quarta-feira, 26 de julho de 2017

Metropolitano de Lisboa - planos de expansão em julho de 2017



Cita-se muito a previsão de 70% como a percentagem da população mundial residente em cidades em 2050.
A concentração populacional permite maior eficiência na ocupação do território, no consumo energético e na redução de emissões de gases com efeito de estufa, mas exige um planeamento cuidadoso das redes de transporte.
A forte contribuição duma área metropolitana com a dimensão da grande Lisboa para o PIB justifica os investimentos nas suas infraestruturas, desde que de uma forma equilibrada relativamente ao restante país, especialmente o interior.
Por razões de eficiência energética, o sistema de transportes de uma área metropolitana deve assentar no transporte ferroviário (linhas suburbanas, metropolitano, LRT – light rail transit), prevendo-se nas respetivas estações nós de correspondencia intermodal com modos mais ligeiros de transporte, desde os elétricos, autocarros, transporte a pedido, frotas partilháveis (car sharing e bike sharing), desejavelmente recorrendo a tecnologia elétrica. Só assim poderá cumprir-se o objetivo de redução do desperdício energético devido à massiva utilização do transporte individual.
Este planeamento deve ainda ser integrado com o planeamento da organização do território, incluindo a urbanização, a reabilitação urbana e a instalação dos setores secundário, terciário e quaternário.
Os investimentos necessários são passíveis, dadas as orientações comunitárias no sentido da descarbonização, de cofinanciamento pela UE, através dos quadros comunitários de apoio de vigência de 7 anos e do plano de investimentos em infraestruturas Juncker.
Para o sucesso das candidaturas é porém indispensável que sejam apresentados programas base ou projetos preliminares consistentes e com fundamentação de custos-benefícios ao longo do ciclo de vida, e não meras intenções.
Ora, o que se verificou nos últimos anos em Lisboa, não apenas pelas dificuldades financeiras do país, foi  o abandono de planos de investimento na ferrovia urbana e de coordenação entre os modos de transporte.
O  plano de expansão do metropolitano apresentado em 8 de maio de 2017  como dispondo já de financiamento, está aparentemente integrado num plano que prevê para uma segunda fase o prolongamento da linha vermelha na direção de Alcântara, sem esclarecer a sua integração no plano de urbanização de Alcântara, eventualmente a reformular.
No entanto, dado que a intervenção proposta se centra na transformação de duas linhas independentes (a amarela e a verde) numa linha circular, como tal mais sensível a perturbações na sua exploração, considerando que a ampliação da rede se limita a 2 km, que por isso a cobertura da rede pouco evolui, que serão parcialmente destruidas ou desaproveitadas infraestruturas dispendiosas como os viadutos poente da estação Campo Grande ou o término atual de Cais do Sodré, e que, finalmente, não foram devidamente divulgados os estudos de procura que são apresentados como fundamento principal do plano proposto, é legítima a preocupação relativamente à sua coerencia e eficácia (receia-se que a comparação da variante selecionada tenha sido apenas com a extensão a Campo de Ourique e não a Alcantara, onde se faria a correspondencia com a linha de Cascais; se é assim, a comparação e as conclusões estão falseadas).
A existência de um plano de expansão do metropolitano, a sua coordenação com os outros modos de transporte, nomeadamente com as linhas ferroviárias suburbanas, e com a política urbanística e a sua aplicabilidade em período superior aos ciclos eleitorais é altamente desejável, por ser condição indispensável ao financiamento comunitário e a uma despesa anual em investimento suportável.
Mas tal plano, desejavelmente para execução até  2030, não existe ainda oficialmente. É apenas um mapa com expansões idealizado em agosto de 2009, numa época eleitoral, sem a aprovação dos técnicos do metropolitano de operação e de manutenção, pelo que se torna necessária uma ação colaborativa entre entidades,  governo  e partidos, área metropolitana de transportes, autarquias da área metropolitana, IMT, empresas, universidades, associações profissionais, revistas técnicas, técnicos, em debate público à medida que se for estruturando o plano.
Se assim não se fizer, toda a população da área metropolitana de Lisboa continuará sujeita a intervenções por avanços desgarrados e às insuficiencias da sua rede de transportes.

Por isso se propõe aos políticos a aprovação de medidas de promoção da referida ação colaborativa. 

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