quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Passadeira de peões no cais do Sodré e perambulando em busca de uma solução para o metropolitano



Esta passadeira de peões liga a saída da estação do metro e uma das saídas da estação da linha de Cascais ao outro lado da avenida 24 de julho (eu desejaria, numa perspetiva de área metropolitana de transportes, poder dizer que era uma das saídas do metro, da linha verde e da linha de Cascais, mas nunca foi esse o entendimento dos decisores).




Em 1997, quando se discutiam as últimas alterações ao projeto das linhas de metro da Baixa, aproximando-se a conclusão da obra, foi proposto à câmara de Lisboa que esta ligação pedonal fosse subterrânea. Já na altura tinha sido abandonada a ideia do túnel rodoviário desde o Campo das Cebolas até aqui (o acidente de junho de 2000 apenas deu força a esta decisão, mas recordo que o túnel e a estação de Terreiro do Paço são tão profundos, é porque estava pensado um túnel rodoviário sobre o túnel do metro; isto é, gastou-se dinheiro a mais porque as decisões são tomadas fora de tempo).
Esta zona da avenida 24 de julho tinha nessa altura saído de obras de arranjo urbanistico, nomeadamente com a plantação de árvores, e o senhor vereador da CML disse que nem pensar, não queria mais obras ali. Inútil explicar-lhe que esta travessia tem graves riscos para os peões. Na altura a curva da linha de elétricos que vêm do lado nascente estava demasiado próxima da passadeira. Ignoro quantos atropelamentos têm acontecido aqui. A cultura da ocultação deste tipo de acidentes é muito forte. Ainda hoje a travessia é perigosa, até porque o período do sinal verde é longo. A senhora de cadeira de rodas e a sua acompanhante da foto estão a atravessar com o sinal vermelho. Pena os senhores vereadores da CML não se oporem agora ao terrível período de desvio da linha de Cascais e da avenida 24 de julho.
O interesse desta travessia ser feita em segurança seria a ligação pedonal rápida entre a estação de metro e a linha de elétricos para Santos, Lapa, Estrela e Campo de Ourique, na qual, sim, devia investir-se (aumento de potencia, novo material circulante, nova bitola UIC para não encarecer o material circulante, restrição de acesso e sentidos a tráfego rodoviário) em alternativa à onerosa obra da ligação de metro Rato-Cais do Sodré.
Mas, tal como o antigo vereador, os decisores sáo surdos a estes apelos.
E talvez sugiram que os cidadãos e cidadãs façam como os turistas, estendam-se nos sofás públicos do Cais do Sodré, com os cargueiros ao longe, a descarregar para as barcaças, como se fazia no século XVI:










Infelizmente, embora seja muito útil à nossa balança de pagamentos e à estatística do emprego (apesar de precário) esta euforia turistica, não posso evitar reparar no ser humano que dorme no chão, sob os olhares dos turistas, com os seus pertences num carrinho de supermercado:


Claro, o país não tem dinheiro para ter um serviço social que tratasse estes casos. Quem não tem capacidade para arranjar trabalho e habitação vive assim, não há dinheiro, claro, para equipas de assistencia social que tentassem organizar minimamente a vida e a integração deste ser humano, a sua  inclusão, como fica bem dizer-se em entrevistas ou análises na TV. Qualquer veleidade de o fazer defrontar-se-ia com as implacáveis cativações. Porque não há dinheiro, claro, embora fique a dúvida, como podem as importações continuarem superiores às exportações? será que o crescimento das vendas em Portugal de Ferraris e Jaguars está correlacionado com o aumento do emprego nas empresas de quem encomendou esses automóveis? mas claro, náo há dinheiro.

Mas voltando à ideia da ligação pedonal entre a estação de Cais do Sodré e a linha de elétrico para a Estrela e Campo de Ourique. O ideal seria ela ser elevada e integrada numa rede de passadiços fugindo ao tráfego rodoviário. Essa era aliás  a ideia da ligação aérea dos edificios da EDP à zona ribeirinha, sobre a avenida 24 de julho e a linha de Cascais. O parecer do metropolitano sobre esse projeto foi dado como favorável na condição da existencia dessa passagem aérea e sua ligação ao acesso da estação do metro. Alguém viu essa passagem?
A linha de elétricos para Campo de Ourique passa na   rua de S.Paulo, a 205m do acesso da estação do metro. Uma ligação pedonal coberta seria o ideal. Ver mapa:

        distancias dos passadiços:
est.metro CS - eletrico R.S.Paulo - 205m
est.linha Cascais de Santos - quartel bombeiros - 415m
est.metro CS (novo acesso poente; já existe ligação física subterrânea com a estação) - quartel bombeiros - 345m
rua de S.Paulo, sentido Santos

rua de S.Paulo, sentido Santos, junto da praça de S.Paulo; espaço para reservar a rua para as duas vias de elétrico com um sentido único para automóveis ligeiros, mais uma via reservada para descarga de passageiros ou mercadorias 


Poderá parecer estranha a ideia de passadiços cobertos, mas é vulgar em cidades como Hong Kong e Macau. No caso da obra de ligação do metro de Rato a Cais do Sodré, poderia servir como limitação dos danos entre a prevista estação de Santos no quartel de bombeiros e a estação de Cais do Sodré, a substituir por ligações pedonais em passadiços cobertos. Evitavam-se os inconvenientes do desvio dos comboios, autocarros e elétricos e tráfego automóvel durante os 44 meses da obra e evitavam-se os custos elevados devidos à complexidade da obra :


Hong Kong - passadiços de ligação ao terminal marítimo

Hong Kong - vista da fachada para o cais do auto-silo e do passadiço







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