Tome-se uma empresa
com capacidade produtiva.
Se for pública,
exija-se a submissão,
com capacidade produtiva.
Se for pública,
exija-se a submissão,
ao ministério das Finanças,
do pedido de autorização de aquisições
de matérias primas,
ou ao tribunal de contas,
sem o que
ou ao tribunal de contas,
sem o que
o produto da empresa
não poderá ser concluido
e,
portanto,
portanto,
vendido;
deixe-se a burocracia atrasar o despacho do pedido;ou desencante-se
uma cláusula do caderno de encargos
de um qualquer contrato,
se possível desvantajoso para a empresa,
ou das diretivas europeias que justifiquem,
aos olhos dos ignorantes,
especialmente se ministros,
dirigentes políticos de partidos da governação,
ou seus serventuários da comunicação social,
que o negócio não possa fazer-se.
Se for privada,
arranje-se uma boa ligação a uma entidade financeira,
de preferência com um quociente core tier
(é assim que eles dizem)
que possa rebentar de um dia para o outro,
sem que ninguém o preveja,
que o core tier era tão bom...
por esgotamento dos créditos.
Então,
num caso ou noutro,
ponha-se à venda,
ponha-se à venda,
a empresa,
é o melhor para todos.
Tomem-se as devidas precauções
para os procedimentos de venda.
Se for pública,
que se invoquem as excecionalidades do código da contratação pública
(não esquecer de consultar os habituais gabinetes de consultores,
sim, esses, que diligentemente se entregam à coisa pública,
no Parlamento)
Que sejam transparentes
as candidaturas das empresas interessadas
e os leilões mais rápidos do que os concursos públicos.
Se for privada,
declare-se
a insolvência,
o risco sistémico,
o impacto negativo
sobre
o saldo orçamental,
o orçamento dos contribuintes,
declare-se
o que é virtuoso,
o que é repelente,
intervenha-se,
intervenha-se.
Então,
já pode arranjar-se quem não tenha
a mais pequena intenção
de comprar a empresa à venda,
mas que apresente o preço mais alto,
sem se esquecer de,
para satisfazer as cláusulas do caderno de encargos,
garantir que as cumpre,
preto no branco,
que isso dá muito boa impressão
junto da opinião pública,
e os governantes conseguem assim apagar a impressão
de que degradaram propositadamente,
o valor da empresa.
Mas depois,
afinal,
não cumpre o primeiro classificado.
É então,
que todos vemos,
luminosa como o tungsténio,
incandescente na atmosfera
de vácuo,
a proposta ganhadora,
a do segundo classificado.
Sim, essa,
deste ou daquela,
que atabalhoadamente
competiam
com a empresa à venda,
a invejavam,
ou, até,
a geriam sem conseguir
a maioria das ações,
como agora conseguem.
Depois se vê,
se se fecha,
ou se se aumenta
o volume de negócios.
De momento,
serve-se
em travessa comprida,
guarnecida
com cartas de despedimento.
Sem comentários:
Enviar um comentário