Graças ao PRR, será possível iniciar o processo de avaliação ambiental e concurso da linha de metro ligeiro Loures-Odivelas-Infantado:
Pessoalmente penso que não era este o objetivo da petição da câmara de Loures, que claramente reclamava a expansão do metropolitano a Loures, não uma linha de LRT: «A autarquia e a população do concelho de Loures exigem o desenvolvimento e a concretização da extensão do metropolitano ao concelho de Loures: por um lado, a Santo António dos Cavaleiros, Loures e Infantado, por outro, à Portela e a Sacavém».
A própria lei 2/2020 incumbia o governo de dar prioridade a este prolongamento, relativamente à linha circular.
Não será cómodo o transbordo em Odivelas entre a linha de LRT e a do metro, e dificilmente se atrairão os moradores do eixo Malveira-Mafra a deixarem os seus carros no Hospital Beatriz Angelo ou no Infantado.
Igualmente iremos ter o grande problema das linhas de LRT, uma pequena velocidade comercial devida à partilha da rodovia com automóveis e duas rodas. Custos controlados e uma gestão cuidadosa da obra permitiriam o prolongamento do metro entre 300 e 400 milhões de euros, por subterrâneo dada a orografia do terreno, de Odivelas por Ramada ao Hospital Beatriz Angelo, onde deveria haver um parque dissuasor. O diferencial relativamente ao LRT tem justificação com o valor do tempo poupado aos utilizadores e à atração de mais utilizadores devido à ligação direta de metro ao centro de Lisboa (caso se opte pela linha em laço em vez da linha circular).
Assim não o entenderam os decisores, que ficaram muito satisfeitos com a sua decisão. Não em meu nome, como se costuma dizer.
Acho estranho o senhor primeiro ministro dizer agora que em 1993 defendeu na sua candidatura à câmara de Loures a "extensão do metro ligeiro a Loures". https://www.dn.pt/politica/costa-diz-que-nao-esta-prevista-nenhuma-remodelacao-do-governo-13902156.html
De 1993 só me recordo do episódio da corrida do burro e do Ferrari, em defesa do prolongamento de Campo Grande a Odivelas, do metro, não de metro ligeiro, numa altura em que a rede de metro ficava no Campo Grande, na Pontinha, no Rossio, em Alvalade e no Marquês de Pombal.
Mas a história, como algumas disciplinas, nem todas, evolui ao sabor dos vencedores, e é possível que em 1993 se tenha falado em estender um metro ligeiro a Loures, pelo menos é exatamente isso que consta do PROTAML de 2002, um metro ligeiro Algés-Alfragide-Pontinha-Odivelas-Loures-Sacavém e que o EIA da linha circular do metro ignorou. Foi pena, era um belo projeto, coincidindo parcialmente (Póvoa de Santo Adrião-Infantado) com a agora proposta linha Infantado-Odivelas-Ramada-Hospital Beatriz Angelo. Devia ser publicamente debatido todo o traçado da nova linha de metro ligeiro, não esperar pelo facto consumado da consulta pública do respetivo EIA.
Recordando:
https://www.abrilabril.pt/local/camara-de-lisboa-aprova-mocao-contra-linha-circular-do-metro
https://www.abrilabril.pt/nacional/expansao-de-que-o-metro-de-lisboa-necessita-nao-e-circular
https://www.abrilabril.pt/local/expansao-do-metro-para-loures-aprovada-sem-votos-contra
PS em 8jul2021 - Prevêem-se 250 milhões de euros para os cerca de 12 km do chamado metro ligeiro de superficie (7 km para Infantado-Odivelas e 5km para Odivelas-Hospital Beatriz Angelo) dos quais 20 milhões para 20 unidades de tração. Ignoro se foi repetido o esquecimento de contabilizar os contratos de fornecimento de equipamentos, coisa invocada para um recente pedido de aumento de 30 milhões de despesa para além do orçamentado para a linha circular.
Mas achei interessante estar prevista a construção de 1,8km de tunel entre Ramada e o Hospital, dadas as condições orográficas e o atravessamento da A40 (radial de ligação à CREL). Admitindo 50M€/km para o tunel completamente equipado incluindo material circulante, e 5 M€/km para instalação da linha LRT nas ruas de Odivelas, temos para os custos da linha Odivelas-Hospital Beatriz Angelo 50x1,8 + 5x3,2 = 106 M€ . E para Odivelas-Infantado, considerando o recurso a viadutos para evitar colisões com a EN8, 7km x 20M€/km = 140 M€.
Do ponto de vista técnico, para além da falta de atratividade para a transferencia do transporte individual num parque dissuasor no Hospital, existe o troço Ramada-Odivelas em que a linha de LRT, na prática uma linha de elétrico tramway, colide com o tráfego pedonal, ciclista (embora seja acidentado o percurso), automóvel de ligeiros e de pesados. Para evitar isso, bastaria prolongar a linha existente de metro em 3500m até ao Hospital (percurso mais curto do que o sinuoso LRT e nunca distante mais de 300m deste). Teriamos então para o custo da linha de metro a sério Odivelas-Hospital cerca de 50M€/km x 3,5km = 175 M€.
Isto é, com o atual projeto estamos a poupar 175 - 106 = 69M€ . Admitindo um tráfego diário de 20000 passageiros e um percurso médio de 3km correspondendo a 6 minutos à velocidade comercial de 30 km/h compare-se com o tempo de viagem à velocidade comercial de 20 km/h do LRT : 9 minutos. 20000 passageiros por dia são 7 milhões de passageiros por ano que gastam mais 3 minutos em cada viagem em LRT do que em metro, ou 20 milhões de minutos ou 0,3 milhões de horas perdidas. Contabilizando a hora a 10€, temos 3M€/ano, que aproximadamente em 20 anos pagarai a diferença do investimento.
Como habitualmente, escolhem-se as soluções mais baratas, e depois admiramo-nos s da divergência com os paises mais evoluidos.
EIA = Estudo de Impacto Ambiental
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