A investigação de acidentes é uma atividade essencial para a prevenção de acidentes. Como dizem as normas e teoricamente é reconhecido em Portugal, as investigações não se destinam a "apurar responsáveis e culpados" mas sim a encontrar as causas e circunstancias dos acidentes e as medidas e recomendações para evitar que eles se repitam ou, pelo menos, sejamminimizadas as consequencias. Trata-se de uma especialidade da análise de riscos, e infelizmente é pouco divulgada pela comunicação social, que aparentemente prefere ações mais punitivas.
Isto a propósito de uma série de acidentes recentes que me chocam por terem ocorrido e provocado mortes, mas porque a comunicação social deixou de se interessar, isto é, passados uns dias ninguem fala do acidente, as causas não forma ainda investigadas e portanto não foi cumprido o procedimento para a prevenção do acidente.
Recordo:
- a morte de uma senhora numa passagem de nível em Esmoriz, continuando uma série macabra que evidencia a impossibilidade da exploração de comboios rápidos em vias que não estão segregadas dos peões e em que os passageiros são obrigados a atarvassar as vias (exemplo, estações de Coimbra B e de Alfarelos)
- a morte de um ciclista desportivo e os ferimentos graves noutro numa estrada do Algarve por aparente excesso de velocidade e falta de visibilidade, mas sem cabal esclarecimento
- a morte de 6 trabalhadores numa carrinha na Marateca por aparente desajuste entre a forma de condução e as condições ambientais
- a colisão, felizmente sem mortes, na passagem de nível de Martingança entre o regional Caldas da Rainha-Coimbra e um camião, sem cabal esclarecimento.
Vem também a propósito de um esclarecimento do ministério do planeamento tentando justificar a acumulação de inquéritos do GPIAAF (gabinete de prevenção e investigação de acidentes com aeronaves e de acidentes ferroviários), "branqueando" a gritante e inadmissível falta de recursos humanos para as investigações:
http://webrails.tv/tv/?p=35494
https://www.jn.pt/justica/interior/acidentes-com-comboios-ha-12-anos-na-gaveta-9597095.html
Recordo ainda o meu contacto com o GPIAAF sugerindo em vão um inquérito à morte de duas adolescentes em Vila Nova de Anços, facultando fotografias demonstrando a falta de condições de segurança:
https://fcsseratostenes.blogspot.com/search?q=an%C3%A7os
Também comentei e pus hipóteses sobre o descarrilamento na Adémia em abril de 2017, sublinhando a ausência de esclarecimentos da operadora do comboio causador do acidente:
https://fcsseratostenes.blogspot.com/search?q=ad%C3%A9mia
E finalmente, a página do GPIAAF reconhecendo que ainda não tem pronto o relatório deste descarrilamento:
http://www.gisaf.gov.pt/?lnk=06439779-47de-4de6-beae-488352ccb7ab
Assim é muito difícil, e não estou a pôr em causa a competência técnica e a honestidade de quem trabalha no GPIAAF. Mas se não há recursos humanos, é mesmo muito difícil, é mais um sintoma da degradação de serviço público de transportes (e privado, no que toca aos operadores que não esclarecem as causas dos acidentes em tempo útil)
Sem comentários:
Enviar um comentário