sábado, 4 de janeiro de 2025

O dilema da bitola na Alta Velocidade, artigo em 3jan2025 de Diogo Ferreira Nunes no Dinheiro Vivo

 

Foi uma agradável surpresa ver o artigo que reproduzo abaixo  (não direi que fiquei "atónito" como o outro senhor) . O autor já se tinha feito notar por não aderir à visão ultraconservadora e isolacionista da IP e conclui com simplicidade que mais vale construir Porto-Lisboa em bitola europeia do que estar a mudá-la depois com os inconvenientes de redução da capacidade devida à existência de troços de via única durante a mudança de bitola, uma vez que isenção temporária é como se escreve, temporária.
Apenas algumas observações:
1 - por 2 vezes é indicada erradamente a distancia de 1443mm para a bitola europeia
2 - a opção pela bitola ibérica para a construção das linhas de AV não me parce que tenh sido pacífica. Desde os tempos da RAVE que técnicos como Arménio Matias  ou Manuel Moura defenderam a construção em bitola europeia. Em 2017 foi publicado um manifesto defendendo a construção das novas linhas (não a migração das existentes) de acordo com o regulamento da UE 1315 de 2013, seguindo-se uma campanha contrária que roçou a difamação para defesa da bitola ibérica
3 - aplaude-se a referência às ligações com terceiro carril (bibitola), amplamente utilizadas em Espanha
4 - aplaude-se a referência à próxima construção da ligação Toledo-Talavera da linha de AV Lisboa-Madrid em via dupla e bitola europeia. Faltou referir que a "migração" para bitola europeia no troço Évora-Caia tem o inconveniente dos tabuleiros dos viadutos serem em via única, existindo apenas as bases dos pilares para os tabuleiros da 2ª via 
5 - efetivamente o tráfego de mercadorias em Espanha  em bitola europeia está ainda numa fase incipiente, encontrando-se como referido o corredor mediterrânico em fase mais adiantada.  A utilização da bitola europeia será decisiva para aumentar para o dobro a quota modal de transporte de mercadorias, que em Espanha é apenas de 4,7%. Relativamente à referência da bitola europeia em Marrocos, com a Alta Velocidade já em serviço e ampliação até Marraquexe aprovada, a ligação a partir de Espanha exigirá transbordo, ferries com carris, ou ponte ou túnel no estreito
6 - Quanto aos prazos para a apresentação da análise de custos benefícios, da leitura do artigo 17.5 do regulamento 2024/1679, retiro que não é aplicável o prazo de julho de 2026, isto é, que a ACB encomendada pela IP deverá sê-lo antes desse limite, e que a resposta ao pedido de isenção será sempre dada pela Comissão em 6 meses no máximo, mas o texto presta-se a dúvidas de interpretação
7 - Efetivamente a Finlandia tem evitado comprometer-se com a bitola europeia. O estudo que encomendou a um consultor concluiu pela não "migração" da rede existente, mas que deveria ser melhor estudada a viabilidade de construção de nova rede em bitola europeia para ligação ao centro da Europa por túnel a construir a médio/longo prazo para a Estónia. De notar que os 3 países bálticos já iniciaram a construção do Rail Baltica, 870km de ligação à Polónia com o objetivo 2030.





 







 





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