Em 1 de agosto, um comboio de mercadorias, em movimento
convergente numa agulha, colidiu com a lateral de um Eurocity Graz-Sarrebrucken. A locomotiva do mercadorias e dois vagões descarrilaram
assim como 5 carruagens do intercidades, 3 das quais tombaram ferindo 35
passageiros.
Numa altura em que os burocratas da união europeia impuseram
regras contra o parecer de muitos técnicos, para liberalização do acesso às
infraestruturas ferroviárias, e em que a ideologia dominante é a de poupanças
sistemáticas em investimentos e em manutenção, e a grande preocupação dos
gestores é a de reduzir custos com pessoal e utilizar ao máximo as
infraestruturas, entrando claramente no domínio da sobre-exploração, deixo as
seguintes observações:
- o esquema de vias da estação de Mannheim é realmente complexo,
tendo o acidente ocorrido numa agulha, em movimentos convergentes
- o comboio de mercadorias era operado pela Rail Cargo Group (ferroviária pública de mercadorias austro-hungara), embora o serviço, entre Duisburg na Alemanha e Sotrun na Hungria, tenha sido contratado pela ERS Railways holandesa
e subcontratado por esta à Rail Cargo Group/Balo, puxado por uma locomotiva dos caminhos de ferro austríacos e com vagões da Balo, turca
- a gestora das infraestruturas, a Deutsch Bahn, ainda não
esclareceu as causas do acidente
- dois dos vagões contêm quimicos perigosos
O meu comentário é o de que, em contexto de sobre-exploração, com
comboios de diferentes operadores e diferentes carateristicas de exploração, a
probabilidade de que uma falha técnica ou humana conduza a um acidente cresce.
Por isso deve aceitar-se a necessidade de investimentos para assegurar caminhos
diferentes para o tráfego de passageiros e o de mercadorias, para que a
exploração de ambos não interfira, alem de simplificar as zonas de agulhas, tornando-as imunes a consequencias danosas.
A engenharia tem meios para a
compatibilização de vários operadores e para a mistura de tráfegos diferentes
na mesma linha, mas o risco aumenta. E esse risco não me parece tolerável.
Este
é um problema que se põe em Portugal, mas também na Europa, com as suas linhas
ferreas saturadas, numa altura em que se pretende reduzir a poluição das
autoestradas. E sabe-se como investimentos em infraestruturas têm efeitos
positivos no emprego e no combate à deflação.
Mas não sei se os senhores decisores especialistas da alta finança
querem compreender isto.
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