Neste "post" tento atualizar o texto anterior em
http://fcsseratostenes.blogspot.com/2020/09/do-erro-com-que-temos-de-conviver-ao.html
1 - Adjudicação da fiscalização da obra da linha circular
Verifica-se assim que o metro continua a não cumprir a lei 2/2020 da Assembleia da República que determinou a suspensão da construção da linha circular em 2020.
Anoto que a declaração do administrador da Tecnoplano mantem o mito de que a linha circular permite uma frequencia mais elevada do que as linhas independentes. Isso só será verdade para intervalos inferiores a 90 segundos, o que não vai ser o caso, e se, cumulativamente, os términos das linhas independentes não tiverem inversão alternada com substituição dos condutores (condutores de reforço).
2 - concurso para novo material circulante e sistema CBTC
Vi com grande satisfação a notícia de que os concorrentes Thales e CRRC tinham desistido da impugnação da adjudicação à Stadler e Siemens do fornecimento de 14 unidades triplas e do sistema de controle da circulação dos comboios CBTC ( communications based traffic control):
A falta de material circulante é já um facto para os km da rede, apesar da quebra do volume de passageiros por motivo da crise sanitária (ca 60%?), mas também por isso o serviço deve ser assegurado por mais comboios para garantir a menor ocupação por carruagem. Caso o caderno de encargos tenha previsto uma opção de compra, conviria acioná-la para além das 14 já contratadas, naturalmente com a devida candidatura a fundos comunitários. Caso contrário terá de se lançar novo concurso.
Seria interessante aproveitar este fornecimento para incluir no novo material circulante um sistema de ventilação adequado à luta contra a pandemia e outras medidas como paineis separadores de fluxos de ar (ver ensaio da firma https://www.railwaygazette.com/vehicles/design-agency-showcases-post-covid-metro-train-concept/57294.article ).
Sugere-se, por exemplo:
Para além disso e das atuais medidas de desinfeção por spray (referida como nebulização elétrica no site do metropolitano - ver https://www.metrolisboa.pt/institucional/2020/11/17/metro-de-lisboa-iniciou-a-nona-desinfecao-por-nebulizacao-eletrica-na-sua-rede/ e
https://www.metrolisboa.pt/2020/10/01/testes-microbiologicos/) seria interessante considerar a desinfeção fora do período de exploração por ozono (ver referência das firmas Safeway e O3Waves - https://zomato-portugal.medium.com/safeway-desinfe%C3%A7%C3%A3o-segura-e-eficaz-57328dfb33a
o sistema de ionização bipolar ( ver http://icycold.com.br/2020/10/05/covid-19-desinfeccao-de-aeronaves/
http://www.dera.pt/pt/noticias/go/sistema-higienizador-para-ar-condicionado )
ou equipamento dos insufladores com lampadas UV germicidas, também fora do período de exploração.
Noticias sobre este tema:
https://www.railwaygazette.com/uk/decontamination-to-support-a-safe-return-to-rail/57502.article
Também no âmbito deste concurso é de aplaudir a aquisição de um sistema CBTC, tecnologicamente atualizado. Conviria corrigir a informação no comunicado do metro. Não vai substituir um sistema obsoleto dos anos 70. O sistema de sinalização de cantonamento automático existente no metro é uma tecnologia dos anos 90. O que é dos anos 70 é o dispositivo de travagem automático por ultrapassagem de sinais vermelhos, e que convirá ser substituido como recurso em caso de avaria do sistema CBTC.
É de apreciar a decisão de desistencia pela CRRC, o fabricante chinês que vai fornecer o metro do Porto. A sua reclamação prejudicava bastante a execução da encomenda.
3 - concurso para construção da linha circular, 1º lote
Em contradição com a lei 2/2020 da Assembleia da República, o Tribunal de Contas apôs o visto sobre o contrato do 1º lote, toscos Rato-Santos (ver
https://fcsseratostenes.blogspot.com/2020/06/considerando-que-os-mapas-de-despesa-do.html )
Mais uma vez lamento a decisão imposta por quem não tem a experiência da operação e de manutenção de metropolitanos, e se recusa a mostrar os "estudos" que fundamentaram a aprovação do EIA e a discutir os argumentos contrários. Será o complexo de "hubris". Desconheço também se o visto do Tribunal de Contas possa conter uma cláusula condicional (o art.282º falava na suspensão da linha circular em 2020 e no desenvolvimento de um estudo de mobilidade. Mais uma vez não são cumpridos os artigos 37.1 e 48.2 da CRP, que dá aos cidadãos o direito de serem informados sobre assuntos de interesse público.
4 - 2º lote do concurso para a linha circular
Assinatura do contrato para o 2º lote, toscos Santos - Cais do Sodré:
Ignoro se o Tribunal de Contas já apôs o visto.
Neste lote, mantenho a crítica da elevada dificuldade construtiva (duvido de que os 73,5 milhões de euros sejam suficientes), penalização elevada do tráfego à superficie incluindo a linha de Cascais e Carris, menor eficiência para a ligação à linha de Cascais do que uma correspondência em Alcântara Mar, menor prioridade do que a expansão à zona ocidental e a Loures, eventual vantagem em ligar o Cais do Sodré à Lapa, Estrela e Campo de Ourique através da modernização da linha de elétrico existente com criação de ruas pedonais.
5 - 3º lote do concurso para a linha circular
Adjudicação do 3º lote, toscos dos novos viadutos de Campo Grande e deslocação dos cais sul para nascente
Mais uma vez se lamenta a agressão arquitetónica que representam os novos viadutos e a deslocação dos cais sul para nascente. Mantem-se a recusa de consideração da hipótese de linha em laço para evitar esta agressão, compatível com a ligação Rato-Cais do Sodré.
6 - Investimento inscrito relativamente ao metropolitano de Lisboa no PNI 2030
Ver
Previstos para a AML 2300 milhões de euros entre 2021 e 2030 para desenvolvimento da rede de metro e de sistemas em sítio próprio, incluindo a melhoria da acessibilidade das estações.
Anota-se a desconfiança relativa ao anúncio de sistemas BRT (sendo sistemas de transporte de massas é significativa a menor eficiência energética por passagero-km devida ao maior coeficiente de resistencia ao rolamento no contacto pneu-asfalto) e à insistencia na ligação da linha de Cascais à linha da cintura, conflituando com o tráfego intercidades e regional.
Registo também com pena a aceitação acrítica pelos presidentes de càmara da área metropolitana de Lisboa dos planos da CML e do governo , que pode comprometer o desenvolvimento da ferrovia suburbana e urbana na AML . Ver:
http://fcsseratostenes.blogspot.com/2020/10/mais-um-protocolo-das-camaras-de-loures.html )
7 - Comentário
Não é bonito ver uma empresa como o metropolitano de Lisboa ter uma atitude de desrespeito por uma lei da Assembleia da República, nem manter a sobranceria de não mostrar os estudos de viabilidade que fundamentaram a aprovação do EIA da linha circular, como repetidamente pedido pela Assembleia Municipal de Lisboa (ver https://www.am-lisboa.pt/101000/1/014909,112020/index.htm ).
Mesmo quando a administração do metro promete a divulgação para breve do "estudo" de prolongamento para Alcântara, sem fornecer pormenores e sem permitir a participação pública prevista no art.48.1 na direção dos assuntos públicos, não está a ter um comportamento juridicamente correto.
Manifesto portanto reservas em relação à correção do processo de desenvolvimento das redes de transporte coletivo na AML.
Porém, não está nas minhas competências o desencadear de processos jurídicos , mas não negarei o apoio técnico a quem o solicitar.
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