segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

O paradoxal tabu da linha de bitola UIC para Madrid

Bueno, vamos a ser ecumenicos y a intentar se podemos perdonar el tabu.

Primeiro,  eis um extrato da entrevista ao ABC:
www.abc.es
El «premier» luso subraya la fuerte recuperación económica de su país gracias al consenso político y el apoyo a la inversión privada y la exportación


-¿En qué pueden mejorar las relaciones con España?
-No logro encontrar un solo problema entre ambos países. Es nuestro mejor cliente, el turismo español crece en Portugal y hay muy buena relación entre jefes de Estado y de Gobierno, entre los alcaldes y la cooperación en la frontera. El gran desafío para la economía portuguesa es el de comprender de una vez por todas que no se puede ver a sí misma como un mercado de 10 millones sino como parte de un gran mercado de 60 millones. Y siempre es posible hacer algo más. Creo que el próximo reto es concluir la negociación del mercado ibérico de gas natural, incrementar las interconexiones bilaterales y la capacidad de interconectarnos con mayor capacidad con el centro de Europa. El segundo reto en el que trabajamos es el desarrollo de nuestra zona de frontera, más pobre y menos poblada.
-Y en ese contexto, el AVE encajaría muy bien.
-El AVE es un tema tabú en la política portuguesa y lo será por mucho tiempo. Ahora estamos intentando hacer algo muy importante para el próximo marco financiero europeo. Se trata de desarrollar un proceso de planificación para poder obtener un acuerdo de dos tercios en el Parlamento para estabilizar las estrategias de desarrollo como algo nacional y no partidista. No hay ningún lugar en el mundo donde la derecha y la izquierda se diferencian por ser pro-AVE o contra el AVE. Desgraciadamente en Portugal hubo un tiempo en el que el gran tema de diferenciación política era el AVE, la inversión en infraestructuras y la inversión pública. Necesitamos un tiempo de tranquilidad. También perdimos la oportunidad de hacer un nuevo aeropuerto. Hay que apartar del debate partidista todos esos temas. Un día la cuestión no será la unión Lisboa–Madrid, sino que habrá que mirar la red de alta velocidad desarrollada en gran parte de la Península Ibérica en la que nosotros estaremos fuera. Pero por el momento este es un tema tabú y no creo que se pueda discutirse durante un cierto tiempo.

Eu como antigo funcionário do metro devo ao senhor primeiro ministro a linha de Odivelas, quando ganhou a corrida de burro com  o Ferrari. Reconheço que em algumas áreas do seu governo algo de positivo se faz. Por exemplo, o secretário de Estado da Energia defende publicamente uma ação diplomática forte junto de Espanha e de França para desenvolver as ligações elétricas à Europa (je touche le bois para que não demitam o secretário de Estado). Quisera que os homólogos dos transportes fizessem o mesmo. Mas não, e chegamos por isso ao tabu. António Costa ainda fala que precisa de 2/3 de consenso para avançar com infraestruturas cujo planeamento para 2030 anda a dizer que vai ser feito num debate alargado e esta do tabu parece ser desculpa que não tem o apoio da oposição para lançar a linha de AV para Madrid.  Penso que o senhor primeiro ministro estará mal informado e que não compreende ou não quer compreender que o tabu não pode ser muito tempo se queremos cumprir o objetivo de 2030  para o corredor internacional de mercadorias de bitola UIC. E se fala em tabu por muito tempo isso quer dizer que não quer cumprir o objetivo 2030. E se não quer cumprir o objetivo 2030 está a afastar-se da verdade quando diz que o governo lançou um debate público para definir as infraestruturas até 2030 quando se desculpa com a falta dos 2/3 para não cumprir o objetivo 2030.
Será ingenuidade pensar que a alta velocidade para Madrid é um tabu (e contudo, como dizia Galileu, todos os dias os 11 aviões para Madrid gastam muito mais energia, ainda por cima importada, do que os 4 comboios de AV equivalentes; os senhores assessores do senhor primeiro ministro não têm máquinas de calcular?) mas a linha de mercadorias a 100km/h no corredor internacional sul 2030 não, independentemente dos 2/3.
Mas não quero ser ingénuo, e pelas declarações do senhor primeiro ministro não acredito que o governo aceite um planeamento para o corredor internacional sul de bitola UIC até 2030. Até nem seria preciso fazer o projeto, ele já existe, do Poceirão para o Caia. 
Só se o senhor primeiro ministro se refere ao imbroglio da condenação do Estado a pagar 150 milhões de euros ao consórcio ELOS por causa do tal processo do marquês em que os senhores procuradores atiraram lama aos nossos colegas do juri que adjudicou o projeto e a obra ao dito consórcio e se esqueceram que a ausencia do visto do Tribunal de Contas para validar o contrato se deveu também à ausencia de resposta da REFER ao pedido de esclarecimentos do TC desculpando-se com a extinção da RAVE (e não me venham com a desculpa formalista-jurídica da anulação de um contrato por ter uma cláusula que favorecia o contratado se o contrato fosse anulado, vão brincar aos dilemas jurídicos para a Faculdade de Direito, não bloqueiem o que é bom para as populações).  Mas era preciso fazer a candidatura aos fundos comunitários. E pelos vistos isso custa.

Entretanto, que pensarão os espanhois da estratégia ferroviária dos portugueses (provavelmente o mesmo que da estratégia da água e da energia elétrica)? é que a versão oficial da IP e do governo é  que nos percursos internacionais vai-se montando travessas bivalentes (ibérica e UIC) e quando os espanhois levarem a bitola UIC à fronteira, então "migrarão" (que palavrão...) também para a bitola UIC. Pero, se dizem aos espanhois que a linha de alta velocidade para Madrid es un tabu, que pensaran los espanholes? Que Portugal não precisa de linhas de bitola UIC? Mas acontece  que as regiões espanholas que ainda não têm bitola UIC também precisam dela.

Em resumo, nada de bom parece poder esperar-se destas declarações. É pena, devo ao senhor primeiro ministro a linha de Odivelas.

Mas posso estar enganado (quisera).

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