O senhor jornalista até foi simpático, respondeu-me a um texto em que criticava o que me pareceu a excessiva condenação das políticas russa e chinesa, interna e internacional.
Eis o excerto principal da sua resposta:
- A minha utilização da referência ao “Não olhem para cima” tinha dois sentidos. Por um lado não ficar só a “olhar para cima” para o protector EUA e, mais em ligação com o filme, não pensarmos que por termos uma catástrofe anunciada é possível esquecer as outras que poderão surgir.
- Eu não me resigno a modelo de blocos, limito-me a constatar que é para isso que caminhamos. E sim, prefiro alinhar com as democracias, por muito imperfeitas que possam ser.
- Não ficar no bloco norte-americano? Não utilizar sanções para combater as agressões do regime russo? Eu também gostava, estou bem consciente das atrocidades cometidas pelos norte-americanos e de como pode ser injusto o modelo de sanções, mas fiquei foi sem perceber qual a alternativa que propõe. “Intercambio e reforço dos diversos contactos”? Estamos a falar de uma ditadura, estamos a falar de uma invasão. Acha mesmo que alguma dessas boas intenções tem resultado ou resultará com Putin?
A mim me parece que há muito de xenofobia, ou simplesmente de horror ao estrangeiro diferente, nas críticas, certamente com fundo de verdade, aos regimes russo e chinês cuja conceção de democracia deixa muito a desejar, formalmente e em substância, enquanto no ocidente a conceção deixa a desejar apenas em substância (o apenas é utilizado como ironia).
Insisto na minha posição, as sanções prejudicam o povo dos governantes alvo e tendem a reforçar o apoio popular a estes. O comércio estimulo o conhecimento mútuo e a reprovação das agressões aos direitos humanos. Se o que eu digo pode evitar invasões? É óbvio que não, a desconfiança combate-se com o conhecimento mútuo.
A propósito, a Ata de Helsínquia de 1975 está esquecida? https://pt.wikipedia.org/wiki/Acordos_de_Hels%C3%ADnquia
E o artigo 7º, nº2 da Constituição da República Portuguesa? "Portugal preconiza ... a dissolução dos blocos politico-militares e o estabelecimento de um sistema de segurança coletiva, com vista à criação de uma ordem internacional capaz de assegurar a paz e a justiça nas relações entre os povos."
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