Reformulei um pouco o texto, que tomei a liberdade de enviar à administração do metropolitano. A ideia é mostrar os erros cometidos ao longo da história do metro, muitos deles não assacáveis aos seus técnicos, recordar o excelente plano de expansão de 1974 pela Siemens-Deconsult, e que isso ajude a evitar o erro da linha circular, do ponto de vista operacional, do ponto de vista construtivo (é chocante a destruição que se pretende dos viadutos poente de CG) e do ponto de vista de serviço da área metropolitana.
O plano inicial
Beneficiando do desafogo financeiro do
período posterior à segunda guerra mundial, pôde finalmente constituir-se a
sociedade do metropolitano de Lisboa, em 1948, por concessão da câmara
municipal.
Graças à qualidade dos seus técnicos, responsáveis por monografias dedicadas às
diferentes especialidades, foi possível iniciar a exploração em dezembro de
1959.
A concessão especificava exploração subterrânea, o que terá sido algo forçado
mas se compreenderia num ambiente de concorrencia com os modos existentes, com
intervalos máximos de espera de 5 minutos (10 minutos em cada um dos ramais,
Sete Rios-Rotunda e Entrecampos-Rotunda).
Ficou registada a pena dos técnicos pelas limitações financeiras, que os
obrigou, por exemplo, a construir as estações com cais apenas para composições
de 2 carruagens (cais de 40 metros) e usar métodos construtivos e materiais de
baixo custo e boa resistência.
O plano inicial da rede continha, porém, alguns erros, que poderão atribuir-se
mais a uma conceção egocentrica da administração decisória e do carater
autoritário da câmara da altura, do que a erros de planeamento da equipa
técnica.
Temos assim aqui um exemplo da dissonância entre a estrutura técnica e os
orgãos decisórios, ou de transmissão das decisões politicas.
Sobressai a preocupação do afastamento das estações do metro relativamente às
estações da CP. Não vingou o conceito de integração intermodal, o que motivou,
por exemplo, a saída do processo do eng.Guimarães Lobato, em divergência com a
administração e a câmara municipal da altura.
Os outros erros da rede inicial eram a existência da bifurcação na Rotunda,
comum aos dois ramais, e o formato em "V" com curvas apertadas em
Restauradores e Rossio.
A existencia da bifurcação configurava um risco para a fiabilidade da
exploração, uma vez que qualquer avaria nas agulhas da Rotunda provocava a
paragem da circulação nos dois ramais.
A existencia do "V"implicava que, por exemplo na hora de ponta da
manhã, um dos braços do "V" , no sentido da periferia para a baixa,
estava sobrecarregado, enquanto o braço contíguo, no sentido da baixa para a
periferia, estava pouco carregado. Como os dois braços estavam em série, isso
provocava perturbações na exploração ao mais pequeno excesso de afluencia, com
demora dos comboios nas estações, acumulação de comboios num troço e rarefação
no outro (a maximização da capacidade de transporte duma linha de metro ocorre
quando os comboios circulam igualmente espaçados). Era uma circunstancia
semelhante à exploração de uma linha circular.
As curvas de pequeno raio de Restauradores e Rossio significavam consumo adicional
de energia por resistencia ao movimento, desgaste dos carris e desgaste dos
rodados, implicando em ambos os casos a sua frequente substituição, ou, no caso
dos rodados, a sua reperfilagem por torneamento.
A segunda parte do plano inicial, que não chegou a realizar-se, embora tenha
sido lançado um concurso público em 1972, era constituida por uma linha
marginal, duplicando o serviço da CP, de Algés ao Cais do Sodré, infletindo
para o Rossio e daí para Santa Apolónia seguindo para o Poço do Bispo.
Mais
uma vez, a ideia desta linha marginal era a concorrencia com as redes
existentes e não a sua complementaridade e serviço das outras zonas de Lisboa.
A evidencia destas inconformidades levou à
anulação do concurso e à contratação de um consultor estrangeiro para estudar e
propor um plano de expansão da rede da ordem de 15 km.
O plano de 1974
O consultor selecionado apresentou o seu
plano em fins de 1974, o que deu origem à estratégia adotada logo de seguida
pelo metropolitano
Considerando as habituais dificuldades financeiras, foi decidido ampliar os
cais das estações para 6 carruagens, prolongar a galeria de Alvalade para
Calvanas servindo de garagem, e definir as prioridades para, quando possível,
expandir a rede.
Prioridades decididas em fins de 1974 para a expansão da rede:
- dissolução do "Y" da Rotunda e prolongamento da linha de
Entrecampos para Alcantara, atribuindo a esta linha o carater de transversal à
cidade
- corte da ligação entre Restauradores e Rossio e separação da linha de
Alvalade, a prolongar até ao Cais do Sodré, e da linha de Sete
Rios-Restauradores, a prolongar até Santa Apolónia.
É curioso, à distancia, verificar que a fundamentação do prolongamento a
Alcantara consistia na progressiva deslocação da concentração das áreas
de serviço para norte da cidade, relativamente à Baixa, justificando a
transformação de Alcantara num polo intermodal de transferencia do fluxo de
passageiros da linha de Cascais para acesso à zona do Marques de Pombal e
Avenida da República. Previa-se inclusive em Alcântara um interface com as
carreiras fluviais.
As dificuldades financeiras de fins da década de 70 impuseram que apenas
se prolongasse a maioria dos cais para 6 carruagens e se concretizasse a
garagem de Calvanas, ao mesmo tempo que se adquiria o material circulante
ML 79, ainda de tração clássica. Como curiosidade, assinale-se o início dos
trabalhos de prolongamento da linha da Rotunda para Alcantara sem autorização
do governo, que embargou os trabalhos por ausência de capacidade financeira.
Anos 80
A etapa seguinte da expansão da rede,
possível através dum financiamento do BEI, verificou-se no fim dos anos 80, com
a extensão de Sete Rios ao Colégio Militar, e de Entrecampos à Cidade
Universitária. Neste último caso, falhou a prevista ligação ao Campo Grande e
ao novo parque de material e oficinas em Calvanas, por dificuldades
construtivas do viaduto de Campo Grande.
Pode assinalar-se que estas expansões se afastaram ligeiramente do plano de
1974 pelo "desvio" para a Cidade Universitária /Hospital de Santa
Maria (uma das tentações dos planificadores de redes de metro é o
desenvolvimento das linhas em desenrolar de fita, com os consequentes gastos
adicionais de exploração devido aos desgastes de material e aumentos de
consumos de energia - o planeamento correto consiste em ligações de metro
segundo os eixos mais carregados, com cruzamento de linhas e com
intermodalidade transversal a esses eixos), pelos constrangimentos impostos
pelo clube de futebol da zona quanto à localização e orientação da estação
Campo Grande (que veio a ser inaugurada em 1993 com o parque de material e
oficinas) e pela dificilmente explicável ausencia de previsão de uma ligação ao
aeroporto de Lisboa.
O plano de expansão da rede PER I
A adesão à União Europeia proporcionou fundos para um novo plano de expansão na
década dos anos 90, em que se integrou a criação da linha vermelha de ligação à
EXPO 98 .
Paralelamente, procedeu-se ao estudo e aquisição do novo material
circulante,ML90, ML95, ML97 e ML99 já dotado de tração assíncrona com conversor
de tensão de eletrónica de potência, com a consequente significativa redução de
consumos de energia de tração, devida, nomeadamente, à travagem com recuperação.
Aquele plano de expansão foi concretizado em 1995 com a dissolução do
"Y" da Rotunda e prolongamento até ao Rato, com a ligação da
linha vermelha à EXPO98 em abril de 1998 e com a dissolução no verão de 1998 do
"V" de Restauradores-Rossio e individualização das linhas de Campo
Grande-Alvalade-Cais do Sodré e de Pontinha(1997)-Marquês Pombal-Baixa Chiado.
A não ligação a Alcantara, com todos os inconvenientes da sobrecarga da estação
Cais do Sodré e desincentivo à utilização da linha de Cascais ao mesmo tempo
que os poderes políticos privilegiavam o investimento na auto estrada de
Cascais e estimulavam o transporte individual (túnel do Marquês, por exemplo)
sem a contrapartida dos parques de estacionamento com correspondência "park
and ride", deveu-se provavelmente a uma espécie de tratado de Tordesilhas
que mais uma vez comprovou a dificuldade dos decisores em compreenderem o
conceito de complementaridade e de integração de uma rede intermodal, e não
concorrencial.
Por decisão governamental numa ótica de distribuição de fundos europeus, a zona
oriental e central da cidade seria o campo de atuação do metropolitano,
enquanto a zona ocidental, a linha de Cascais e a linha da cintura
"ficariam" para a CP/REFER.
O problema de Alcântara
Esta divisão, associada à desastrada
política urbanística em Alcantara (na verdade "desurbanística"), à
não menos desastrada gestão da área portuária de Alcantara (com o abandono do
terminal de cruzeiros e com a atribuição por ajuste direto do prolongamento da
concessão do terminal de contentores a uma empresa que entretanto a transferiu
para um grupo marítimo turco), e à incapacidade de elaboração de um plano de
urbanização equilibrado e integrado numa rede intermodal de transportes,
conduziu à situação atual de caos urbanístico, de risco por não execução
do plano de retenção de cheias da bacia de Alcantara e de errada planificação
da ligação da linha de Cascais à linha de cintura.
De facto, o atual plano de urbanização de Alcantara prevê uma estação subterrânea
da CP ligada à linha de Cascais, mesmo ao lado do caneiro de Alcântara. A
solução é perfeitamente possível, mas é cara e ignora que a linha de cintura já
está sobrecarregada ou não tem margem de ampliação do uso, apesar da
quadruplicação, com o tráfego suburbano de Sintra, da margem sul, da Azambuja,
da própria Alcantara-Terra, de mercadorias, de passageiros de longo curso e dos
necessários trabalhos de manutenção.
Como agravante, o atual plano de urbanização de Alcantara prevê uma estação de
metro (ampliação da linha vermelha) também enterrada, junto do caneiro de
Alcantara, quando por razões de eficiencia energética, para redução dos
gradiantes, o término do metro em Alcantara deveria ser em viaduto. Teme-se
porém que os interesses imobiliários discordem, e teme-se mesmo que seja
reacendida uma hipótese de gentrificação entre Alcantara e o Cais do Sodré, a
exemplo do que já se ameaça entre Santa Apolónia (desperdiçando as
potencialidades do terminal de contentores, aliás de ampliação viável com estacaria)
e a Matinha.
Parece portanto necessário, para reverter o erro das decisões dos anos 90,
reformular drasticamente o plano de urbanização de Alcantara.
A linha transversal
Outra consequencia das decisões dos anos
90 foi transferir o carater de linha transversal da linha amarela para a linha
vermelha,o que, não sendo propriamente um erro, alterou o plano de 1974 e
justifica agora a prioridade de ampliação da linha vermelha para Alcantara
(podendo a linha amarela ficar reservada para a ligação mais distante a Algés
ou à margem sul, consoante a estratégia a adotar para a área metropolitana de
Lisboa e a evolução da capacidade financeira).
A construção da ligação da estação Baixa Chiado a Santa Apolónia, pelo método
TBM, com tuneladora, integrou-se na construção da galeria desde Restauradores a
Baixa Chiado e desde Rossio a Cais do Sodré, também pelo método TBM, com que se
conseguiu controlar os assentamentos à superfície, preocupantes durante um
período de um mês antes de se atingir o equilíbrio através de injeções de
betão.
O desastre do Terreiro do Paço
O desastre do túnel do Terreiro do Paço,
em junho de 2000, consistiu na intervenção precipitada e não fiscalizada dos
carotadores subcontratados pelo empreiteiro geral, na fase de preparação da galeria,
anteriormente construida pelo empreiteiro da tuneladora, para ligação à
estrutura da estação Terreiro do Paço de construção iniciada por outro
empreiteiro.
Nesta adjudicação terá havido uma
interpretação demasiado orientada das normas da União Europeia de salvaguarda
da concorrencia sobre contratação pública. Os orgãos decisórios da altura
não consideraram que em casos de elevada complexidade é aceitável proceder ao
ajuste direto por extensão dos trabalhos do anterior empreiteiro, e recusaram a
negociação.
Para cúmulo e ironia do destino, apesar de
na origem do desastre estar uma interpretação abusiva de normas burocráticas, a
própria burocracia impôs ao metropolitano o prejuízo da devolução de verbas
comunitárias com o pretexto de não cumprimento das regras comunitárias.
A intervenção corretiva no túnel, com
o concurso de um gabinete de engenharia holandês, com experiencia na
construção e monitorização de túneis em terrenos de aluvião, como era o caso,
permitiu a inauguração da ligação Baixa Chiado-Santa Apolónia em dezembro de
2007.
Anos 2000
A expansão de 2002 da linha verde de Campo
Grande a Telheiras pode criticar-se, dada a sua curta extensão, pela mau
aproveitamento da componente fixa do investimento, pelo que o seu custo
marginal foi elevado, com a agravante de não se dispor em Telheiras de
intermodalidade com transporte de bairro automático de baixa capacidade.
A ligação a Odivelas da linha amarela (2004), com recurso a viadutos, de menor
custo e de maior eficiencia energética, não justifica críticas, a menos do
efeito "desenrolar de fita" motivado pela pressão da junta de
freguesia da Ameixoeira para esse desvio.
No caso da ligação da linha azul a Amadora (2004) e Reboleira (2015) critica-se
o dificilmente explicável atraso na submissão e esclarecimento da candidatura a
fundos comunitários e o também dificilmente explicável desvio do traçado da
linha da estação central da Amadora para a zona da ex-Sorefame, numa espetativa
suspensa de gentrificação da zona.
No caso da estação Arroios, a última estação com cais apenas para composições
de 4 carruagens, critica-se o facto da sua ampliação ter estado adjudicada em
2006, mas o concurso ter sido anulado por constrangimento da câmara municipal,
que não desejava afetar o transito automóvel com a simultaneidade de obras na
zona de S.Sebastião (cuja segunda estação foi inaugurada em 2009).
O plano de expansão de agosto de 2009
De assinalar a apresentação pelo XVIII
governo em agosto de 2009, em vésperas de eleições autárquicas e nacionais, no
período imediatamente anterior ao agravamento da crise financeira , do plano de
expansão da rede do metro.
É defensável a apresentação de um plano de expansão faseado ao longo de vários
ciclos eleitorais, com o fundamento de que o transporte coletivo metropolitano
em rede corretamente dimensionada e integrada num plano intermodal é
energeticamente mais eficiente do que o sistema de transporte individual
dominante, mas este plano contem erros de projeto.
Tal se deve, provavelmente, ao período vivido na altura de afastamento da
estrutura técnica responsável pela manutenção, operação e definição de
estratégias para servir as decisões políticas de expansão da rede.
Encontram-se assim neste plano as ideias cultivadas em orgãos de planeamento e
direção de empreendimentos no metropolitano mais ligados às disciplinas de
economia e finanças do que às engenharias, e nos orgãos da FERCONSULT mais
ligados à elaboração dos projetos de construção civil de traçados, galerias e
estações, independentemente dos critérios de economia e facilidade de
manutenção do construido.
E terá sido a esses orgãos que a respetiva secretaria de transportes terá
recorrido para a preparação do plano. A experiencia em manutenção e operação
dos técnicos ao longo da história do metropolitano condena assim a existencia
de múltiplas bifurcações, como já justificado acima a propósito do plano
inicial. Se um dos ramais justifica a construção de uma nova linha, deve-se
construi-la, senão, deve usar-se uma correspondencia intermodal com um modo de construção
mais económico (LRT, people mover hectométrico).
Quanto à linha circular deste plano de 2009, justificada pelo conforto da
redução de transbordos (contudo, a justificação de uma rede de metro é uma
grelha em que os transbordos, até 2, fazem parte dos percursos normais dentro
do metro), deve assinalar-se, para além dos inconvenientes técnicos referidos,
que a redução dos transbordos da linha de Cascais no Cais do Sodré é
contrabalançada por mais transbordos de quem vai da linha de Odivelas para a
mesma zona da avenida da República, que a diferença de fluxos previstos nos
estudos de procura não justifica os gastos enormes com a remodelação dos
viadutos de Campo Grande, e que a verosímil razão da ligação do Rato ao Cais do
Sodré é a situação de calamidade de Alcantara, onde deveria fazer-se o
interface com a linha de Cascais.
A linha do Aeroporto
Relativamente à expansão da linha vermelha de Oriente para Aeroporto,
inaugurada em 2012, deve assinalar-se a grave incorreção da decisão do traçado
tomada em 2002, ao privilegiar um traçado com curvas apertadas e gradiante
elevado, contrariando assim as boas normas de construção e manutenção
económicas, e os pareceres técnicos que defendiam o recurso a viadutos para
reduzir o gradiante. A justificação então apresentada pelos orgãos decisórios
foi que já tinha sido obtido um financiamento FEDER. Isto não é processo para
desenvolvimento de empreendimentos públicos, é uma ação por factos consumados
sem respeito por critérios técnicos que são fruto da experiencia e de acordo
com as normas internacionais. Aliás, a construção veio a revelar-se
extremamente onerosa, com as dificuldades construtivas de ultrapassagem dos
dois adutores e constantes alterações de projeto das estações que chegaram a
motivar processos de corrupção dos técnicos diretores do empreendimento, os
quais foram absolvidos em tribunal.
Situação em junho de 2017
Chegou-se assim à atual situação (desde o
verão de 2016), em que o XXI governo, a câmara municipal de Lisboa e o
metropolitano anunciam sucessivamente, com base no plano de expansão de agosto
de 2009, a ligação da linha amarela do Rato ao Cais do Sodré e a destruição dos
viadutos poente de Campo Grande com a construção de dois novos viadutos para
viabilizar, de uma forma incómoda para os passageiros (curvas apertadas à saída
da estação Campo Grande) o fecho em anel da linha verde de Alvalade com a linha
amarela de Entrecampos (e ligação da linha de Odivelas a Telheiras).
Numa perspetiva histórica, temos os erros da rede inicial corrigidos com a
dissolução do "Y" da Rotunda e do "V" de
Restauradores-Rossio, para, em nome das virtudes virtuais de uma linha
circular, voltar às deficiencias de exploração reais da linha circular.
Convem destacar bem que, na configuração atual, uma avaria na linha verde não
impede a exploração na linha amarela, ao passo que numa linha circular,
qualquer perturbação ou avaria propaga-se imediatamente do troço onde agora é a
linha verde, para o troço onde agora é a linha amarela.
Isto é, considerando como base dos cálculos
- o histórico da taxa de 1 avaria por 0,014 M comb.km
- 2 M comb.km por ano na linha circular
- 1 M comb.km por ano em cada uma das linhas amarela ou verde,
a
probabilidade ou taxa de ocorrência de avaria com impacto na exploração será:
- na
linha circular: de 140 avarias por ano ou
1 avaria todas as 50 horas, ou
0,4
avarias por dia de 20 horas,
- em cada uma das linhas amarela ou verde: de 70 avarias por ano ou
1 avaria
todas as 100 horas, ou
0,2 avarias por dia de 20 horas
A probabilidade ou taxa de ocorrência de avarias simultâneas nas
linhas amarela e verde será 0,2 x 0,2 = 0,04 avarias por dia de 20 horas,
ou 1 avaria todas as 500 horas.
Por outras palavras, fundindo as linhas amarela e verde numa linha circular, a
probabilidade de uma avaria ocorre ás 50 horas (aproximadamente 2,5 dias),
enquanto na situação atual de linhas separadas, a probabilidade de ocorrência
de avarias simultâneas nas duas linhas, prejudicando igualmente a mobilidade, é
às 500 horas (aproximadamente 25 dias).
É verdade que a maioria das perturbações pode ultrapassar-se ou iniciarem-se os
procedimentos de resolução em 10 minutos, e que uma avaria num troço após
o período necessário para criar as condições de segurança não impede a
exploração do troço restante, mas na exploração real a dificuldade de
exploração de uma linha circular é significativa.
No caso da linha circular de Madrid (no
caso de Londres a linha circular deixou de o ser) existem muitas linhas
transversais e radiais que a"atravessam", possibilitando caminhos
alternativos em caso de avaria ou de período de manutenção.
Não é o caso de Lisboa, pelo que tecnicamente não parece haver suporte para o seu
projeto.