No tempo em que éramos ingénuos
e acreditávamos que os pedreiros erguiam as suas paredes tão perfeitas na sua lisura,
os médicos e enfermeiros curavam ou aliviavam os doentes,
os arquitetos desenhavam as casas e as urbanizações,
os engenheiros resolviam problemas ou criavam sistemas que respondiam às necessidades das comunidades,
os economistas arranjavam dinheiro para as coisas funcionarem ou para investimentos,
jogávamos por vezes com as palavras,
sem nos preocuparmos com a nossa ignorancia das coisas da economia,
que nem sequer sabíamos o que era um core tier ou um bail out,
e ingenuamente,
como ingénuos que éramos,
quase irrefletidamente e irresponsavelmente dizíamos:
"eles só querem emprestar-nos dinheiro para com ele lhes comprarmos os carros e ficarmos endividados"
Afinal o círculo fecha-se
e passados estes anos todos de austeridade,
que não para todos,
tem de reconhecer-se,
mas para muitos dos que se endividaram a comprar carros a quem nos emprestou,
temos de ouvir aqueles senhores sábios,
os burocratas de Bruxelas,
tão longe das realidades do nosso dia a dia,
a chamar-nos "pecadores do défice"
Que ressonância luterana de guerra de religiões que isto tem.
Mas era antes o que o senhor doutor
Vitor Constancio tinha para nos dizer
que eu quero agora destacar:
"No fundo, vamos (nós, o BCE) pagar aos bancos para que eles se endividem junto do BCE"
Isto é, aquilo que nós, os ignorantes de economia, irrefletidos e irresponsáveis,
dizíamos há tantos anos.
Fechou-se mesmo, o círculo,
e fechado continuará,
enquanto estes senhores,
que não foram eleitos,
continuarem a difundir a sua jactância e alienação das realidades do dia a dia de quem produz.
Ou como diz Pedro Marques Lopes no DN: "Os grandes coveiros do projeto europeu não são os que votaram pela saída da Reino Unido da União Europeia (sempre pode continuar na Comunidade económica europeia com livre circulação de pessoas e mercadorias, isto é, "business as usual", digo eu), são estes mui inteligentes e poderosos senhores (Daisselblum, Schauble, Regling...).
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