Mensagem para deputados ao Parlamento Europeu:
Desta vez não venho insistir nas ligações ferroviárias à Europa (continuo a achar que a bitola UIC é essencial para o aumento das exportações líquidas e que o contacto com os sindicatos ferroviários da Europa seria útil para os nossos sindicatos) nem no plano de expansão do metro de Lisboa (já que sobre o metro do Porto as coisas correm melhor).
Mas foi também uma questão técnica que me levou a escrever-vos.
Há dias, segundo a newsletter Euractiv, o CEO da companhia elétrica da Estónia declarou que brevemente iriam desligar-se da rede elétrica russa e cortar todas as ligações ao passado soviético.
Misturar ideologias ou xenofobias com questões técnicas é muito mau, especialmente se há traumas do passado ( e se a história desta região é traumática, cristianizada à força nas cruzadas medievais do século XI ao século XV).
Como engenheiro eletrotécnico (reformado) estou inteiramente de acordo com a ligação da rede elétrica estónia à rede da união europeia.
Tal como a sua rede ferroviária que sofre do mesmo mal de ter uma bitola diferente da europeia (bitola russa de 1520mm) está em fase de crescimento com uma nova linha de bitola europeia (o que Portugal deveria e não está a fazer), mas mantendo a ligação com o vizinho.
Podem os políticos de países vizinhos não se entenderem entre eles, mas os técnicos desses países têm mais facilidade de se entenderem entre si (no nosso caso, é o eterno problema das cimeiras com Espanha, os técnicos entendem-se sobre as ligações elétricas, sobre a gestão da água, sobre as ligações ferroviárias, mas depois vêm os senhores do governo e definem estratégias ou imobilistas ou erradas).
Porém, cortar a ligação com a outra rede elétrica, russa, é contra os princípios técnicos de defesa da estabilidade e da fiabilidade das redes elétricas (quanto mais malhada uma rede mais hipóteses de absorver perturbações e disparos de subredes evitando os apagões).
Este episódio serve também para alguns cidadãos, como eu, manifestarem grande preocupação com a escalada de críticas, condenações e ameaças desenvolvidas pelos países do leste europeu da União Europeia juntamente com a propaganda norte americana.
Segundo notícias da Euractiv, já se fala em redefinição das fronteiras da antiga Jugoslávia (receando-se algo de desagradável da presidencia eslovena), de alinhamento com a política da NATO, de mais sanções económicas (que não punem os mandantes mas sim a população) , de respostas "proporcionais" na crise da Ucrania, de casos de envenenamento em 2014 (evidentemente condenáveis).
Como cidadão europeu não posso concordar que países vizinhos desenvolvam atividades que podem conduzir a uma guerra, que é o que parece que querem. E não é a NATO, cuja intervenção na ex Jugoslavia foi desastrosa que pode ajudar, nem sanções económicas que prejudicam as pessoas especialmente as crianças.
Os conflitos entre países civilizados resolvem-se no âmbito das Nações Unidas e em tribunais internacionais com intermediação.
Não subscrevo as políticas de Putin e condeno a atitude para com Navalny, mas sanções económicas e suspensão de trocas comerciais não concordo.
Considero que os deputados portugueses no Parlamento Europeu podem ser uma voz de sensatez no contra esta histeria xenófoba, o que é mais uma razão para que Portugal se mantenha na União Europeia para se fazer ouvir (tal como defendo para as ligações ferroviárias e elétricas nos seus quadros de cofinanciamento, mas de preferência com projetos bem feitos e não com esta desastrosa estratégia).
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