sexta-feira, 29 de junho de 2018

Portugal 2030, III - comentário (participativo) sobre a opinião da Transportes em Revista

Com a devida vénia à Transportes em Revista:

https://www.youtube.com/watch?v=0a5adHz4mP4&t=2s



Temos aqui um interessante paradoxo, ou dilema, não sei bem.
Por um lado, o XXI governo é apresentado como continuador da boa prática do XIX , mas com outra metodologia (creio que se refere ao papel fundamental do PETI3+) e elogiado por, pudicamente, dizer que não quer condicionar a discussão pública apresentando soluções. E contudo, por exemplo, são conhecidas as posições rígidas e surdas aos pareceres dos técnicos não engajados sobre os compromissos sobre a rede transeuropeia core 2030 e o corredor atlantico interoperável (incluindo bitola UIC), ou sobre a expansão do metropolitano de Lisboa, para não falar nos também "ouvidos de mercador" sobre as interligações elétricas com França para rentabilizar a produção renovável (eólica, fotovoltaica, hídrica) ou sobre a necessidade de criação no Ribatejo/Oeste e Alto Alentejo de albufeiras para o regadio (apesar da boa experiencia do Alqueva), ou sobre a definição pormenorizada de um plano  de ampliação dos portos (e de construção do porto de Bugio-Cova do Vapor) ou sobre a malfadada política aero-portuária .
Por um lado, o XXI governo apela à discussão pública, mas por outro dá a entender que o objetivo é obter 2/3 de apoio parlamentar (nada a opor). Porém, por experiencia própria através de alguns contactos com deputados, tenho verificado que, apesar de muito boa vontade e alguma informação, de uma maneira geral não têm conhecimentos concretos ou experiências das questões técnicas, como no caso da mobilidade e transportes. Pelo menos é a ideia com que fiquei das perguntas que faziam. Então o dilema será: vamos respeitar as regras da democracia constitucional - compete aos partidos dizer ao governo o que deve executar, mas os deputados dependem do partido que governa e é este que diz aos deputados como devem votar. Ou , dilema, os deputados votam conforme os resultados das suas entrevistas com os técnicos que discordam da política do governo. Como sair do paradoxo/dilema?
Simples, basta cumprir o artigo 2º da Constituição da República:  "...o Estado de direito democrático visa...a realização da democracia económica, social e cultural e o aprofundamento da democracia participativa."
Salvo melhor opinião, quando se diz que os partidos têm de se entender sobre os investimentos para 2030, estão a desrespeitar o artigo 2º da CRP, o que é matéria suficiente para a intervenção corretiva dos restantes orgãos legítimos do poder.
Não  são os partidos, é a sociedade civil.
Mas não é com os métodos tipo “orçamento participativo” que ficam tão bem nas ações de “marketing”.
A coisa precisava de ser dinamizada de outras formas. Recordo alguns capítulos do livro de James Surowiecky, a Sabedoria das multidões, e uma interessante sessão de preparação de estratégias nos transportes  no tempo de António Mexia ministro das obras públicas, transportes e comunicações, em Coimbra :  ver


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