quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Planear a mobilidade urbana, desígnio ambicioso

Em mais uma das sessões sobre mobilidade urbana, cometi a imprudencia de comentar como excessiva a insistencia nos modos suaves de deslocação urbana como as bicicletas e as trotinetas. Que na luta para a redução da poluição e do congestionamento a parte essencial, ou "esqueleto" como dizem os ingleses ("backbone") deveria ser antes o sistema de metro pesado subterraneo ou em viaduto, sempre que as deslocações sejam superiores a 10.000 passageiros por hora  e sentido, ou o sistema LRT sempre que as condições de superfície sejam compatíveis.
Os entusiastas das bicicletas e das trotinetas são muitas vezes jovens e pensam pouco naquelas pessoas que estão representadas nos pictogramas avisadores das prioridades de atendimento
 nem tampouco se detêm a considerar que 100 utilizadores de trotinetas a deslocarem-se a 20 km/h numa rua com uma faixa de rodagem de 6 metros de largura ocupariam 200 metros dessa rua, mais de 2 quarteirões.
Ou dito de outra forma, o entusiasta da trotineta acha que é um modo muito eficaz, mas esquece o equilibrio de Nash, se forem muitos a pensar o mesmo a vantagem anula-se e atinge-se o congestionamento.
Pensava que um dos entusiastas me iria rebater com paixão, mas não, ao invés disso, um académico apostrofou-me por estar a querer utilizar mal o dinheiro dos contribuintes em obras de metro faraónicas.
Eu timidamente respondi que apenas propunha o que me pareciam soluções para problemas de mobilidade urbana em contexto de economia de energia e de emissões de gases com efeito de estufa e que os prejuízos da poluição o transporte individual mais que justificariam os investimentos no metro. Mas o meu interlocutor insistia e perguntou-me, com ansiedade, que metodologia para desenvolver um planeamento estratégico e que modelo territorial eu defendia para uma área metropolitana como Lisboa.
Tive de responder que, como não académico e como mero técnico que propõe soluções com base na observação das experiencias alheias e de Lisboa e na dedução com todos os riscos que isso implica para formular hipóteses, só sabia fazer isso, propor soluções, mas que elas resultavam de experencia própria e de troca de informações com redes homólogas de metro (ou "benchmarking", como elegantemente se diz).
Não consigo efetivamente definir um modelo de território, tirando talvez que se deve recuperar a população e as atividades secundárias no municipio de Lisboa sustendo a afluencia de população às áreas envolventes, e que qualquer zona urbana deverá incluir nas suas infraestruturas redes de transporte, tal como tem redes de água e saneamento, a dimensionar em função das sobrecargas e não apenas pelos valores médios. 
E nessa base há uns tempos que venho tentando fazer propostas concretas, que gostaria de ver debatidas com argumentos:

          
       




Sem comentários:

Enviar um comentário