segunda-feira, 11 de julho de 2016

Canal Odisseia - Alterações climáticas

Discretamente, no meio da oferta do canais de televisão, retransmite-se no canal Odisseia a série premiada sobre as alterações climáticas

http://odisseia.pt/microsites/years-of-living-dangerously/episodios.html

Do episódio 4 retiro a curiosa intervenção de uma comunidade evangélica americana relacionando as obrigações bíblicas com o combate contra as alterações climáticas; o gráfico rigoroso com a correspondencia entre as erupções vulcânicas e um temporário abaixamento da temperatura global (porque as cinzas ocultam o sol) e a correspondência entre o aumento da concentração de CO2 na atmosfera e o aumento da temperatura global; a ironia do aumento da concentração de CO2 devido à queima de combustíveis fósseis provocar o degelo do Ártico e o degelo facilitar a extração de mais combustíveis fósseis; a desculpa do ambientalista John Kerry de que a proibição da perfuração do Ártico no Alaska só acontecerá no seguimento de grandes movimentos populares com esse objetivo; o fim da cultura de ostras na baía de Apalachecoa porque as ostras precisam de uma mistura de água doce e água salgada, e tem havido secas nos estados americanos a norte da baía, além de que os cursos de água são desviados (um país como os USA não tem meios para resolver um problema destes?); a justificação do governo da Gronelandia que é recordista na concessão de licenças de perfuração do Ártico, e que envia orecado aos ambientalistas: a Gronelandi não é um museu e a sua população pode mudar de vida (como se nãosoubessemos o que acontece às populações cujos decisores se entregam à monocultura do petróleo...)
Em suma, é um programa cheio de interesse.
Mas como  diz John Kerry, não há nos USA interesse popular em resolver a questão. Prefere-se deixar as grandes companhias continuar a perfurar e a beneficiar da elevadissima densidade volumica de energia que o petróleo e o gás natural têm. Enquanto os grandes fabricantes de automóveis nos vão entretendo com carros de baterias. (1 kg de gasolina ou gasóleo contem cerca de 10 kWh que produzem um trabalho de deslocação com motor térmico de cerca de 16 km; 1Kg de baterias dos atualmente mais eficientes automóveis elétricos de baterias contem cerca de 0,15kWh que graças ao melhor rendimento dos motores elétricos produzirá uma deslocação de 600  m, isto é, uma autonomia de 600 km pode ser obtida com uma bateria de 1000 kg; os progressos no fabrico de baterias de maior densidade energética permitirão no futuro para 1 Kg a produção de 1,2 km, não parecendo possível, por razões de mecânica quantica, fazer-se melhor).
Pena os grandes negócios não deixarem avançar as soluções energéticas mais "renováveis", com produção de hidrogénio por eletrólise da agua a partir de eletricidade de fontes renováveis. Já há postos de abastecimento de automóveis de hidrogénio e células de combustível na Califórnia, na Alemanha, na Croácia, mas duvido que se desenvolvam. As redes de autocarros urbanos de hidrogénio e células de combustível, apesar de já demonstrada experimentalmente a sua viabilidade, também não vingaram. Até os aviões podem ser movidos por hidrogénio (em reatores térmicos) , mas apesar das bem intencionadas conferencias como o COP21, as coisas não parecem avançar.
Como John Kerry, ambientalista nostálgico, reconhece neste programa.
Que curiosamente subtitula, vivendo perigosamente.

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