhora reporter agradeceu-nos  muito e despediu-se com um sorriso bonito.
A manifestação chegava ao Terreiro do Paço.
Pouco depois, em frente do ministério das Finanças, foi recordado que existe uma lei da segurança social, o DL 4/2007 , que define o sistema previdencial português, que o divide em três pilares (art.8º,nº2, a segurança social contributiva, o financiamento por capitalização e os regimes facultativos complementares. Não é preciso vir agora aquele senhorinho das decisões irrevogáveis vir pregar “reformas de Estado”. Aliás, existe uma diretiva europeia que garante a proteção dos sistemas complementares das reformas em caso de insolvência das empresas que os contrataram com os seus trabalhadores (mais um caso de ignorância dos senhores governantes?).
Ouviu-se também Zeca Afonso, antes de finalizar a manifestação com um sentido UhUhUh! ao ministério das Finanças.
O fim  de tarde estava muito bonito.
O cais das colunas cheio de turistas.

turismo na praia do cais das colunas

fim de tarde na Ribeira das Naus
O terraço do arco da rua Augusta, agora acessível por elevador, também.
Como dizia Platão, dentro de nós todos há-de haver alguma coisa que sobreviverá.