domingo, 27 de setembro de 2020

Do hidrogénio segundo os Ágora

 Penalizo-me por não ter estudado o plano do governo para o hidrogénio nem participado na consulta pública.

Aprecio portanto o trabalho condensado num video dos Ágora com uma análise crítica mas recomendando a suspensão do plano por 5 anos com monitorização da evolução das tecnologias e o investimento em produção descentralizada e localizada em pequenas quantidades.

https://www.youtube.com/channel/UCcX8ED7NcWkyvJeh6DZ1yVg

Agradeço muito o envio deste video. Inteiramente de acordo que a produção centralizada deve ser evitada, mas que a produção local, descentralizada e para aplicação nos transportes ou armazenamento doméstico é uma via a prosseguir. 

Fiquei cheio de curiosidade sobre o autor. Pela voz parece-me uma pessoa conhecida na Antena 2, mas eu tenho muito mau ouvido. Quem serão os Ágora? Pessoas de formação clássica pela escolha do nome, com carateristicas de investigação embora, como ele próprio reconhece, não seja um especialista de energia. Eu não posso dizer que seja, porque a minha especialização foi feita há quase 50 anos. Mas continuam válidas algumas leis da Física. Por isso, embora seja prudente esperar 5 anos para ver a evolução dos camioes, hidrogénio ou bateria, eu diria que, se os de bateria se revelarem superiores, foi porque alguma lei da mecanica quantica foi substituida por outra. Porquê? porque teoricamente (teoricamente, não digo que seja impossivel) o máximo que poderá melhorar-se será passar dos atuais 200Wh uteis por Kg de bateria para 1000 Wh. Isto é, atualmente um camião (ou o famoso metrobus do Mondego) para fazer 500 km terá de ter 5 a 7,5 toneladas de baterias, mais a blindagem protetora contra incendio ( o litio funde a 180º). A dividir por 5 se houver fé no futuro das baterias. Problemas das baterias: precisam de terras raras (depois de nos libertarmos dos fosseis caimos na dependencia do neodimio?); está por conseguir uma reciclagem eficaz das baterias do ponto de vista anti-poluição ou energeticamente eficiente (a energia gasta na reciclagem tem de se contabilizar na redução do rendimento de tração); conforme referido, em dias de muito calor ou de grande esforço do camião existe risco de incendio se não houver blindagem ou ar condicionado para as baterias,, além da redução do rendimento da tração (evidentemente que de acordo com o espetável a solução é o comboio com catenária). 

No caso português, em que não podemos explorar fósseis nem litio, a hipotese hidrogenio para transportes e produção localizada (ver este  ppt que fiz em 2013

https://1drv.ms/p/s!Al9_rthOlbwehzNhuEExKreHeAex                            ) 

apesar do péssimo rendimento . É péssimo mas o hidrogenio é feito com as nossas renováveis, nossas se as expurgarmos das rendas, claro, como diz o video, além de que a exportação tem de ser para a Europa, não para Espanha, por causa dos preços da chuva  do kWh em horas de vazio, e porque a França deve, do verbo dever como obrigação ou não estão na União Europeia, isto é como os comboios, fechar as centrais nucleares obsoletas - comentário, o problema das nucleares não é a segurança, que isso está dominado, o problema é o mesmo das baterias, que fazer com os residuos?. O rendimento é péssimo porque 1 kg de hidrogénio precisa de 50 a 60 kWh de energia (renovável ou não) e dele só se podem extrair 10 kWh, isto é, um rendimento entre 10 e 15%. 

Enfim, inteiramente de acordo em suspender o plano do governo, mas defendo, coincidindo com algumas das propostas do video, a aplicação do hidrogénio produzido localizadamente para transportes e armazenamento doméstico (aquecimento, por exemplo), repetindo que já náo posso considerar-me especialista mas também não tenho fé nos grandes progressos das baterias, até porque, há uns anos, o mercado automóvel tambem tinha embandeirado em arco com os diesel (que, de facto, têm um rendimento superior aos de gasolina). 

Este texto é uma maçada e se me puder informar sobre o autor, ótimo.

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