Há tempos contei neste blogue o desabafo de uma estudante da escola secundária da Damaia, que tinha sucesso no curso profissional de hotelaria mas que não tinha seguido humanidades nem ciências porque havia palavras no português que não dominava, nem ela nem os seus pais. E que sem essas palavras era muito dificil prosseguir aquele tipo de estudos.
Este fenómeno é bem conhecido de quem estuda os problemas de inclusão social. É um fenómeno de exclusão, de discriminaçao, de ostracização dos habitantes das periferias, a que o conceito de "ranking" das escolas vem juntar um grau elevado de hipocrisia.
Todos os especialistas de educação sabem que é a capacidade educacional e financeira dos pais ou encarregados de educação que determina o grau de sucesso das escolas. Podem ser insuficientes os dados estatísticos em Portugal para fundamentar esta afirmação, mas no estrangeiro não.
Vem isto a propósito da notícia no DN sobre a professora Ane Sarinara, brasileira, numa escola da periferia de São Paulo, em Osasco.
Citações de Ane Sarinara:
- Na periferia, a policia é malvista porque usa a violencia. Mas o que tendo mostrar aos meus alunoscom as encena~çoes que monto com eles é que os traficantes, que são responsáveis por melhorias na região que o Estado abandona, também têm coisas negativas" (não esquecer que ao demitir-se da organização territorial, o Estadodeixa as mãos livres aos marginais para organizarem esse território - depois não se admirem do insucesso escolar, da criminalidade organizada e jovem)
- A escola tradicional é uma grande jaula.Os miúdos são atirados para lá, são transformados em máquinas de obedecer sem questionar, é-lhes mostrado oum mundo diferente da realidade deles.
- Não há nada de bom na profissão de professora. É-se humilhado todos os dias, não há reconhecimento. O que motiva o professor é apenas o seu ideal.
Como é semelhante a questão da educação no Brasil, em Portugal, até na Inglaterra dos hooligans e na França dos desempregados e da ausencia de inclusão em todos estes países...
http://www.brasilpost.com.br/2016/03/07/feminismo-periferia-_n_9404018.html
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