terça-feira, 31 de julho de 2018

IMPRESSÕES DE VIAGEM



Verão de 2018, do Algarve/Sotavento a Lisboa


Simpatia do agente na automotora diesel vetusta, quase me obrigou a mostrar o BI e obter o desconto entre o sotavento e Faro (quererão mesmo acabar com a ligação a Bom João?) e tranquilizou-me, o Intercidades vai esperar (tinha sido suprimido o regional que daria a ligação em Faro; que passava 17 minutos depois do suprimido); ao mesmo  tempo que visava os bilhetes e fazia o serviço de portas, telefonava pelo telemóvel para fazer uma reserva no intercidades que aguardava (já não havia 1ª, a senhora teve de ir em 2ª, afinal existe procura) e queixava-se baixinho que a sua máquina de revisor estava a dar problemas. Simpatia do pessoal, em época de rarefação dos quadros. Poderia esperar-se mau atendimento, mas não, simpatia. O problema é que, para mim, isto configura uma situação de risco, de quebra de segurança. Antipático que eu sou, mas como dizia Marchionne da Fiat, são os colarinhos azuis que pagam os erros dos colarinhos brancos.
Simpatia no atendimento no bar do Intercidades, mas falta de acompanhamentos para os cafés e meias de leite. Mais contenções ou cativações.
Ai os montes abandonados, telhados abatidos naquelas casas rasteirinhas, felizmente há sinais de trabalho nos campos, nem todas as casas estão arruinadas
Ai a falta de água no lavatório, e de sabão, o simpático de há tantos anos sabão em pó de descida por rotação (será fabricado por uma das casas da especialidade do Porto?). Cortes nas despesas de limpeza… valeu que para a sanita havia água.
Chegados ao Fogueteiro, depois de vários momentos a quase 200 km/h no troço novo a norte de Grandola e até ao Pinhal Novo (queria-se fazer crescer por aqui a ligação de mercadorias ao porto de Sines, mas os “missing links” para a Europa são mais que muitos, não apenas o badalado Évora-Caia) , apesar de alguns movimentos de lacete, a espera sempre antecipada por um slot no canal sobrecarregado com suburbanos. Ai a fé que existe na interoperabilidade quando não há slots disponíveis (slots, intervalos de tempo para utilização do mesmo canal físico respeitando as normas de segurança)

E afinal chegamos com 15 minutos de atraso, depois de partirmos com 25. Um abraço de solidariedade para quem trabalha e bem na CP. Ah, é verdade , dos 102 a admitir na EMEF para repor a manutenção e disponibilidade do material circulante, 60 já lá trabalham, com vínculo precário. As saídas de reformados não substituidos geram vazios na manutenção.
http://fectrans.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=2167:serao-os-102-transformados-em-cerca-de-40&catid=14:transporte-ferroviario&utm_source=newsletter_1459&utm_medium=email&utm_campaign=8informacao-fectrans-106-2018

PS em 6 de agosto de 2018 - Registo com pena as declarações do senhor secretário de estado das infraestruturas, de que "há uma ideia errada de que não há comboios suficientes e que os passageiros estão a perder qualidade de serviço". Não vale já a pena argumentar com negacionistas. Nem lembrar que um indice de disponibilidade de 97% é mau, (quase meia hora por dia sem serviço...). A ameaça do serviço de comboios passar para empresas espanholas, como a RENFE e a ADIF, francesa ou alemã, como a SNCF e a DB, é real.Por um lado, à Espanha interessa uma rede de bitola ibérica em Portugal para amortizar o seu material circulante de bitola ibérica e de bitola variável. A França e à Alemanha interessa o acesso aos nossos portos, a Madrid tambem interessa, pode ser que queiram investir nas ligações em bitola UIC, com o correr dos anos. Apagada e vil tristeza.





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