Ouvido numa reportagem da televisão, com a voz disfarçada:
"Somos todos consequencia disso. Somos todos iguais, e muitos não têm dinheiro nos intervalos da escola para comer. Têm de ir à rua buscar dinheiro, para comer e para as coisas que todos têm. Às vezes temos de ir para o crime".
O programa era sobre os jovens e os gangues de rua.
Parece ser um diagnóstico correto. Um membro do gangue faz a análise digna de um catedrático de sociologia.
Devia servir de reflexão sobre a teoria da liberdade dos mercados a funcionar, sobre o conceito de igualdade, de direitos e de oportunidades.
Como pode esperar-se uma sociedade de igualdade se há jovens com fome e sem uma familia com rendimentos suficientes para a sua educação?
Mas não, depois batemos palmas aos senhores comentadores bem informados a aos senhores empresários de sucesso que dizem que o problema é a falta de qualificação da mão de obra. Os senhores empresários que precisam, para o seu sucesso, da mesmissima liberdade para resolver os seus problemas de mercado que os jovens da reportagem utilizam para cometer os seus pequenos (roubo de telemóvel, de relógio, de ténis) - grandes (impossibilidade de integração) crimes.
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