"... os nossos problemas não são devidos a uma falha em substancia. Não fomos afetados por nenhuma praga de gafanhotos...temos bastantes recursos à nossa porta, mas a generosa utilização desses recursos enfraquece perante a oferta..." - discurso de Roosevelt em 1933, no inicio da resposta Keynesiana à depressão, tão bem ilustrada nas Vinhas da Ira ("porque não tem o Estado mais quintas destas?").
Lembrei-me desta citação ao ouvir a sobranceria da senhor ministra das finanças no Parlamento repetindo que não houve espiral recessiva. Na verdade não houve uma espiral recessiva de equação do tipo da espiral de Euler, mas entristece ver uma professora de finanças ignorar que uma depressão se carateriza por um PIB mesmo crescente mas dentro da faixa de erro das medições, pelo elevado desemprego (não ignorem a emigração, os desistentes das inscrições nos centros de emprego e os sucedâneos coo os estágios de formação) e pela subutilização da capacidade produtiva. Ainda por cima, congratula-se com o aumento das exportações e logo a seguir reconhece o maior aumento dasimportações. Isto é, se utilizasse o conceito das exportações líquidas negativas mostraria claramente o falhanço das suas politicas e a ignorancia dos fenómenos fisicos na economia. Oitavo retificativo, depois de estimar a receita por baixo e a despesa por cima, culpando o tribunal constitucional. E não precisa de se comparar com o anterior governo (igualmente criticado neste blogue por não compreender que as exportações liquidas não podem ser negativas) nem mostrar fé nas próximas eleições. Marcelo Caetano realizou eleições livres em 1969 e ganhou-as. Nem queira comparar as taxas de juro de 11% de 2011 com as de 3,5% de 2014.
A menos que me deixe fazer outra comparação. Em 1933 não houve nenhuma praga de gafanhotos, mas agora houve. São os prosélitos de Friedman, Hayek e Halberger que se espalharam como gafanhotos pelos centros de decisão financeiros, pelos governos, pelos Goldman Sachs, pelas faculdades de economia, e que ganham eleições como Marcelo Caetano.
E que recusam as propostas de união bancária e fiscal que não prejudiquem as economias periféricas (talvez entendessem o que escrevo se estudassem a lei de Fermat-Weber, que em qualquer sistema fisico entregue a si próprio os elementos dominantes tendem a tornar-se mais dominantes).
Aqui entra o sorriso de Draghi. É que não percebo se ele tem consciencia do que está a fazer. Pelo menos já reconheceu que estamos em deflação e isso não é bom. Desvaloriza o trabalho e a propriedade. Inibe os investidores porque ninguem vai montar uma fábrica para vender os produtos abaixo do custo de produção. Mas por outro lado baixa as taxas de juro. 0,05% para os bancos mas eles emprestam-me a 20%?! Acreditará que para um valor tão baixo ela pode ter o efeito de subir os preços? Não acreditará nas zonas de efeitos diferentes da lei dos rendimentos decrescentes ou, para irmos à fisica, nos gráficos com histerese ou memória não lineares? Mas se quer subir os preços porque não emite simplesmente moeda, em vez de "comprar ativos aos bancos"? Ou talvez queira silenciosamente desvalorizar o euro face ao dolar com o abaixamento das taxas de juro. Mas então porque não desvaloriza simplesmente? As economias periféricas agradeciam... as populações, claro, que os governadores, essa casta superior, não eleita, pensará doutro modo (ou não pode dizer que tambem pensa assim, para não perder os seus beneficios). Baixaria o investimento estrangeiro (que interessava se existe superavit neste momento na UE?), mas aumentavam as exportações, de toda a UE não era? Ah, os USA, a China e o Japão torceriam o nariz, será? Então porque não investem mais nas economias periféricas se naõ querem que o euro desvalorize?
It's capitalism...
PS - queria dizer espiral logarítmica equiangular de Bernoulli, não Euler
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