Marco António:
Amigos, compatriotas, escutai-me! Venho para sepultar César, não para elogiá-lo. O mal que os homens fazem sobrevive-lhes. O bem costuma ser sepultado com os seus ossos. Que seja assim com César. O ilustre Brutus disse que César era ambicioso. Se assim foi, tratava-se de uma grave falta, e ele pagou, gravemente, pela ambição. Com a autorização de Brutus, que é um homem honrado, como também o são os demais, venho falar-vos no funeral de César. Era meu amigo, sempre leal e justo comigo. Mas Brutus diz que era ambicioso, e Brutus é um homem honrado. Muitos cativos trouxe para Roma cujos resgates encheram os cofres públicos. Era isso ambição? Se os pobres se lamentavam, César chorava. A ambição devia ser mais dura. Contudo, Brutus disse que era ambicioso. E Brutus é um homem honrado. Todos vós vistes, nas Lupercais apresentei-lhe, por três vezes, uma coroa real. E por três vezes a recusou. Era isto ambição? Contudo, Brutus disse que era ambicioso e ele é um homem honrado. Não desaprovo as palavras de Brutus! Mas estou aqui para dizer o que sei! Todos o amastes alguma vez, e não sem uma razão. Que razão, então, vos impede de chorá-lo? Ah, julgamento! Deves cobiçar os irracionais, porque os homens perderam a razão. Perdoai! O meu coração está ali...........Todos os historiadores dizem que Churchill era um político genial, um defensor até ao extremo da democracia.
E os historiadores são homens honrados.
Também dizem que a civilização e a cultura lhe ficaram a dever muito, na sua luta contra a tirania, a selvajaria e a guerra.
E os historiadores são homens honrados.
E também dizem que foi ele que na sua defesa da democracia fez vingar o conceito de cortina de ferro,ultrapassada a aliança de Yalta com o ditador Estaline.
E os historiadores são homens honrados.
Mas, sem querer desaprovar as palavras dos historiadores, Churchill foi o artífice da expedição aos Dardanelos, durante a primeira guerra mundial, era ele secretário de Estado da guerra, delineando uma estratégia também mal executada. E por isso responsável pela morte de milhares de soldados inocentes, dum lado e doutro, australianos, franceses, ingleses, turcos...
Sem querer desaprovar as palavras dos historiadores, digo que Churchill também mandou bombardear Dresden, a pretexto de retaliação do crime sobre Coventry do ditador de Berlim. Era fevereiro de 1945. Dresden não tinha fábricas, não participava diretamente do esforço de guerra. Só tinha civis. Mas não estou a dizer que foi um crime de guerra mandado executar pelo defensor máximo da democracia ocidental, nem posso formular nenhum juízo de intenções imaginando o que Churchill faria se pudesse ativar uma bomba atómica, como Truman. Churchill, que no dia seguinte ao da tomada de posse em 1940, antes dos ataques dementes da aviação alemã sobre Londres, mandou bombardear uma cidade alemã onde não havia fábricas, nem instalações militares, apenas civis, Monchengladbach...
Mas os historiadores são homens honrados, que porém não se interrogam como eu, quantos inocentes morreram com as decisões dos seus herois ...
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