terça-feira, 1 de julho de 2014

"Enxames irresponsáveis de gafanhotos"

"Enxames irresponsáveis de gafanhotos que medem o exito a intervalos trimestrais, sugam a substancia, e deixam morrer as empresas depois de as terem comido".
Esta citação data de 2004 e pertence a Franz Muntefering, então presidente do SPD, partido social democrata alemão, que se encontrava no poder.
Foi retirada do livro de Felix Martin Dinheiro, biografia não autorizada, da editora Temas e debates, Circulo de leitores.
Penso ser dispensável dizer a quem se referia, embora reproduza, do  mesmo livro, a seguinte gravura da Inglaterra vitoriana, "o  mesmo jogo de sempre":


You've got yourselves into a nice mess with your precious speculation.
Well, I'll hep you out of it. For this once.
Ainda segundo o livro de Feliz Martin, em novembro de 2009 o apoio de todos os estados ao setor bancário, no mundo, equivalia a 25% do PIB mundial.
Infelizmente, há dois conjuntos, um, mais numeroso, o grupo dos contribuintes; o outro, mais restrito, o dos detentores de títulos de obrigações ou ações dos bancos. É o grupo dos contribuintes que paga os prejuízos.

Isto a propósito da ideia do atual governo de melhorar os racios de capitalização dos bancos com créditos fiscais equivalentes às imparidades (que eufemismo para os remendos dos desfalques) e aos planos de pensões dos empregados que não tenham transitado para a segurança social.
É curioso pensar que a concessão destes créditos equivale também a uma emissão de moeda, sendo sem dúvida mais um apoio do atual governo ao setor bancário.
Seria ainda curioso interrogarmo-nos, se se poderia "subtrair" ao passivo, de igual forma, o pagamento de complementos de reforma no metro e carris.
Ocorre-me ainda, a propósito dos fundamentalistas que diligentemente vão repetindo nos jornais que reestruturar a dívida equivale ao perdão de parte ou de toda essa dívida, o caso de um devedor que contraiu um empréstimo de 100 euros (ou 100 mil milhões...) a 10 anos, a uma taxa de juro anual de 5%.
Feitas as contas com a fórmula dos juros compostos, mas sem spreads e outras subtilezas, o devedor deverá pagar durante os 120 meses do empréstimo uma quantia de 1,06 euros por mês (ou 12,72 euros por ano, sendo 10 euros de amortização e 2,72 de juros).
Eu diria que renegociar a dívida seria por exemplo reduzir o juro para 2%.
O resultado seria uma prestação de 0,92 euros por mês (11,04 por ano, sendo 10 de amortização e 1,04 de juros).
Mas admitindo que a inflação era baixa, haveria interesse em despachar o mais depressa possivel o emprestimo. Então conseguia-se um juro de 2% a 5 anos (60 meses) e uma prestação de 1,75 euros por mês (21 por ano, sendo 20 de amortização e 1 de juros).
Resumindo:


Parece muito forçado dizer que, passando de uma taxa de juro de 5% para 2% no caso do prazo de 10 anos, tenha havido um perdão de dívida de 127,2-110,4=16,8.  A divida era de 100 e foi paga, o juro é que tinha sido previsto de 27,2 e foi de 10,4 .  Mas o juro está sujeito a variações e é possivel ao credor beneficiar com prazos mais curtos (liberta o capital para outros investimentos). Agora numa ótica de especulação compreende-se que seja dificil negociar.
Mas não devia ser assim, os bancos têm de compreender que estão ao serviço da população, não o contrário, por mais que acusem as entidades públicas de serem os culpados de todos os males (Alexandre Soares dos Santos, esquecendo o montante da divida privada e a deslocalização das grandes empresas: "O Estado é que foi o culpado").
Speculators, banksters...





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