https://www.msn.com/pt-pt/financas/empresas/aeroporto-de-lisboa-esgotado-montijo-tem-de-acelerar/ar-BBKHW94?li=BBoPWjC&ocid=mailsignout
Esgotado, diz o Jornal de Negócios, noticiando que a concessionária notificou o governo que os 4 triggers (é fino, dizer triggers) ou valores para desencadear a ação para um novo aeroporto, complementar ou propriamente novo, foram atingidos em 2017.
Primeiro, a Portela só estará esgotada depois da construção do taxiway (para permitir utilizar a parte norte da pista principal), da saída da Força Aérea do Figo Maduro (idem) e depois da aquisição do sistema de controle aéreo com maior capacidade do que o atual. Portanto, salvo melhor opinião, esta informação é deficiente. Depois, o contrato de concessão de 2012, no anexo 16,diz as especificações (mínimas) do novo aeroporto. É verdade que os timings estão desfocados, por natureza excessivos e por força da evolução verificada, com os prazos agora apertados. Mas a cláusula 42.3 é clara quando pede à concessionária para apurar se há alternativa mais eficiente (não só menos dispendiosa) do que um novo aeroporto. Ora as especificações do NAL eram de 90 a 95 movimentos por hora, a solução Portela +Montijo não ultrapassa os 72 movimentos. Não é pois mais eficiente. Acresce que nas cláusulas 45.3 e 46.1d se fala na obrigação do concessionário apresentar um plano de financiamento para a construção do novo aeroporto.
Na verdade, o contrato de concessão não estava assim tão mal redigido como isso, uma vez que prevê a resolução do contrato de concessão no caso da concessionária não rever o processo de candidatura ao NAL conforme as especificações mais eficientes (cláusula 51) ou por não ser do interesse público (47.2c). Reconheço que juridicamente é dificil sustentar essa resolução, mas poderíamos negociar, passando a pente muito fino o contrato de concessão.
Pelo que dirá a Vinci, e com alguma propriedade, que por já não podermos dispor dos 3000 milhões recebidos pela venda da ANA por 50 anos para construir um novo aeroporto com 2 pistas, e por termos uma proposta de solução que, apesar de precária e com graves limitações, funcionará, teremos de engolir a solução que nos é pro(im)posta, no fundo, por quem os pagou. Mas eu acrescentarei que é bom que o façamos sem nos calarmos.
Mais informação:
http://fcsseratostenes.blogspot.pt/search?q=montijo
segunda-feira, 26 de março de 2018
Aeroporto do Montijo IX - Esgotado, o aeroporto da Portela, diz o Jornal de Negócios
sábado, 17 de março de 2018
Minha querida araucária
Minha querida araucária, há tempos que ando para te escrever. Mas o assunto inibe-me. Tu própria compreenderás como me é difícil dizer-te o que tenho a dizer-te. Embora tu, por estares mais perto do que eu das nossas raízes, que são as de todos os seres vivos, por viveres melhor integrada na Natureza, sentes melhor, neste fluir incessante, a dinâmica da vida e da morte.
Não consigo esquecer-me de quando te plantei, pequenina que eras, com o torrãzito de terra pendurado nas tuas raízes. E eu um jovem. Há tanto tempo que foi. Na altura nem dei atenção ao que disse um jardineiro que observava a operação: quando a araucária atinge a cumeeira do telhado quer dizer que se esgotou o tempo de quem a plantou. Se eu acreditasse nestas coisas mágicas teria mandado subir o telhado, mas não. Tu cresceste e subiste ainda mais acima, e eu envelheci. E vejo-me agora neste triste dilema.
Ainda pensei ralhar contigo quando as tuas raízes se meteram pela conduta do esgoto e partiram as suas paredes. Não te disse nada na altura, mas a situação tornou-se insustentável. Cresceste muito, a tua sombra já invade o quintal do vizinho, e eu não gosto de questiunculas com os vizinhos. Só que nunca tive coragem de chamar ninguém para o trabalho.
Pior ainda do que isso, minha araucária, é que uns homens, que eu ia a escrever maus, mas que não são, maus, são apenas crédulos em mais pensamentos mágicos, em relações que crêem ser de causa e efeito mas que não são nada de causa e efeito, onde é que estão as provas? uns homens, dizia eu, vêem agora informar-me que por estares a 4 metros de distancia da casa não podes continuar a viver. Porque também tu és uma conífera, e eles não gostam de coníferas.
Minha querida araucária. Sinto-me velho e cansado. Bem tentei sugerir procedimentos que julguei mais sensatos aos homens que aí vêm. Mas a nada atenderam. E agora não consigo resistir a este ímpeto selvagem de destruição de árvores, a esta vontade de desertificar pela erosão das terras sem sombra. Eles compreendem, que cortar árvores vai fazer crescer mais depressa o mato, porque vão faltar as folhas a secar e a fazer uma manta contra as sementes das ervas. Ah, dirão eles, mas vamos também cortar o mato. Terão feito bem as contas, aos milhões de hectares em que é preciso cortar o mato, pelo menos 3 vezes por ano, e tantas vezes em terrenos acidentados. E quanto irá isso custar, e será que um terço do ano chega para cortar tudo? E depois quando chover a terra não está segura nem pelas raízes das árvores nem pelas do mato, e vão surgir enxurradas e a erosão crescerá, e o assoreamento dos rios também. Eles compreendem isto tudo, mas formou-se a corrente de opinião que tem de se cortar as árvores num raio de 50 metros à volta da casa. Que fundamentalismo.
Mas estou cansado e velho, vou esperar que eles cheguem, não vou resistir, e quando eles chegarem vou-me embora por uns dias. Não quero ver-te cortada, minha querida araucária. Mas ao menos sei que tu compreendes, estás mais perto da Natureza do que eu, encaras isso com naturalidade, desde o nemátodo que matou os teus primos pinheiros, a carcaça esburacada, aos bicudos escaravelhos que vieram sabe-se lá de onde matar as palmeiras que te acompanhavam. Dirás que agora é diferente, não são bichos, são homens que matam, mas sei que também isso compreendes, que sabes o mal que os homens fazem à Natureza.
Abraço-te o tronco por uma última vez, minha querida araucária.
https://fcsseratostenes.blogspot.pt/search?q=limpeza
https://fcsseratostenes.blogspot.pt/search?q=orat%C3%B3ria
Não consigo esquecer-me de quando te plantei, pequenina que eras, com o torrãzito de terra pendurado nas tuas raízes. E eu um jovem. Há tanto tempo que foi. Na altura nem dei atenção ao que disse um jardineiro que observava a operação: quando a araucária atinge a cumeeira do telhado quer dizer que se esgotou o tempo de quem a plantou. Se eu acreditasse nestas coisas mágicas teria mandado subir o telhado, mas não. Tu cresceste e subiste ainda mais acima, e eu envelheci. E vejo-me agora neste triste dilema.
Ainda pensei ralhar contigo quando as tuas raízes se meteram pela conduta do esgoto e partiram as suas paredes. Não te disse nada na altura, mas a situação tornou-se insustentável. Cresceste muito, a tua sombra já invade o quintal do vizinho, e eu não gosto de questiunculas com os vizinhos. Só que nunca tive coragem de chamar ninguém para o trabalho.
Pior ainda do que isso, minha araucária, é que uns homens, que eu ia a escrever maus, mas que não são, maus, são apenas crédulos em mais pensamentos mágicos, em relações que crêem ser de causa e efeito mas que não são nada de causa e efeito, onde é que estão as provas? uns homens, dizia eu, vêem agora informar-me que por estares a 4 metros de distancia da casa não podes continuar a viver. Porque também tu és uma conífera, e eles não gostam de coníferas.
Minha querida araucária. Sinto-me velho e cansado. Bem tentei sugerir procedimentos que julguei mais sensatos aos homens que aí vêm. Mas a nada atenderam. E agora não consigo resistir a este ímpeto selvagem de destruição de árvores, a esta vontade de desertificar pela erosão das terras sem sombra. Eles compreendem, que cortar árvores vai fazer crescer mais depressa o mato, porque vão faltar as folhas a secar e a fazer uma manta contra as sementes das ervas. Ah, dirão eles, mas vamos também cortar o mato. Terão feito bem as contas, aos milhões de hectares em que é preciso cortar o mato, pelo menos 3 vezes por ano, e tantas vezes em terrenos acidentados. E quanto irá isso custar, e será que um terço do ano chega para cortar tudo? E depois quando chover a terra não está segura nem pelas raízes das árvores nem pelas do mato, e vão surgir enxurradas e a erosão crescerá, e o assoreamento dos rios também. Eles compreendem isto tudo, mas formou-se a corrente de opinião que tem de se cortar as árvores num raio de 50 metros à volta da casa. Que fundamentalismo.
Mas estou cansado e velho, vou esperar que eles cheguem, não vou resistir, e quando eles chegarem vou-me embora por uns dias. Não quero ver-te cortada, minha querida araucária. Mas ao menos sei que tu compreendes, estás mais perto da Natureza do que eu, encaras isso com naturalidade, desde o nemátodo que matou os teus primos pinheiros, a carcaça esburacada, aos bicudos escaravelhos que vieram sabe-se lá de onde matar as palmeiras que te acompanhavam. Dirás que agora é diferente, não são bichos, são homens que matam, mas sei que também isso compreendes, que sabes o mal que os homens fazem à Natureza.
Abraço-te o tronco por uma última vez, minha querida araucária.
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2ªsinfonia de Mahler, "Ressureição"
9 de março de 2018, na fundação Gulbenkian, pela sua orquestra e coro, e solistas externos, soprano e contralto, a segunda sinfonia da Mahler.
Chamada da ressureição por celebrar os herois mortos, em poesia de carater romantico.
A musica de Mahler tem muitas vezes, como nesta sinfonia, uma natureza fúnebre, mas tem também elementos simples da musica popular e momentos de grande sensibilidade. Para além de uma instrumentação rica e ainda moderna. A sua música integrava-se no movimento intenso de renovação cultural em Viena no fim do século XIX e início do século XX. Não apenas nas artes (Klimt na pintura) mas também na ciência (Freud e a psicanálise). Mas era também um caldo de decadência e de incoerência na organização social. Depois do congresso de Viena de 1815, as monarquias europeias quiseram reconstituir-se. No seu pior, eu diria, e a dinastia Habsburgo é um exemplo trágico de progressiva decomposição. A reação à primavera de 1848 foi a reunião da familia real em torno do imperador deficiente mental. Acumularam-se as decisões insustentáveis que culminaram na primeira guerra mundial. Ver "Declínio e queda do império habsburgo" de Alan Sked. Numa altura em que tenta consolidar a ideia de Europa unida, convinha revisitar os erros passados. Por exemplo, o presidente eleito da câmara de Viena do início do século XX foi um dos principais inspiradores da ideologia de Hitler, que por lá andou nesse tempo. Como é estranho que nas comunidades possam conviver, lado a lado, o mais extremo obscurantismo e as mais elevadas formas de arte, como a 2ª sinfonia de Mahler... Razão suficiente para rever os mecanismos democráticos...
E quanto à interpretação neste concerto? Para mim, foi primorosa a interpretação do 1º andamento. Assim como as do contralto e do soprano (sinceramente preferiria, mesmo em nível menos elevado, intérpretes nacionais, mas é a orientação sufragada da Gulbenkian). Também com sinceridade acho muito rudimentar a poesia, assente em crenças religiosas de misticismo vulgar, mostrando à sua escala os grandes contrastes da sociedade vienense: "nada para ti está perdido, é teu sim, é teu aquilo por que ansiaste, por que lutaste" mas também "ressuscitarás, sim, ressuscitarás, meu coração, num instante!aquilo por que lutaste a Deus te levará"... como é estranho que possam conviver, lado a lado, as maiores aspirações do homem e as crenças que mais podem iludir...
Por isso preferiria que o andamento final não culminasse num fortissimo de tantos decibeis (ignoro se Mahler anotou fff), a suscitar aplausos no climax, como se se tratasse de um golo, e eu a meditar nestas coisas e o ruido das palmas e dos bravos a não me deixar absorver a transcendencia daquela musica....
Chamada da ressureição por celebrar os herois mortos, em poesia de carater romantico.
A musica de Mahler tem muitas vezes, como nesta sinfonia, uma natureza fúnebre, mas tem também elementos simples da musica popular e momentos de grande sensibilidade. Para além de uma instrumentação rica e ainda moderna. A sua música integrava-se no movimento intenso de renovação cultural em Viena no fim do século XIX e início do século XX. Não apenas nas artes (Klimt na pintura) mas também na ciência (Freud e a psicanálise). Mas era também um caldo de decadência e de incoerência na organização social. Depois do congresso de Viena de 1815, as monarquias europeias quiseram reconstituir-se. No seu pior, eu diria, e a dinastia Habsburgo é um exemplo trágico de progressiva decomposição. A reação à primavera de 1848 foi a reunião da familia real em torno do imperador deficiente mental. Acumularam-se as decisões insustentáveis que culminaram na primeira guerra mundial. Ver "Declínio e queda do império habsburgo" de Alan Sked. Numa altura em que tenta consolidar a ideia de Europa unida, convinha revisitar os erros passados. Por exemplo, o presidente eleito da câmara de Viena do início do século XX foi um dos principais inspiradores da ideologia de Hitler, que por lá andou nesse tempo. Como é estranho que nas comunidades possam conviver, lado a lado, o mais extremo obscurantismo e as mais elevadas formas de arte, como a 2ª sinfonia de Mahler... Razão suficiente para rever os mecanismos democráticos...
E quanto à interpretação neste concerto? Para mim, foi primorosa a interpretação do 1º andamento. Assim como as do contralto e do soprano (sinceramente preferiria, mesmo em nível menos elevado, intérpretes nacionais, mas é a orientação sufragada da Gulbenkian). Também com sinceridade acho muito rudimentar a poesia, assente em crenças religiosas de misticismo vulgar, mostrando à sua escala os grandes contrastes da sociedade vienense: "nada para ti está perdido, é teu sim, é teu aquilo por que ansiaste, por que lutaste" mas também "ressuscitarás, sim, ressuscitarás, meu coração, num instante!aquilo por que lutaste a Deus te levará"... como é estranho que possam conviver, lado a lado, as maiores aspirações do homem e as crenças que mais podem iludir...
Por isso preferiria que o andamento final não culminasse num fortissimo de tantos decibeis (ignoro se Mahler anotou fff), a suscitar aplausos no climax, como se se tratasse de um golo, e eu a meditar nestas coisas e o ruido das palmas e dos bravos a não me deixar absorver a transcendencia daquela musica....
Audição do presidente do metropolitano de Lisboa no Parlamento
Notícia no DN:
https://www.dn.pt/portugal/interior/administracao-do-metro-de-lisboa-diz-que-a--linha-circular-e-a-melhor-solucao-9184477.html
Comentário:
Infelizmente, a administração do metro não muda de opinião nem de argumentação, nem o governo. A administração e o governo têm pareceres técnicos que, desde 2009 (agosto, véspera de eleições) quando foi apresentado este plano de expansão (que contrariava o anterior e mais coerente plano de expansão) criticam fortemente esta linha circular (não é por ser circular, é por ter estas carateristicas geométricas; em 2002 o metro propôs uma linha circular externa à superficie, de Algés a Loures e Sacavem, que foi chumbada).
Contra a linha circular do governo, fundamentalmente razões de operacionalidade e fiabilidade: qualquer perturbação perturba toda a linha sem tanta capacidade de regulação como as linhas normais com términos (o plano tenta minimizar este inconveniente com o aproveitamento parcial do atual término de Cais do Sodré); quanficando, com base no histórico de avarias, a probabilidade de avaria na linha circular será de 1 em 2,5 dias, e a probabilidade de avaria simultaneamente nas atuais duas linhas , verde e amarela é de 1 em 25 dias. Diz o sr presidente que estudos realizados dizem que... mas, apesar de pedida a sua divulgação, ela não foi feita.Ora, desde o fim da idade média se sabe que o "magister dixit" não é o melhor método. Também diz que S.Sebastião-Alcantara custaria 270 milhões. Sim, se a construção fosse subterrânea, o que por razões energéticas é um erro devido aos desníveis. O que se passa ´é que as intenções imobiliárias para Alcantara não gostam da ideia de construir em viaduto, que é mais barato, ainda por cima em zona de aluvião e aterro e na proximidade do caneiro (o que aliás justifica a não construção da ligação enterrada entre a linha de Cascais e a de cintura, para além da saturação desta se devidamente utilizadas as linhas de Sintra, ponte 25 de abril, Alcantara-Terra e Azambuja).
É ainda um desgosto ouvir esta argumentação: vamos pôr no viaduto de Campo Grande um aparelho de via (bifurcação) que permitirá ligar a linha de Odivelas ao Rato. Se se verificar que a linha circular não funciona, voltaremos ao esquema atual. Isto depois de se partir os viadutos de tabuleiro pré-esforçado para ligar Campo Grande, linha amarela, a Telheiras, e linha verde, ao túnel da Cidade Universitária. Mas enfim, estes senhores interpretam o voto democrático que receberam como uma infusão divina de infalibilidade. Bossuet dizia o mesmo dos reis absolutos. Como dizem os brasileiros ainda não baratinados pelos vandalos armados à solta, "evoé".
Documentação em :
http://fcsseratostenes.blogspot.pt/2018/01/ultima-tentativa-ultima-chamada-da.html
https://www.dn.pt/portugal/interior/administracao-do-metro-de-lisboa-diz-que-a--linha-circular-e-a-melhor-solucao-9184477.html
Comentário:
Infelizmente, a administração do metro não muda de opinião nem de argumentação, nem o governo. A administração e o governo têm pareceres técnicos que, desde 2009 (agosto, véspera de eleições) quando foi apresentado este plano de expansão (que contrariava o anterior e mais coerente plano de expansão) criticam fortemente esta linha circular (não é por ser circular, é por ter estas carateristicas geométricas; em 2002 o metro propôs uma linha circular externa à superficie, de Algés a Loures e Sacavem, que foi chumbada).
Contra a linha circular do governo, fundamentalmente razões de operacionalidade e fiabilidade: qualquer perturbação perturba toda a linha sem tanta capacidade de regulação como as linhas normais com términos (o plano tenta minimizar este inconveniente com o aproveitamento parcial do atual término de Cais do Sodré); quanficando, com base no histórico de avarias, a probabilidade de avaria na linha circular será de 1 em 2,5 dias, e a probabilidade de avaria simultaneamente nas atuais duas linhas , verde e amarela é de 1 em 25 dias. Diz o sr presidente que estudos realizados dizem que... mas, apesar de pedida a sua divulgação, ela não foi feita.Ora, desde o fim da idade média se sabe que o "magister dixit" não é o melhor método. Também diz que S.Sebastião-Alcantara custaria 270 milhões. Sim, se a construção fosse subterrânea, o que por razões energéticas é um erro devido aos desníveis. O que se passa ´é que as intenções imobiliárias para Alcantara não gostam da ideia de construir em viaduto, que é mais barato, ainda por cima em zona de aluvião e aterro e na proximidade do caneiro (o que aliás justifica a não construção da ligação enterrada entre a linha de Cascais e a de cintura, para além da saturação desta se devidamente utilizadas as linhas de Sintra, ponte 25 de abril, Alcantara-Terra e Azambuja).
É ainda um desgosto ouvir esta argumentação: vamos pôr no viaduto de Campo Grande um aparelho de via (bifurcação) que permitirá ligar a linha de Odivelas ao Rato. Se se verificar que a linha circular não funciona, voltaremos ao esquema atual. Isto depois de se partir os viadutos de tabuleiro pré-esforçado para ligar Campo Grande, linha amarela, a Telheiras, e linha verde, ao túnel da Cidade Universitária. Mas enfim, estes senhores interpretam o voto democrático que receberam como uma infusão divina de infalibilidade. Bossuet dizia o mesmo dos reis absolutos. Como dizem os brasileiros ainda não baratinados pelos vandalos armados à solta, "evoé".
Documentação em :
http://fcsseratostenes.blogspot.pt/2018/01/ultima-tentativa-ultima-chamada-da.html
Marielle Franco
Associo-me ao luto e à indignação pela morte de Marielle Franco, vereadora por um partido de esquerda no Rio de Janeiro. Assassinada de forma organizada, o que indicia uma organização poderosa de malfeitores no Brasil contrariando os interesses da população que desejaria viver em paz. É preciso mudar, no Brasil.
domingo, 11 de março de 2018
Da "imbecilidade" de escrever no asfalto mão Porti
Resposta ao artigo de opinião de João Taborda da Gama.
Caro Doutor
Recentemente, em visita à Ordem dos Engenheiros, o seu ilustre colega jurista que atualmente desempenha com simpatia e alguma eficiencia a função de presidente da República, declarou, precisamente por ser um paradigma de simpatia, que considerava semelhantes as formas de raciocínio de juristas e de engenheiros.
Digo com simpatia, no pressuposto da comparação elevar assim o raciocínio dos engenheiros ao nível do homólogo dos juristas.
Como certamente já pressentiu, porque na verdade ambos os raciocínios têm em comum a lógica, embora outras coisas não, vem isto a propósito (ou a despropósito) daquela questão de escrever de forma inversa no asfalto, “imbecilidade”atribuível pelo ilustre doutor a um”muito esperto ... engenheiro, talvez” (e contudo, como diria Galileu a propósito, ou a despropósito de outras coisas mais importantes, como poderá escrever-se na vertical no asfalto se ele está na horizontal? a menos, claro, das espessuras das camadas).
De modo que, como certamente também já terá pressentido, esta missiva vem dar-lhe razão, que “não esteve um dia bom para a produção de texto, não”. Até porque a qualidade dos seus textos é normalmente elevada.
E por isso me atrevo, do baixo da minha condição de engenheiro, mas com fé que o ilustre especialista de direito fiscal também por isso mesmo tributa à matemática, e esta é uma linguagem universal, passe o lugar comum, a tentar uma explicação para a tal “imbecilidade”. Que não o será no sentido literal, mas antes consequencia de mais uma partida que a Natureza prega a quem tenta construir um edifício coerente de lógica, ou, numa versão mais derrotista para quem se desgosta com a incomensurabilidade do desconhecido e a fácil mensurabilidade do conhecimento, mais uma aberração da Natureza.
De facto, não seria mais lógico que pelo espelho do retrovisor lessemos “Ambulancia”se estivesse escrito “Ambulancia” no seu capot? Mas não. Da mesma forma, não seria mais lógico que escrevessemos e lessemos da direita para a esquerda, como os árabes, e não da esquerda para a direita ? é que assim podiamos arrumar da direita para a esquerda, por ordem crescente, os 5 volumes dos “Comboios em Portugal” de J.Ribeiro da Silva e Manuel Ribeiro, ed. Terramar (perdoe-se-me a limitação própria como especialista de transporte, embora mais para o lado ferroviário que para o rodoviário o que me incapacita para eventual explicação convincente da “imbecilidade”), ficando o primeiro volume na sua posição natural no conjunto. Ou que circulássemos pela esquerda, como os anglo-saxónicos da ex-Europa, que assim chegávamos às rotundas e não tinhamos dúvidas, prioridade a quem lá está, vindo da direita.
Porém esta lógica não se aplica totalmente à questão da escrita vertical no asfalto horizontal, pelo que coloco a seguinte hipótese para a explicar. Imaginemos aqueles aparelhos antigos para ver gravuras em movimento, com uma manivela para ajustar a velocidade de corrida das imagens à sensibilidade e acuidade dos orgãos de visão do observador. E queremos anunciar em legendas em que só cabem 4 ou 5 letras a próxima saída da via rápida.
Claro que a primeira imagem é Sete e a segunda Rios.
Se a manivela rodar devagarinho, temos tempo para reter na memória da retina a palavra Sete, e calmamente registamos a segunda, Rios. O cérebro se encarregará de digerir as duas informações e sintetizá-las, Sete Rios.
Mas se a mão se escapa ao controle da contenção e desbrida em velocidade impulsiva e compulsiva, como um condutor pouco amigo da segurança coletiva, em claro arrepio dos conselhos associados ao equilíbrio de Pareto, e as imagens se sucedem mais depressa do que a capacidade de retenção, ou se o condutor estava algo desatento à aproximação do anúncio do desvio, talvez seja Rios que predomine, ou que seja Rios Sete que o cérebro forneça ao seu dono.
É que o que se escreve no asfalto é função da velocidade ideal, ou recomendada, com que se circulará por cima. E circulando dentro dos limites a sua leitura tem alguma lógica, pelo menos aquela que os deuses consentem que os homens (e mulheres) usufruam. Mas reconheço que as frações da legenda Portimão deviam estar mais afastadas, pelo menos 1/24 segundo, que a 90km/h são 1 metro.
Mais uma uma vez o ilustre Doutor pressintirá´que eu estou a recomendar que circule mais devagar. E na verdade estou, até tenho fé que os “autónomos” venham impor-nos isso mesmo, uma velocidade mais contida.
Para melhor convivência entre todos . Ou será uma imbecilidade conter a velocidade? É que a citada Natureza desenvolveu os orgãos visuais da espécie humana para velocidades até 30 km/h, mais ou menos, como preocupado dizia o médico nos princípios do século XIX, aflito com as consequencias das cada vez mais altas velocidades dos veículos inventados pela dita espécie.
Enfim, caro Doutor, votos dos maiores sucessos pessoais, esperando que continue a escrever para os seus leitores.
PS em 16 de março - pensando melhor, que é coisa que deve tentar-se sempre, talvez pudessemos concordar com a escrita paralela ao sentido do tráfego no plano horizontal da estrada, isto é, perpendicular à transversal à estrada, com a primeira letra a surgir primeiro. Espero que não seja uma "imbecilidade"
segunda-feira, 5 de março de 2018
Hoje, às nove e meia da manhã
Hoje, às nove e meia da manhã o metro de Odivelas vinha cheio,ao chegar ao Campo Grande. Nove minutos de espera, tivemos nós de aguardar. Possivelmente por causa daquelas manobras dos comboios que ficam no Campo Grande e não vão a Odivelas, para tentar adaptar a oferta à procura.
Foi boa, a espera, para o pequeno quiosque no cais central. Calmamente se tomaram pequenos almoços e se satisfizeram encomendas para levar para o local de trabalho. Na instalação sonora, a poesia de Sofia de Melo Breyner (perdoem-me escrever assim, sem ph e sem duplo l), "esta é a madrugada que eu esperava, o dia inicial inteiro e limpo..."
Gosto de ver o metro cheio, sinal de que é útil o trabalho dos seus funcionários e de que os passageiros têm também, trabalho, pese a dúvida sobre os montantes das remunerações e sobre o reconhecimento do valor de quem produz mais valias. Embora neste caso o excesso de afluência se relacione com o atraso. Se o maquinista era novo, teve oportunidade de aperfeiçoar a técnica do fecho de portas em situação de sobrecarga.
Não acho que as caras dos passageiros revelem descontentamento ou aborrecimento. Apesar de apertadas, as pessoas são gentis ao facilitar as entradas e as saídas, são raros os conflitos. Reparo nos olhos de uma jovem passageira, rasgados como os baixos-relevo do antigo Egito, o branco muito vivo em angulo agudo em contraste com o negro dos olhos e da pele. Desvia os olhos de mim mas deve ter percebido a alusão à sua antiga antepassada. Mais perto de mim uma também jovem mulher de cabeleira loura escorrida, de ar sério, talvez para conter eventuais inconveniências, com uma toilete casual, de blusa, jeans e botas de cano alto. Esforço-me que da proximidade nada possa levá-la a pensar que a importuno. Mas os botões superiores da blusa, desabotoados, deixam ver parte de uns seios magníficos. Não serão agora os baixos-relevos egípcios, em postura de perfil, mas uma estátua de deusa grega, talvez como a pequena Vénus de Rodes, que a senhora não era muito alta.
Reparo que atrás estou encostado a uma mochila às costas de um jovem, e que dois passageiros à frente outro passageiro enverga uma mochila. Estamos todos muito juntos e verifico que as mochilas roubam espaço, mas são confortáveis para nos encostarmos. Questiono-me se não deveríamos estudar bem o assunto. O próprio metro talvez deva recomendar o transporte das mochilas pela mão, porque são um fator de risco à saída, no caso de fecho atabalhoado de portas, e porque roubam espaço, mas a verdade é que acabam por ser cómodas em apertos. Talvez se justificasse uma tese de mestrado.
Saem e entram passageiros na Cidade Universitária, em Entrecampos e no Campo Pequeno.
Vem-me à memória as palavras de Carlos Oliveira "gente que desperta no rumor das casas, forças surgindo da terra inesgotável,... Como um rio lento e irrevogável, a humanidade está na rua. E a harmonia, que se desprende dos seus olhos densos ao encontro da luz, parece de repente uma
ave de fogo."
Continuamos apertados. Saíram as raparigas dos olhos rasgados e dos botões desabotoados, os moços das mochilas, mas as carruagens continuam cheias. É verdade, o que dizem a câmara, os agentes de turismo e as imobiliárias, de escritórios e de habitação, a avenida da República é o centro da cidade. Para mim uma razão para dar mais atenção a outras zonas. Saio do comboio no Saldanha, e como Fernando Pessoa, "tive pena de sair do comboio, de o deixar, ... nós, no comboio a que chamamos vida somos todos casuais uns para os outros".
Consigo evitar ser atropelado por uma bicicleta no passeio, graças ao quiosque do Campo Grande desprezo a esplanada de uma cafetaria recém inaugurada, desvio-me da senhora que dedilha o seu smartphone, e como todas e todos, continuo ...
Foi boa, a espera, para o pequeno quiosque no cais central. Calmamente se tomaram pequenos almoços e se satisfizeram encomendas para levar para o local de trabalho. Na instalação sonora, a poesia de Sofia de Melo Breyner (perdoem-me escrever assim, sem ph e sem duplo l), "esta é a madrugada que eu esperava, o dia inicial inteiro e limpo..."
Gosto de ver o metro cheio, sinal de que é útil o trabalho dos seus funcionários e de que os passageiros têm também, trabalho, pese a dúvida sobre os montantes das remunerações e sobre o reconhecimento do valor de quem produz mais valias. Embora neste caso o excesso de afluência se relacione com o atraso. Se o maquinista era novo, teve oportunidade de aperfeiçoar a técnica do fecho de portas em situação de sobrecarga.
Não acho que as caras dos passageiros revelem descontentamento ou aborrecimento. Apesar de apertadas, as pessoas são gentis ao facilitar as entradas e as saídas, são raros os conflitos. Reparo nos olhos de uma jovem passageira, rasgados como os baixos-relevo do antigo Egito, o branco muito vivo em angulo agudo em contraste com o negro dos olhos e da pele. Desvia os olhos de mim mas deve ter percebido a alusão à sua antiga antepassada. Mais perto de mim uma também jovem mulher de cabeleira loura escorrida, de ar sério, talvez para conter eventuais inconveniências, com uma toilete casual, de blusa, jeans e botas de cano alto. Esforço-me que da proximidade nada possa levá-la a pensar que a importuno. Mas os botões superiores da blusa, desabotoados, deixam ver parte de uns seios magníficos. Não serão agora os baixos-relevos egípcios, em postura de perfil, mas uma estátua de deusa grega, talvez como a pequena Vénus de Rodes, que a senhora não era muito alta.
Reparo que atrás estou encostado a uma mochila às costas de um jovem, e que dois passageiros à frente outro passageiro enverga uma mochila. Estamos todos muito juntos e verifico que as mochilas roubam espaço, mas são confortáveis para nos encostarmos. Questiono-me se não deveríamos estudar bem o assunto. O próprio metro talvez deva recomendar o transporte das mochilas pela mão, porque são um fator de risco à saída, no caso de fecho atabalhoado de portas, e porque roubam espaço, mas a verdade é que acabam por ser cómodas em apertos. Talvez se justificasse uma tese de mestrado.
Saem e entram passageiros na Cidade Universitária, em Entrecampos e no Campo Pequeno.
Vem-me à memória as palavras de Carlos Oliveira "gente que desperta no rumor das casas, forças surgindo da terra inesgotável,... Como um rio lento e irrevogável, a humanidade está na rua. E a harmonia, que se desprende dos seus olhos densos ao encontro da luz, parece de repente uma
ave de fogo."
Continuamos apertados. Saíram as raparigas dos olhos rasgados e dos botões desabotoados, os moços das mochilas, mas as carruagens continuam cheias. É verdade, o que dizem a câmara, os agentes de turismo e as imobiliárias, de escritórios e de habitação, a avenida da República é o centro da cidade. Para mim uma razão para dar mais atenção a outras zonas. Saio do comboio no Saldanha, e como Fernando Pessoa, "tive pena de sair do comboio, de o deixar, ... nós, no comboio a que chamamos vida somos todos casuais uns para os outros".
Consigo evitar ser atropelado por uma bicicleta no passeio, graças ao quiosque do Campo Grande desprezo a esplanada de uma cafetaria recém inaugurada, desvio-me da senhora que dedilha o seu smartphone, e como todas e todos, continuo ...
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