terça-feira, 7 de agosto de 2018

Linha verde do metro de Lisboa, em 3 de agosto de 2018, pela manhã

Linha verde do metro de Lisboa, em 3 de agosto de 2018, pela manhã, estação de Alvalade. Depois de uma fugaz aparição do habitual anuncio "Existem perturbações..." a informação de linha interrompida por motivo de avaria da sinalização. Acredito porque vejo antigos colegas descerem â via. Poderá ter sido o motor de agulha a norte da estação, mais precisamente os contactos que dão a informação sobre a posição das lanças. Mas não vou lá confirmar, não quero que a administração os acuse de darem informações não estando autorizados (como é possível no século XXI ter estes cuidados?). Trata-se de uma avaria que impede o funcionamento seguro das duas vias. Isto responde àquela ligeireza de que a linha circular ao avariar, é só num sentido  porque tem duas vias. Um dos mais graves acidentes em metropolitanos deu-se em Daegu, Coreia do Sul, quando não se interrompeu a circulação nas duas vias e o incendio da primeira composição se propagou à composição que chegou da outra via. E como nos primeiros dez minutos ninguem pode afirmar o que se está a passar de errado, a prudencia manda parar as duas vias.
Vamos imaginar que já estava a funcionar a linha circular. Tudo parado ao longo dos seus 6,5 km de eixo. Desde as 10.15 até às 11.29, altura em que por informação do underlx a circulação foi retomada com perturbações.
https://perturbacoes.pt/d

Verdade que pode montar-se um esquema de exploração parcial, que demora tempo por razões de segurança para proteção de quem está a trabalhar na via. Podia ser no caso da linha circular a exploração de Alameda -Cais do Sodré-Campo Grande. Ou até, se sempre se montam aparelhos de via nos famosos novos viadutos, explorar entre Alameda-Cais do Sodré-Campo Grande-Odivelas. Mas tudo isso leva tempo.
No meu caso, o prejuízo foi apenas ter de me deslocar 1 km até à estação de Entrecampos, que a linha amarela ainda é independente da linha verde.
O que me leva novamente à questão das probabilidades. O intervalo entre avarias estava contabilizado em 2013 em 14000 comboios-km. Fazendo as contas para duas linhas independentes equivalentes a uma linha circular com as dimensões previstas e considerando cerca de 200 comboios por linha independente e 400 na circular, por dia, temos que   nesta a probabilidade de ocorrencia de uma avaria é da ordem de 1 por 50 horas de exploração. Mas no caso das duas linhas independentes, a probabilidade de ocorrerem simultaneamente duas avarias que paralisem a exploração é igual ao produto da probabilidade em cada linha, o que dá cerca de 1 avaria em simultaneidade por 500 horas de exploração.
Esta é a razão por que só deve construir-se uma linha circular se, em caso de avaria, houver alternativas, isto é, se se tratar de uma rede em malhae que através de transbordos permita um percurso alternativo. Como é o caso de Madrid ou Pequim, cujas linhas circulares são atravessadas por radiais em maior número do que as duas de Lisboa. A isto se junta a maior dificuldade de regulação para recuperação de perturbações, condição que se agrava à medida que aumenta a frequencia dos comboios, apesar da existencia de términos intermédios. Isto é, a linha circular funcionará melhor se tiver pouca procura. Não é um pressuposto de projeto.
Mas não vejo recetividade nos decisores para aceitarem estes argumentos.

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