sexta-feira, 29 de junho de 2018
Portugal e o mar - 4 eventos
Da Transporte em Revista, com a devida vénia:
https://www.youtube.com/watch?v=Gx27wURhu2U&feature=youtu.be
Caro Diretor
Sempre oportuno e com análises pertinentes, o que vale aplausos.
Mas como de costume faço de velho do Restelo (de que outra maneira poderia Luis Vaz expor as suas razões sensatas sem perder a tença?). Refere o orgulho do passado, mas ele só teve relevancia porque a armada portuguesa tinha canhões tecnologicamente superiores aos dos rumes. Nos tempos que correm, os canhões são a capacidade financeira, cuja não temos.
Não tenho dúvidas em subscrever o elogio à realização destes 4 eventos (embora no caso dos cruzeiros só darei o meu aval se for discutida a redução das emissões e da produção de detritos pelos navios de cruzeiro). Mas corremos o risco , num país que só tem 9 navios mercantes (ver "Os últimos marinheiros" de Filipa Melo; será que ainda temos 9? ), de criarmos nestes eventos uma ilusão, de nos juntarmos numa hipnose coletiva em que acreditamos todos uns nos outros em ideias que não batem certo com a realidade, mas que nos dão uma sensação de pertença a um grupo coeso e com bons objetivos. Porém os objetivos só estarão acessíveis com uma estratégia sólida e resultante de uma discussão pública eficiente e com dados tratados rigorosamente (coisas muito dificultadas pela nossa capacidade inata de nos desorganizarmos e pela fé que temos em "desejados" com capacidade de liderança, por sua vez coisa que D.Sebastião demonstrou não ter) .
Como desenvolver Sines se insistem no seu carater redutor de transhipment, deixando-o desligado da rede transeuropeia ferroviária interoperável ?
Como contentar-nos com a estratégia do porto de Lisboa, perdida a hipótese do porto do Bugio-Cova do Vapor (não fechem a Golada, não, não venham para cá chorar depois, vejam a taxa de assoremento na barra), um porto do interland de Madrid...
Como ficar calado com a ausencia de ligação ferroviária à rede transeuropeia do porto de Aveiro, quando vêm depois com um prémio de consolação ilusório de "ir por Vigo" ou mais virtual ainda, ir pela margem do Douro...
Mas aplaudo os seus comentários.
Melhores cumprimentos, pedindo desculpa pelas alusões ao século XVI e, pior ainda, ao que poderia ser o século XXI.
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