quarta-feira, 18 de agosto de 2021

Agosto de 2021, incendios no Sotavento algarvio

 16 de agosto, uma da madrugada, a 21 km a norte da ilha de Tavira e a 16 km a poente do Guadiana, na serra do Caldeirão, inicio de um incendio. Provável negligencia depois da noite de domingo, a PJ diz que está a investigar. Estava vento norte como nos dias anteriores, não muito forte, e por volta das 10.00 da manhã considerou-se o fogo dominado. Mas como vento norte cresceu, e provavelmente falhou a vigilancia atempada e o uso de aeronaves, o incendio reativou-se com violencia, progredindo para sul até à A22 e à EN125 (a cerca de 17 km). Graças ao esforço dos intervenientes e à acalmia do vento, o incendio foi efetivamente dominado às 16.00 de dia 17 de agosto.



inicio do incendio em Pernadeira e propagação para o sul



Valerá a pena recordar que a distancias inferiores a 23 km relativamente ao ponto de inicio do incendio de 16 de agosto, se verificaram incendios nos dias 5, 14 e 30 de julho e 8 de agosto, felizmente dominados rapidamente dadas as condições de vento fraco e humidade  superior a 30%. Igualmente importa referir que em 18 de agosto pelas 16.00 deflagrou novo incendo na serra do Caldeirão  a cerca de 27 km para noroeste relativamente ao ponto de inicio do incendio de 16 de agosto. 2 horas depois ainda subsistia, sendo combatido com 3 aeronaves, ignoro se alguma de grande capacidade. Felizmente, 7 horas depois o vento estava fraco (15 a 20 km/h)  e de noroeste, embora com humidade de 25%, aparentemente em fase de rescaldo. (ao mesmo tempo, desenvolve-se um incendio em Odemira)

Nota -    escrito às 23 horas de dia 18 de agosto); fonte:    https://fogos.pt/fogo/2021080035488       https://fogos.pt/fogo/2021080036098

Penso que todos os que combatem os incendios merecem o respeito e a homenagem de todos nós, mas há alguns comentários a fazer:
- a vigilancia por todo o país tem de ser melhorada, o que implicará resolver a questão dos contratos de videovigilancia, de contratação de pessoal para guarnecimento das torres de vigilancia (serviço militar? serviço cívico?), e de vigilancia por satélite (apoio da UE)
- o cadastro de propriedade tem de ser concluido
- tem de haver um plano por todo o país de aceiros com uma largura razoável (>500m?) especialmente em zonas de pinheiros e eucaliptos, mesmo em zonas de dificil acessibilidade
- em partilha com a UE tem de ser aumentado o recurso a hidroaviões de combate aos fogos preferentemente de capacidade de 12 toneladas por descarga (como o unico fabricante é russo - os Canadair são de 6 toneladas - impõe-se a UE rever a questão das relações económicas); os helicopteros e os aviões ligeiros existentes servem para despejar pequenas quantidades de água à frente das chamas para retardar a sua progressão; as descargas de 6 ou 12 toneladas permitem "abafar" as chamas; é essencial uma rápida intervenção aérea antes do incendio se tornar incontrolável
- devem ser fornecidas aos decisores nas salas de controle informações pormenorizadas sobre o regime dos ventos em cada região (no caso do incendio de Castro Marim, considerando a velocidade elevada do vento, nunca deveria ter sido dado por extinto na manhã de dia 16 de agosto)
- independentemente da questão penal, o principal objetivo da investigação das causas de um incendio deverá ser o de encontrar medidas que impeçam a repetição do fenómeno e a divulgação pública, admitindo-se que em condições de vento forte sejam proibidas algumas atividades de produção e de lazer


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