quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Excertos de "o capital no século XXI" de Thomas Piketty

Sinceramente, esperava da parte da direita um ataque mais fundamentado às teses de Thomas Piketty. Depois de umas tímidas críticas em que não se apresentaram argumentos ou dados concretos contra os gráficos de Thomas Piketty, apenas posições ideológicas, nada encontro.
Talvez porque seria muito trabalhoso rebatê-lo. Além de que são quase 900 páginas.
Ingenuidade a do autor, que escreveu o livro para demonstrar aos eleitores que as desigualdades crescem porque o rendimento do capital cresce mais do que a economia, e que se lerem o livro já sabem como devem votar se quiserem diminuir as desigualdades. Que escreveu o livro para os eleitores, porque dos políticos já não esperava nada ( impressionante a rigidez e a insensibilidade dos financeiros que dirigem as finanças da união europeia a ignorarem as causas das desigualdades, enquanto se recusam nas negociações com a Grécia a explicitar que flexibilidade podem ter).

1 - A força da divergencia fundamental (pág.47) :  r > g
sendo
    r   a taxa de rentabilidade do capital, isto é, a percentagem do seu valor que o capital gera em média num ano sob a forma de lucros, dividendos, juros, rendas, royalties, mais valias e outros rendimentos
    g  a taxa de crescimento anual da produção (PIB)
Analisadas as séries de dados, a conclusão é a de que, sempre que  r > g, existem forças de divergencia  que aumentam as desigualdades de rendimentos.
Por exemplo, os 10% norte-americanos mais ricos detinham 35% do rendimento nacional (PIB) nos anos 50 do século XX e cerca de 50%, a crescer, em 2010.



2 - Primeira lei fundamental do capitalismo (pág.87) : α  =  r x β  
sendo
    α   a parte em percentagem do capital no rendimento nacional  (PIB)
   β   a relação entre o capital existente e o rendimento 
Por exemplo, se  r = 5%  e  β = 600%  ,  então  α = 0,05 x 600% = 30% 
Isto é, se o património nacional equivale a 6 anos de PIB e se a taxa de rentabilidade do capital for 5% ao ano, então a parte do capital no rendimento nacional é de 30% (valor típico nos países ricos, sendo superior em Portugal, indiciando acumulação de capital apesar dos constantes protestos de descapitalização, subavaliação do PIB ou um PIB muito reduzido).

3 - Segunda lei fundamental do capitalismo (pág.250) :  β = s / g
sendo
    s    a taxa de poupança
Por exemplo, se   s = 12%   e   g = 2% , então  β = 12% / 0,02 = 600%
Isto é, se um país poupar todos os anos 12% do seu rendimento nacional e se a taxa de crescimento do PIB for de 2%, então o capital acumulado tenderá para um valor equivalente a seis anos de rendimento nacional. Um crescimento fraco conduz a uma acumulação de capital ou  ao aumento do seu peso no rendimento (poupanças elevadas não investidas conduzem a um defice orçamental).



4 - A desigualdade total dos rendimentos (trabalho e capital) no tempo e no espaço (pág.371)
Nas sociedades em que a desigualdade total dos rendimentos do trabalho e do capital é fraca, os 10% mais ricos detêm cerca de 20% do rendimento total e os 50% mais pobres cerca de 30% (coeficiente de Gini = 0,26). Nos países de desigualdade forte, os 10% mais ricos detêm 50% do rendimento e os 50% mais pobres 20% (coeficiente de Gini = 0,36 , valor semelhante ao de Portugal).
Esta é a informação que se pensa ser importante fornecer aos eleitores antes das eleições, na esperança de que não contribuam para o aumento das desigualdades.

















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