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terça-feira, 16 de junho de 2009

No meu país morreram 3 crianças num incêndio

No meu país morreram ontem 3 crianças num incêndio num edifício abandonado, em Pinhal Novo.
No dia 22 de Maio deste ano, escrevi a propósito do incêndio de Avis:
"No meu país 3 crianças morreram há dias no incêndio de uma barraca.Bolas para os laudatórios das virtudes e dos resultados do partido no poder e do seu secretário geral.Não porque a culpa do incêndio seja do partido ou do seu secretário geral.Não é isso que eu digo, embora seja com isso que os cérebros dos seus laudatórios os estarão a enganar, a eles, laudatórios, para poderem vestir a pele da inocente vítima acusada.O que eu quero dizer, sem querer acusar ninguém, é que nós reagimos mal a estas notícias porque manifestamos o nosso desgosto e viramos a página.Há incêndios em barracas com morte de crianças porque nós portugueses não nos sabemos organizar em trabalho colectivo nem sabemos organizar-nos de modo a tomar as decisões certas."
Escrevo apenas por indignação.
Porque os jornais discutem questiúnculas.
Não questionam por que se economiza cortando nos quadros de técnicos e porque não se gasta dinheiro com equipas pluri-disciplinares, com jovens licenciados (poupem-me aos grandes gabinetes de senhores emproados que dão entrevistas a explicar que os outros são ignorantes mas têm sido eles e não os outros a conduzir "isto" ao estado em que está).
É possível em Portugal.
Não com a cultura dominante.
Vejam em qualquer empresa.
A facilidade com que se deixa cair um assunto "porque não é comigo" e "cada um no seu galho" e "ainda temos de pedir autorização para"...
É assim natural que o parque habitacional do país se degrade.
Todos diziam mal da lei das rendas. Alguns iluminados, num governo também iluminado, fizeram umas alterações. Perfeitamente inuteis, dignas de ignorantes, embora os iluminados não fossem ignorantes, claro.
A habitação continua a degradar-se.
São conhecidos exemplos históricos noutros países, de como se chegou à mesma situação e de como se saíu dela (achei interessantissimo quando me contaram o caso do bairro de Harlem, em New York, que já não é o inferno que chegou a ser).
Fala-se vagamente (a Ordem dos Engenheiros, por exemplo, algumas associações profissionais) em programas de recuperação a custos controlados.
Mas falha a capacidade de organização e o planeamento.
Surgem os senhores emproados, muitos deles eleitos, a explicar como é, i.é, como assim já não pode ser.
Mas ser possível é, até há case studies que mereciam melhor divulgação, desde as opiniões dos profs Carvalho Rodrigues e António Câmara (ver o programa da Maria Elisa também com Elvira Fortunato), até aos exemplos nalgumas câmaras do país (não olhem a partidos, por favor, olhem só ao trabalho dos técnicos que lá estão a produzir coisas úteis)...
Mas os jornais acham mais importante noticiar os incêndios em que morrem crianças, ficar-se por aí, culpar os toxico-dependentes "okupas" e garantir que as crianças já estavam sinalizadas.
Este país não é para velhos, nem para crianças, nem para doentes, nem para pobres.
E contudo, os jovens licenciados de serviço social, de sociologia, de psicologia, estudaram soluções, têm soluções.
Onde entram os economistas nesta equação?
Será que são os próprios mecanismos da Democracia que se estão a opor às soluções?
Ou será simplesmente que não pode haver Democracia sem Democratas?