segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Mortalidade em janeiro de 2015


Apresentei neste blogue, em março de 2012, uma análise sobre o excesso de mortalidade relativamente aos valores médios:

http://fcsseratostenes.blogspot.pt/search?q=insa

Três anos depois, a situação não parece ter melhorado.
A ocorrência do pico da gripe e de temperaturas baixas, a redução da capacidade de resposta das unidades de saúde e das urgencias hospitalares e a redução do poder de compra da população conduziram a um pico de mortalidade (valor espetável 2500 mortes/semana, valor observado 3100)
A comunicação social tem registado depoimentos de profissionais da saúde que confirmam a redução de recursos nos hospitais e as dificuldades burocráticas para a admissão de médicos para fazer face ao aumento de procura no inverno.
Como qualquer técnico sabe, um sistema dimensiona-se para os seus picos e não para os valores médios em períodos normais.
Considerando que as despesas de saúde são cerca de 10% das despesas públicas totais, uma economia setorial de 10% representa uma economia total de 1%, pelo que é chocante o efeito negativo que tão pequena economia provoca.

Observando o registo histórico, verificaram-se picos de mortalidade semanal em janeiro de 2009, março de 2012, julho de 2013 (excesso de calor, evidencia de insuficiencia de isolamento térmico nas casas e inexistencia de programas de reabilitação habitacional elegíveis pelo QREN) e janeiro de 2015.
A existencia destes picos deveria levar  o governo a estabelecer programas a financiar pelos fundos comunitários para atenuação das causas, que vão desde a deficiente cobertura da população por médicos de família, pela falta de hospitais principais mais perto da população, pela falta de poder de compra desta para resistir ao frio e ao calor, e pela falta de isolamento térmico das habitações.
Mas não, o governo insiste na sua versão de que os cortes não têm alternativa e desculpa-se com a mentira de que tem havido maior procura por causa da gripe.
Torna-se assim cúmplice e ator principal na agressão à população e na violação dos direitos humanos relativos á saúde e dignidade da vida humana.



PS em 2 de fevereiro de 2015 - Penso que deve ainda ficar registada a desculpa do tribunal de contas para o atraso nos vistos que permitiriam contratar mais médicos ou outros recursos para melhorar a resposta ás urgencias. É intolerável (utilizo o termo da norma 50126 para designar a não aceitação de um risco, considerado como a associação da probabilidade de ocorrencia de um acidente e da gravidade das suas consequencias) a burocracia que obriga a vistos (a entidade depende assim do ministério das finanças ou do tribunal de contas que não tem conhecimento direto
das atividades, e não da entidade especializada). Nenhuma unidade produtiva pode funcionar assim. O tribunal de contas constitui-se em obstáculo (embora sirva os objetivos do governo, que são o de redução de despesas e criação de oportunidades à iniciativa privada).

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