À aproximação das comemorações do 25 de abril, a editora "vanity" a que eu não resisto, por fraqueza minha, a participar de vez em quando nas suas antologias temáticas, escolheu o tema da liberdade.
De modo que lhe enviei este texto, já publicado, curtinho como era exigido, que os participantes foram muitos:
Maria da Liberdade
“Dêem-me as vossas multidões pobres … empurrem-nos para mim, eu erguerei a minha lanterna a indicar a porta dourada”
Ema Lazarus
A informação sobre a sessão na junta de freguesia chegou-me tarde e sem pormenores. Despachei o que estava a tratar, corri para o metropolitano e consegui chegar a tempo de ouvir a segunda oradora.
Não soube o nome, mas pelas suas palavras percebi que era funcionária na câmara que tencionava aprovar o projeto do condomínio privado, à beira do rio, que se discutia naquela sessão.
Que não era admissível, que todos devemos poder usufruir dos locais de lazer, que não devem ser reservados a alguns, que essa reivindicação poderia parecer egoísta, numa altura em que a repressão violenta se abatia sobre tantos povos ou se reprimia o seu bem-estar roubando-lhes as riquezas naturais, mas que neste caso era importante defender o interesse público, e que fora isso que, como técnica, tinha reportado à sua câmara.
Ao ouvi-la, imaginei a figura da oradora numa iconografia comemorativa da Revolução Francesa, ao lado da Igualdade e da Fraternidade.
Quando a sessão terminou, abordei-a felicitando-a pelas palavras desassombradas e perguntei-lhe se poderia enviar-lhe uns desenhos em que se via que o condomínio projetado, dada a sua altura, iria interferir com o alinhamento de apoio à navegação, o que era mais um argumento contra o aproveitamento abusivo do local.
Que sim, seria muito bom, e ditou-me o endereço do seu email:
- “mariadaliberdade” – tudo pegado – “arroba email ponto com”.
Sem comentários:
Enviar um comentário